Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

Catalunha responde quinta-feira ao Governo de Madrid

23 out, 2017 - 10:36

Em causa está a invocação do artigo 155º da Constituição, anunciada no sábado pelo primeiro-ministro, Mariano Rajoy.

A+ / A-

O Parlamento da Catalunha agendou para quinta-feira uma sessão plenária, na qual vai analisar qual a melhor resposta a dar ao Governo de Mariano Rajoy.

O porta-voz da aliança “Junts pel Sí”, citado pela agência Reuters, diz que em cima da mesa está a possibilidade de avançar com um processo legal contra a aplicação deste artigo.

Esta reunião acontece após Madrid ter anunciado que vai aplicar o artigo 155º da Constituição espanhola, que retira privilégios e poderes às autoridades regionais e permite ao Governo central realizar eleições.

Com a aplicação do artigo, Puigdemont não será afastado do cargo, mas perderá as suas competências e o novo presidente da Generalitat é escolhido por Madrid.

"Se uma comunidade autónoma não cumpre as obrigações que a Constituição ou outras leis lhe imponham, ou actue de forma que atente contra o interesse geral de Espanha, o Governo [...] poderá adoptar as medidas necessárias para obrigar aquela [região] ao cumprimento forçoso das ditas obrigações ou para proteger do mencionado interesse geral", lê-se no artigo 155º, que data de 1978.

No limite do prazo dado por Madrid, Carles Puigdemont respondeu com um novo apelo ao diálogo, mas também com uma ameaça. Por carta, o líder do governo regional da Catalunha ameaçou avançar com a votação de uma declaração formal de independência no Parlamento, caso continue a haver uma recusa de diálogo por parte do governo central.

A missiva não esclareceu se o líder catalão já declarou a independência na sequência do referendo, resposta que tinha sido exigida pelo executivo de Mariano Rajoy até à passada quinta-feira.

O processo independentista da Catalunha entrou num novo momento crítico na sequência da realização, a 1 de Outubro, de um referendo pela soberania na região, considerado ilegal pela justiça espanhola. Na consulta - organizada pelo governo regional e dirigido apenas aos catalães, o que contraria a Constituição - o "sim" ganhou com 90% dos votos, mas os resultados não foram certificados por entidades independentes.

A votação ficou marcada por cargas policiais da Guardia Civil e da Polícia Nacional espanhola, que visavam impedir o referendo, uma vez que a polícia regional catalã, os Mossos d'Esquadra, não cumpriram uma ordem nesse sentido do Tribunal Superior de Justiça da Catalunha.

Tópicos
Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Vasco
    24 out, 2017 Olivença 22:18
    Os imperialistas de Madrid tudo irão fazer pela força para encurralar o mais possível os catalães, uma coisa não irão certamente conseguir que é controlar o pensamento dos mesmos, por muito que qualquer ditador imponha a sua lei nunca conseguiu controlar o que vai na mente de cada cidadão. Para a UE o que foi óptimo a aplicar na ex-Jugoslávia é pelos vistos agora péssimo para a Catalunha, bando de imbecis!.
  • João Lopes
    23 out, 2017 Viseu 20:17
    Carles Puigdemont e os seus camaradas sãos uns grandes irresponsáveis.
  • MASQUEGRACINHA
    23 out, 2017 TERRADOMEIO 19:34
    Há uma coisa que, definitivamente, não percebo, neste como em casos análogos: se a independência é, liminarmente, impossível, por ser inconstitucional, como é que são permitidos partidos que têm a independência como um dos objetivos dos seus programas? Note-se que, a haver eleições na Catalunha, nada obsta a que os partidos independentistas ganhem, ou saiam até reforçados... E depois? E quando digo "casos análogos" refiro-me, por exemplo, à existência legal de partidos que defendem exclusões e segregações e coisas que tais, claramente inconstitucionais nos seus países. No entanto, movem-se. E é assim que as inconstitucionalidades e as coisas que tais vão medrando e atravessando-se nas portas do poder. E tudo a assobiar para o lado, em nome de quê? De uma pretensa liberdade democrática e partidária, hipócrita e estúpida, que depois, no aperto, se deita às malvas, em defesa da constitucionalidade ou, pior ainda, do bem dos povos, tontinhos que não sabem em quem votam? E assim assistimos, pós-facto, ao ostracismo de partidos ou candidatos "desviantes" que, pasme-se!, conseguem ser eleitos (há exemplos na história europeia moderna); ou à ilegalização dos seus públicos programas, com base nos quais foram eleitos. E, na briosa defesa da "legalidade democrática", parece valer tudo, desde destituição administrativa de órgãos eleitos, a prisão de líderes de grupos "sediciosos", a controlo dos media, às boas e velhas cargas policiais - a ocupação militar, por que não? Tudo evitável.
  • leandro
    23 out, 2017 mogofores 15:43
    Estão a contar as armas! Madrid já devia ter prendido este MELRO.
  • Tiago Soares Pinto
    23 out, 2017 Porto 11:43
    O que o parlamento catalão tem que fazer é a Declaração Unilateral de Independência.

Destaques V+