20 out, 2017 - 18:15 • Rui Viegas
O director de comunicação do FC Porto, Francisco J. Marques, respondeu, esta sexta-feira, de forma duríssima, às declarações do homólogo do Benfica, Luís Bernardo.
Horas depois de Luís Bernardo ter dito, em Bola Branca, que os encarnados "só não estavam preparados para crime organizado", numa alusão aos dragões, o "homem forte" da comunicação portista reage de forma corrosiva.
J. Marques fala de "polvo", de "máfia", lança uma suspeita sobre o "timing" das buscas efectuadas, na Luz, a propósito do caso dos e-mails e da "preparação" das águias para as mesmas, considerando haver a necessidade de "extirpar esta gente":
"O senhor Luís Bernardo e as declarações do senhor Luís Bernardo são um bom exemplo do polvo. Como meio de defesa, larga toda a tinta que pode, para esconder o que o Benfica fez. E foi o que hoje [sexta-feira] voltou a fazer, para esconder o facto indesmentível de o Benfica, de vários dirigentes e funcionários oficiais e oficiosos estarem a ser investigados por corrupção activa e passiva."
"Como ontem foi confirmado pela Procuradoria Distrital de Lisboa. O Luís Bernardo segue a cartilha e não diz uma palavra sobre os factos que demonstram práticas que nos habituámos a relacionar com a máfia e outras organizações do género. Até hoje, ninguém do Benfica se pronunciou sobre o que está de facto em causa, que é o conteúdo dos e-mails que temos revelado", começa por referir o porta-voz azul e branco, em declarações, esta sexta-feira à tarde, a Bola Branca.
"O Luís Bernardo falava numa justiça célere, nós também o defendemos mas preferimos uma justiça mais lenta que apure a verdade e puna os infractores, do que uma justiça rápida que não chegue à verdade", acrescenta, ao mesmo tempo que rejeita outras acusações e questões "lançadas" por Luís Bernardo:
"O futebol não é o forte dele e só assim se percebe que tenha dito que o engenheiro Luís Gonçalves afirmara que o árbitro Hugo Miguel ia ter uma carreira curta. É uma mentira, uma mentira enorme, e facilmente comprovável. Também tentou atirar para os adeptos do FC Porto uma série de práticas não aceitáveis. Convém recordar que os únicos casos comprovados de agressão e perseguição a árbitros em Portugal, neste século, têm como denominador comum o Benfica. Como foi a agressão ao então árbitro Pedro Proença e a perseguição ao árbitro Jorge Sousa, e respectiva família, com vários condenados em Tribunal e todos comprovadamente adeptos do Benfica."
Benfica pronto para a PJ
Francisco J. Marques rejeita a acusação de pressão à arbitragem. "Do FC Porto isso não existe, mas parece-me evidente que quem andou a fazer isso durante muitos anos foi o Benfica", sustenta.
Horas depois das palavras do director de comunicação benfiquista e um dia após o "à vontade" do advogado encarnado perante as diligências das autoridades, Francisco J. Marques deixa entender que a SAD da Luz já estaria preparada para "receber" a PJ.
"Parece-me claro que o Benfica não está à vontade. A orquestra do Titanic continua a tocar e o Titanic está a afundar. O Benfica, supostamente, estava preparado para as buscas. Havia notícias, inclusivamente, que uma das sociedades de advogados que trabalha para o Benfica tinha preparado um 'power point' [apresentação de diapositivos] com os procedimentos [a adoptar], mas não temos nada a ver com isso. Limitamo-nos a entregar tudo à Polícia Judiciária", atira, ao mesmo tempo que "contra-ataca" com uma ideia fortíssima.
"Parece-me claro, e evidente, hoje, que o futebol português não pode albergar esta gente, com os dados que conhecemos. Estas práticas irregulares de um clube não podem contaminar toda a actividade e colocar todo o futebol português sob suspeita. É preciso extirpar esta gente, o quanto antes. O FC Porto fará sempre a defesa do futebol português. E, se para isso, tiver que tornar públicas práticas que são completamente irregulares, e eticamente muito reprováveis, para não ir mais longe, o FC Porto estará sempre na linha da frente", reforça.
[notícia actualizada às 18h57]