Tempo
|
A+ / A-

Centenas de pessoas à chuva mostram indignação por mais de 100 mortes

17 out, 2017 - 22:01

“Chega de afectos” e “Vai de férias MAI” foram algumas das palavras de ordem que se liam e ouviam na manifestação que foi organizada em menos de 24 horas, através das redes sociais.

A+ / A-

Veja também:


Centenas de pessoas juntaram-se esta noite em frente da Presidência da República, em Lisboa, para mostrar indignação pelo facto de mais de uma centena de pessoas ter morrido este ano nos incêndios.

Apesar da chuva, a adesão à manifestação superou as expectativas dos organizadores, que a convocaram através da rede social Facebook e que, como disseram à Lusa, apenas quiseram mostrar que as pessoas estão "saturadas e revoltadas" com o que aconteceu.

Centenas de incêndios deflagraram domingo e provocaram pelo menos 41 mortos e 70 feridos. Em Junho já tinham morrido mais 64 pessoas também na sequência de incêndios na zona de Pedrógão Grande.

A vigília desta noite, na qual estiveram presentes alguns familiares de vítimas mortais dos incêndios e em que alguns dos presentes empunhavam velas acesas, foi convocada em duas páginas diferentes da rede social e os seus organizadores nem se conheciam, como disseram à Lusa.

Paulo Gorjão, professor universitário, foi um deles. À Lusa disse que teve a iniciativa para mostrar pesar por mais de uma centena de mortes, mas também para sensibilizar o Presidente da República "para que faça uso dos poderes constitucionais", nomeadamente "a palavra", no sentido "de pôr um ponto final" ao que aconteceu, que "é uma vergonha".

Para Paulo Gorjão, a equipa do Ministério da Administração Interna "não tem condições para continuar" e também a Autoridade Nacional de Protecção Civil tem de ser "revista de alto a baixo".

"Tem de ser tudo revisto", disse à Lusa, acrescentando que a ministra da Administração Interna não tem legitimidade para ocupar o cargo.

Perante a grande adesão à vigília, que o surpreendeu, Paulo Gorjão concluiu: "a leitura que faço é que há uma enorme saturação das pessoas com tudo isto, uma insatisfação pela inoperância".

Nuno Pereira da Cruz, advogado, foi outro dos organizadores da manifestação, que inicialmente nem estava convocada para a Presidência. "Pensei que tínhamos de fazer alguma coisa. Criámos um grupo no Facebook e em duas horas tínhamos centenas de adesões", disse à Lusa.

Foi Jorge Santos, enólogo, amigo de Nuno Cruz, quem criou o grupo. "Foi espontâneo, sem qualquer expectativa, o que interessa foi o que senti nesse momento, e a verdade é que muitos estavam a sentir o mesmo que eu", disse à Lusa.

Nuno Cruz tem também uma leitura da grande adesão à iniciativa: "mostra que não nos resignamos, que não estamos inertes e que exigimos mais e melhor dos decisores. É demasiado grave para que não se tomem iniciativas".

Ainda que o Presidente da República estivesse fora, se fosse possível, disse Nuno Cruz, diria a Marcelo Rebelo de Sousa que "é tempo de agir e de utilizar o capital político que tem".

E Paulo Gorjão, lembrando que não foi pedida qualquer audiência ao Presidente, dir-lhe-ia, como explicou à Lusa, que os portugueses estão fartos "de beijos, abraços e selfies".

A ideia estava escrita também num cartaz de um dos manifestantes, "chega de afectos", com outros a dizer frases como "Governo do 3.º mundo", "não sou de esquerda, não sou de direita, sou por um Estado integro e com valores", ou ainda "Vai de férias MAI", numa referência à ministra da Administração Interna.

Os participantes na vigília haveriam de gritar também a frase "Vai de férias" e "Demissão", depois de entoarem o hino nacional.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • IRENE
    19 out, 2017 LISBOA 13:08
    Os meus sentimentos para quem perdeu familiares e amigos. Quanto aos incêndios, acho que quem pune tem a mão muita branda, que isto não passa de um grande negócio, é verdade. Com tantos militares nos quartéis sem fazerem nada, porque não os colocam a vigiar as florestas, como aliás já o fizeram em tempos. Iremos pagar bem caro esta desgraça.
  • maria
    18 out, 2017 Setúbal 11:43
    os meus sentimentos a quem perdeu familiares, a minha pena a quem perdeu casa, empresas trabalho de uma vida , mas não concordo com o querer da cabeça da ministra. e agora com as inundações ? um bocadinho de chuva, já há inundações, vamos pedir a cabeça de quem? dos presidentes das câmaras? dos varredores que não limpam?somos todos culpados ,o fogo queima, mata e destrói mas a chuva também não querendo-nos comparar o fogo da california ? e eles que têm meios de combate muito superiores aos nossos . estamos a brincar é com o planeta e contra a força da natureza não há nada a fazer.temos de ser mais civicos
  • Luis
    18 out, 2017 Lisboa 11:17
    A capacidade mobilizadora Pafiosa parece estar enferma.
  • Lv
    17 out, 2017 Lx 22:51
    Nao serao Estes os verdadeiros criminosos incendiarios?!
  • INCOMPETENTES
    17 out, 2017 LX 22:12
    Pergunto se a menina COnstança ainda dança? INCOMPETENTES E ASSASSINOS
  • Hugo
    17 out, 2017 lousada 22:08
    500 incêndios no domingo, mais de 300 ontem. Só a mim me parece estranho tanto incêndio?

Destaques V+