12 out, 2017 - 23:27
Começam a contar-se “espingardas” na corrida eleitoral no PSD. Esta quinta-feira ficou a saber-se que Miguel Relvas apoia Pedro Santana Lopes e que Manuela Ferreira Leite vota em Rui Rio.
Numa entrevista à SIC-Notícias, Miguel Relvas esclareceu que “neste cenário, a minha intuição vai no sentido de que Pedro Santana Lopes terá um resultado ganhador e positivo nas próximas eleições e eu, como militante, se este for o entendimento dentro do quadro que está apresentado, naturalmente que votarei [nele]".
Miguel Relvas criticou ainda algumas ideias que têm sido atribuídas ao outro candidato anunciado, o antigo presidente da Câmara do Porto, Rui Rio. "Eu não quero o PSD no Bloco Central, eu não quero a regionalização no meu país, que considero que é um fator de divisão e distorção", afirmou.
Por outro lado, o antigo secretário-geral do PSD disse até defender um pacto em áreas como a Justiça ou a Comunicação Social, mas alertando: "Que não seja um pacto para calar a Justiça, para condicionar a Justiça ou para condicionar a Comunicação Social".
Já a ex-presidente do PSD Manuela Ferreira Leite defende que "Rui Rio tem uma credibilidade superior à de Pedro Santana Lopes" para liderar o partido e apresentar-se como candidato a primeiro-ministro nas próximas legislativas.
"O Rui Rio tem bastantes mais condições porque tem uma imagem de credibilidade pelo seu percurso, não só no partido como na vida profissional", sustentou a ex-ministra de Estado e das Finanças do executivo de Durão Barroso, no seu espaço de comentário na TVI24.
Ferreira Leite aproveitou para recordar que Santana Lopes já foi o candidato do PSD ao cargo de primeiro-ministro numa eleição em que "o engenheiro Sócrates teve maioria absoluta".
"As pessoas que costumavam votar no PSD não lhe reconheceram essa credibilidade para ser primeiro-ministro", lembrou a ex-ministra social-democrata, numa referência às eleições legislativas de 2005, que deram a primeira maioria absoluta ao PS, então liderado por José Sócrates.
Manuela Ferreira Leite admitiu que Santana Lopes pode ter mais popularidade no partido, mas considerou que Rui Rio tem, do ponto de vista do país, "uma imagem mais sólida" para desempenhar o cargo de primeiro-ministro.
A ex-ministra de Durão e Cavaco Silva criticou a forma utilizada por Santana Lopes para anunciar a candidatura à liderança do PSD, no espaço de comentário que tem na SIC-Notícias.
Ferreira Leite admitiu que, para si, o anúncio de Santana Lopes foi "uma surpresa", porque há um ano tinha sido reconduzido no cargo de provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, uma instituição que considerou "importantíssima" e que, além do mais, atravessa uma "situação crítica" com a possibilidade de entrar no capital do Montepio.
Santana teria, segundo a ex-presidente social-democrata, a possibilidade de percecionar os problemas da Santa Casa, uma vez que é provedor há já alguns anos.
Quanto ao discurso de Rui Rio no lançamento da candidatura, na quarta-feira, em Aveiro, Manuela Ferreira Leite sublinhou que "marcou bem os pontos essenciais para o partido e o país".
"A ideia de recentrar o partido, de o descolar da direita, desenvolver uma política mais social-democrata, de unir as pessoas, não haver a ideia de os velhos e os novos, a ideia de que todos são úteis", foram alguns dos pontos do discurso de Rio.
O PSD vai escolher o seu futuro líder em eleições diretas marcadas para 13 de Janeiro, com posterior Congresso entre 16 e 18 de Fevereiro.
O presidente do partido desde 2010, Pedro Passos Coelho, já anunciou que não se recandidata ao cargo.