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Má qualidade do ar precipita morte de 400 mil europeus por ano

11 out, 2017 - 09:33

O transporte rodoviário, a agricultura, a produção de energia e as fábricas são os maiores poluentes. Só em Portugal 6.630 pessoas terão morrido prematuramente em 2015.

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A má qualidade do ar causa a morte prematuramente de 400.000 cidadãos da União Europeia (UE) por ano, alerta o último relatório da Agência Europeia do Ambiente (EEA, na sigla em inglês).

Só em Portugal 6.630 pessoas terão morrido prematuramente em 2015 devido à má qualidade do ar, nomeadamente às partículas em suspensão, dióxido de azoto e o ozono, de acordo com os dados do relatório.

O documento, “A qualidade do ar na Europa, relatório de 2017”, com dados referentes a 2015, indica que a maior parte das pessoas que vivem nas cidades da União Europeia está exposta a má qualidade do ar. O transporte rodoviário, a agricultura, a produção de energia e as fábricas e as famílias são os maiores emissores de poluentes na Europa.

Os resultados do relatório assentam em dados oficiais de mais de 2.500 estações de monitorização em toda a Europa indicando que houve uma ligeira melhoria da qualidade do ar, resultado de políticas dos Estados e de novas tecnologias.

No entanto as altas concentrações de poluição atmosférica continuam a ter um impacto significativo na saúde dos europeus, como poluentes como as partículas em suspensão, o dióxido de azoto ou ozono a serem os mais preocupantes.

Segundo o documento, a concentração de partículas poluentes foram responsáveis por 428.000 mortes prematuras em 41 países europeus em 2014, dos quais cerca de 399.000 estavam na União Europeia (UE).

A má qualidade do ar tem também impactos económicos significativos, aumentando os custos na área da saúde, reduzindo a produtividade dos trabalhadores e danificando os solos, as culturas, as florestas e os cursos de água.

“Como sociedade não podemos aceitar os custos da poluição atmosférica”, disse o director executivo da EEA, Hans Bruyninckx, segundo o qual é possível melhorar a qualidade do ar com políticas ousadas e investimentos inteligentes em transportes não poluentes e energia e agricultura mais limpas.

De acordo com o relatório, 7% da população urbana da UE foi, em 2015, exposta a níveis de partículas poluentes em suspensão acima do valor máximo. Se forem tidas em conta directrizes mais restritivas da Organização Mundial de Saúde (OMS) foram expostos 82% dos habitantes das cidades.

Depois, ainda segundo o mesmo documento, 9% da população urbana da UE foi exposta a níveis de dióxido de azoto acima do valor limite (78.000 pessoas em 41 países terão morrido por isso em 2014), e 30% exposta a níveis de ozono (ao nível do solo) acima do valor referência (95% segundo os valores da OMS). Mais de 14.000 pessoas terão morrido por isso em 2014, em 41 países europeus.

Apostar no transporte público

São dados que preocupam Francisco Ferreira, presidente da Associação Ambientalista Zero.

Embora os dados digam respeito ao ano passado, nas principais cidades não houve melhorias significativas. “Apesar de haver uma melhoria entre 2015 e 2016 os dados do último ano mostram uma ultrapassagem significativa nalgumas estações de qualidade do ar, por exemplo no centro de Lisboa, na Avenida da Liberdade, no Porto, zona da Campanhã, ou mesmo em Braga.”

Uma possível solução é a adopção de veículos zero emissões, mas sobretudo promover o transporte público não poluente, diz.

“É crucial fazermos a transição para veículos menos poluentes, de preferência zero emissões, mas acima de tudo é promover o transporte público, principalmente o que também não representa qualquer poluição, como é o caso do metro em Lisboa e no Porto, e no futuro os autocarros serem eléctricos e evitarem as emissões que actualmente fazem.”

“Não basta termos automóveis sem emissões, nomeadamente eléctricos, precisamos de um transporte público que garanta a mobilidade nas cidades e um ordenamento do território que facilite as deslocações das pessoas”, conclui Francisco Ferreira.

[Notícia actualizada às 14h49]

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