08 out, 2017 - 22:05 • Ana Carrilho
O presidente do Sindicato da Mestrança e Marinhagem da Marinha Mercante, Energia e Fogueiros de Terra (Sitemaq) diz que os barcos que estão a fazer a travessia do Tejo “estão muito sobrecarregados”.
“Os navios não ficam parados pela boa vontade das autoridades marítimas que vão prorrogando os prazos dos certificados de navegabilidade mês após mês. Porque se cumprissem o que devia ser feito em termos de legislação de segurança, estes quatro [navios] já não andavam. Eventualmente, um ou dois”, diz Alexandre Delgado.
Durante a próxima semana, pelo menos até sexta-feira, a Soflusa vai fazer as ligações fluviais entre o Barreiro e Lisboa apenas com quatro navios, quando idealmente seriam sete.
No entanto, há vários meses que têm sido cinco os navios a operar e agora só quatro, acrescenta o sindicalista Alexandre Delgado.
“E não sei se para a semana – porque são máquinas que estão muito sobrecarregadas – não fica mais algum [avariado]. Há barcos que já ultrapassaram em muito as horas de navegação sem revisão. Alguns estão no dobro”, refere.
O presidente do Sitemaq acrescenta que “deixou-se chegar a frota a um nível de degradação tão grande que ou vão rapidamente comprar navios já feitos – porque os que há mais ano menos ano têm que ser renovados - ou se mandam construir e nem daqui a quatro ou cinco anos existem”.
Ainda assim, o sindicalista descansa os utentes: as condições de segurança nos barcos que navegam estão garantidas.
Noutras ocasiões em que se registaram falhas na frota da Soflusa, a empresa recorreu a barcos da Transtejo. No entanto, também esta frota que faz outras ligações no Tejo tem falta de barcos.
Nos próximos dias e sobretudo nas horas de ponta não há horários: os navios atracam e ficam no cais do barreiro ou Sul e Sueste apenas o tempo suficiente para uns passageiros saírem e os outros entrarem.
O que Alexandre Delgado diz não compreender é a “passividade dos utentes que pagam o passe ou bilhete e não têm o serviço”, já nem sabem que barco vão apanhar. “Ninguém pode dizer que vai no barco das 5h05 ou das 5h10 porque pode ser o das 5h25 ou das 5h35. Num país com outro nível de consciência de cidadania seria diferente”.
A presidente da Transtejo emitiu um comunicado, na sexta-feira, em que admite que a empresa não conseguirá assegurar todas as carreiras por indisponibilidade de frota. Marina Ferreira garante que estão a ser feitos todos os esforços para repor a normalidade das carreiras.
A empresa aguardava que o navio “Damião de Góis” regressasse do estaleiro e retomasse o serviço. O navio – sabe a Renascença – devia ter sido entregue à Soflusa no sábado mas não foi.