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Detectados mais documentos falsos dentro da UE do que nas fronteiras externas

04 out, 2017 - 08:00

Redes de tráfico de refugiados são cada vez mais sofisticadas e adaptam-se facilmente às mudanças políticas. Um passaporte falso custa, em média, 3 mil euros.

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De acordo com a Europol, além do tráfico de migrantes, a fraude de documentos é uma das actividades mais comuns relacionadas com a crise migratória. Em 2016, foram detectadas mais pessoas a viajar com documentos falsos dentro da União Europeia (perto de 11 mil) do que nas fronteiras externas (cerca de sete mil).

O relatório “Análise de Risco para 2017”, da Frontex (agência da Guarda Costeira e de Fronteiras da UE) revela que há redes de traficantes de migrantes que operam como se fossem “estruturas legais na UE, como agências de viagens, para produzir documentação fraudulenta”.

Os serviços de segurança europeus sabem que “estes métodos se tornaram muito bem sucedidos para as redes envolvidas” e consideram “expectável que aumentem no futuro”.

Um relatório da Europol de Maio de 2016 indicava que, entre 2014 e 2015, cresceu de 3% para 18% a percentagem de suspeitos ligados a falsificação de documentos. E estimava que o aumento de controlos nas fronteiras e as restrições de entrada nalguns países europeus poderiam alimentar ainda mais a procura de documentos falsos e ter como efeito um aumento dos preços praticados.

O recurso a viagens aéreas é menos frequente que a via marítima ou terrestre, mas a Europol admitia no ano passado que poderia tornar-se cada vez mais mais atractivo devido ao aumento do controlo nas rotas mais usuais.

“A quantidade e a qualidade” destes documentos que circulam na UE “melhorou nos últimos anos”, aponta o relatório da Frontex de 2017. Na maioria dos casos, os traficantes recorrem a falsificadores especializados, “que normalmente trabalham com várias redes de tráfico ao mesmo tempo”. Os documentos falsos podem ser reutilizados para outras actividades criminosas.

Em Maio deste ano, a Europol desmantelou uma destas redes, no âmbito da operação “Yoghi” - iniciada em 2015, quando a polícia espanhola deteve um homem por traficar documentos contrafeitos entre Madrid e Atenas, acabando por seguir as pistas de uma rede mais vasta a operar na UE. A rede desmantelada em Maio cobrava entre dois mil e três mil euros por um passaporte ou um visto falso. De acordo com a Europol, o líder do gangue é um cidadão sírio que vivia entre a Espanha e a Bélgica.

As autoridades sabem que muitos destes traficantes operam a partir de países terceiros, mas também há bases dentro das fronteiras europeias. Foram sinalizados mais de 12.500 intermediários destas organizações em 2016, com um grande aumento de casos em Espanha, França e Itália.

De acordo com a Europol, os grupos de crime organizado envolvidos no tráfico de migrantes tornaram-se cada vez mais flexíveis e sofisticados. Antecipam acções das autoridades e adaptam-se às mudanças políticas. Alteram rotas, usam veículos todo-o-terreno, procuram transportes públicos com menos controlos. Mas usam também as vias mais controladas, como as rotas aéreas - cobrando preços bem mais elevados aos migrantes. Em 2016, 42% das detecções aconteceu em terra, 7,7% no mar e 1,9% no ar.

Entre as pessoas detectadas com documentos falsos em 2016, quase 1200 dirigiam-se à Alemanha. Destes, uma vasta maioria tinha partido da Grécia, dos aeroportos de Thessaloniki, Atenas e Heraklion. Eram sobretudo sírios, iraquianos, afegãos e iranianos.

Na leitura da Frontex, este padrão indica que, depois do fecho da rota dos Balcãs, migrantes bloqueados na Grécia recorreram a documentos falsos para conseguirem voar dentro do espaço Schengen e chegar aos destinos planeados.

Comentários
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  • Povinho
    04 out, 2017 Lisboa 08:31
    A UE com esta politicada, está a auto-destruir-se é a invasão de lixo vindo de todo o planeta, é lavagem de dinheiro, uma destruição completa, e todos aceitam este descalabro como seja tudo normal.

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