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Ordem dos Médicos admite “clima de grande tensão” e não aceita cédulas profissionais

30 set, 2017 - 18:28

Miguel Guimarães lembra que “temos o dever de assegurar, nos cuidados de serviço de saúde, aqueles que são considerados mínimos e que existem, mesmo em caso de greves".

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O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, diz que Portugal vive "um clima de grande tensão" na área da saúde e garante que nunca irá ceder e aceitar cédulas profissionais de médicos.

"Nós vivemos momentos de grande tensão na saúde e esta tensão obviamente que não é boa para o sistema, não é boa desde logo para a população portuguesa", afirmou o responsável, no decorrer do Congresso Nacional de Medicina Geral e Familiar, que terminou, em Vila Real, e que contou com a presença do Presidente da República.

Para Miguel Guimarães, "neste clima de tensão" é preciso "conseguir encontrar caminhos" e "encontrar as atitudes mais concertadas no sentido de manter a salvaguarda daquilo que são as necessidades da população".

O responsável fez ainda questão de afirmar que não se pode ceder "àquilo que aconteceu recentemente, que é entregar as cédulas profissionais numa ordem profissional". Sem o mencionar diretamente estava a referir-se ao que aconteceu com a Ordem dos Enfermeiros.

"Eu não aceito cédulas profissionais dos médicos, porque a nossa condição de médico é irrevogável, nós somos médicos para servir os portugueses. Em primeiro lugar está a vida das pessoas e, por isso, naquilo que são considerados os serviços mínimos, nomeadamente o serviço de urgência", salientou.

E continuou: "Estou a falar concretamente no bloco de partos".

"Nós temos de manter a nossa atitude em termos éticos e deontológicos, temos de respeitar as leis do país, temos o dever de auxílio para com o próximo e, portanto, temos o dever de assegurar, nos cuidados de serviço de saúde, aqueles que são considerados mínimos e que existem, mesmo em caso de greves".

O bastonário deixou ainda uma mensagem ao Governo, pedindo que se fixem os jovens médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS), porque "são fundamentais para a capacidade de inovação que o SNS tem de ter.

O responsável destacou ainda o facto de o encontro ter decorrido numa cidade do interior, considerando que se trata de um "exemplo de descentralização".

Num dia em que admitiu estar "muito atreito aos afectos", Marcelo Rebelo de Sousa disse que aceitou participar neste encontro de médicos para homenagear Francisco George, que se vai retirar da vida profissional, e ainda para recordar o seu pai, médico, que acompanhava em criança num carocha velho, que estava sempre avariado.

O Presidente da República referiu ainda que os médicos são uma "peça essencial" da rede de saúde e, dirigindo-se aos jovens clínicos presentes, disse que os esperava um "desafio e uma aventura", e salientou o seu "contributo para um Portugal melhor".

Vila Real acolheu, durante três dias, o Congresso Nacional de Medicina Geral e Familiar e, em simultâneo, o Encontro Nacional de Internos e Jovens Médicos de Família.

Organizado pela Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, o encontro reuniu cerca de 800 profissionais.

Comentários
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  • Marques Silva
    01 out, 2017 Coimbra 08:58
    Concordo em pleno com o que o bastonário da Ordem dos Médicos afirma. Contudo gostaria de saber o que diria se os médicos especialistas fossem remunerados da mesma forma que os não especialistas, durante toda a sua vida profissional. Ou também se os médicos não tivessem um regime de dedicação exclusiva, subsídio para colaborarem na formação dos médicos, coordenarem serviços, ter mais de X utentes em ficheiro, um contrato de 40 horas semanais, negociado e aprovado para receberem mais em vez das 35 horas (os outros trabalhadores do estado ficaram a receber o mesmo quando passaram de 35 horas para 40), etc. E já agora, gostaria que falasse do assunto das cédulas profissionais contextualizado nos problemas legais e éticos-deontológicos associados aos casos, ditos "esporádicos", de centenas de milhares de euros/ano recebidos em incentivos e horas extraordinárias por conta de cirurgias executadas em "horário normal" por conta do SIGIC.

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