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Autointitulado “príncipe do ilhéu da Pontinha” detido pela GNR na Madeira

25 set, 2017 - 15:18

Renato Barros comprou o Forte de São José, em 2000, e, mais tarde, percebeu que uma carta régia de D. Carlos I atribuía ao dono o domínio do ilhéu da Pontinha.

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A Guarda Nacional Republicana (GNR) deteve esta segunda-feira na Madeira o autointitulado “príncipe do ilhéu da Pontinha” por este se ter oposto a uma ordem de execução judicial de encerramento de instalações, informou o porta-voz do comando territorial.

"A GNR foi dar apoio a uma diligência processual para proceder ao encerramento das instalações [no ilhéu] e a detenção dá-se no momento em que o senhor Renato Barros se opôs à decisão", explicou Marco Nunes, sem ter mais dados sobre as instalações em causa.

De acordo com o porta-voz da GNR da Madeira, a força de segurança estava a acompanhar uma agente de execução quando teve de algemar o autointitulado 'príncipe do ilhéu da Pontinha' e conduzi-lo para o comando local.

"Aí, foi identificado e o processo foi remetido para o Ministério Público", disse, esperando-se agora os trâmites legais do processo, que deverão passar pela audição perante um juiz.

Entretanto, Renato Barros, professor de Educação Visual, permanece em liberdade. A agência Lusa tentou contactá-lo, mas até ao momento não foi possível.

Príncipe Renato I

A história do “principado da Pontinha” remonta a Agosto de 1903, quando o rei de Portugal, D. Carlos I, procedeu, mediante Carta Régia, à venda em hasta pública do Forte de São José, localizado num pequeno ilhéu junto ao porto do Funchal.

Quase cem anos depois, em Outubro de 2000, o imóvel foi adquirido por Renato Barros, sem este saber inicialmente que a Carta Régia documentava não só a venda da propriedade, como também o domínio do ilhéu.

Foi assim que o professor decidiu autodenominar-se “príncipe do ilhéu da Pontinha”.

O “principado” teve já alguns episódios marcantes, como, por exemplo, em Fevereiro de 2017, quando José Manuel Coelho, deputado eleito à Assembleia Legislativa Regional, foi pedir "asilo político" ao autoproclamado príncipe, para fugir à prisão de um ano a que tinha sido sentenciado.

"Vim fugido da República Portuguesa porque me querem prender aos fins de semana", declarou José Manuel Coelho numa chegada encenada àquele rochedo que o proprietário Renato Barros autoproclamou independente, acrescentando: "A República Portuguesa pode roubar-me o salário e tudo o que tenho, mas não me pode roubar o sentido de humor e o desejo de liberdade".

Na altura, o deputado regional também exibiu um suposto bilhete de identidade "emitido e assinado pelo príncipe Renato I".

Comentários
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  • Isabel
    25 set, 2017 Lisboa 18:07
    Dois malucos!
  • Luis Ribeiro
    25 set, 2017 Faro 16:53
    Vamos lá ver: se a carta regia determinava que a venda do imovel implicava o dominio do Ilheu, não sendo revogada tal determinação, a mesma mantem-se valida em termos legais. Creio que acontece algo de semelhante no Algarve com o chamado Principado da Fuzeta. Digo eu, que talvez em vez destas atitudes grotescas das entidades judiciais, o Estado deve-se promover junto desses proprietarios a aquisição destes bens de forma a solucionar uma questão que me parece juridica, com mais de 100 anos. Estado de Direito deveria significar o respeito pela Lei, eplos Direitos e Liberdades.
  • Judite Gonçalves
    25 set, 2017 Barreiro 16:25
    Bem é caso para dizer: "Há cada uma!"

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