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Évora. Obra de São José Operário cuida de idosos e crianças há 60 anos

22 set, 2017 - 07:46 • Rosário Silva

As celebrações do aniversário começam esta sexta-feira.

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Quando, no final dos anos 50 do séc. XX, a Igreja procurava, em Portugal, novas respostas sociais para combater a miséria em que viviam os novos sectores sociais urbanos, no Alentejo, pautado pelas duras condições de trabalho e de vida do operariado agrícola, nascia a Obra de S. José Operário, fruto do dinamismo do padre João Luís de Carvalho.

“Dadas as circunstâncias desse tempo, havia necessidade de responder às famílias operárias que não tinham onde colocar as suas crianças quando estavam a trabalhar”, conta à Renascença a actual directora desta fundação de solidariedade social, criada por iniciativa do Cenáculo das Cooperadoras Apostólicas.

“A obra começou com o serviço à infância, de uma maneira muito simples, impulsionada pelo nosso fundador, em 1957, com um grupo de 20 crianças de Évora”, recorda Teresa Pereira.

De então para cá, passaram 60 anos e a instituição foi alargando o seu campo de acção e as respostas sociais. Crianças e idosos são, actualmente, o foco de um trabalho que pretende contribuir para a promoção humana, social e cristã de pessoas e famílias com menores recursos económicos.

“Temos quatro lares, um na cidade de Évora e os outros três distribuídos pelas freguesias de Nossa Senhora de Machede, São Miguel de Machede e Montoito, para além de uma creche e jardim de infância”, explica-nos a responsável.

Uma cantina social, uma loja solidária e três centros de dia, completam as respostas da Obra de São José Operário que dá apoio a cerca de 250 utentes, tendo para o efeito 80 colaboradores.

“O monsenhor João Luís de Carvalho era assistente diocesano dos organismos da Acção Católica, movimento operário”, lembra Teresa Pereira, daí que a preocupação com as pessoas, sobretudo as mais desfavorecidas, sejam o alvo desta fundação.

“Este era o Norte do nosso fundador, perceber como se podia ir de encontro às necessidades da sociedade e dar-lhe respostas concretas”, acrescenta a directora.

Mas respostas ficam aquém das carências, lamenta a responsável que admite a existência de uma “longa lista de espera”, o que causa “uma certa dor porque não conseguimos responder a situações dramáticas que precisavam de uma resposta imediata.”

A Obra de São José Operário arranca esta sexta-feira com as comemorações dos seus 60 anos de vida. Uma eucaristia, presidida pelo arcebispo de Évora, D. José Alves, e uma Caminhada Solidária no dia 23, são pontos de um programa que se vai estender pelos próximos meses e que é aberto a toda a comunidade.

“A alegria só tem razão de ser se for partilhada, não queremos que sejam celebrações apenas para nós, mas queremos convidar as pessoas para que saibam quem somos e o que fazemos”, completa Teresa Pereira.

Monsenhor João Luís de Carvalho, o fundador da Obra de S. José

Nascido a 1 de Junho de 1909, na localidade de Figueiredo, concelho da Sertã, diocese de Portalegre-Castelo Branco, entrou no Seminário Maior de Évora em 1924 e concluiu a sua formação académica na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, onde se doutorou em Filosofia e se licenciou em Teologia e Direito Canónico.

No dia 28 de Outubro de 1934, na Capela do Colégio Inglês, em Roma, recebeu a ordenação sacerdotal pelo Cardeal D. Francesco Marchetti-Selvaggiani, então Vigário-Geral do Santo Padre para a cidade de Roma, ficando ao serviço da Arquidiocese de Évora.

Nomeado Cónego da Basílica Metropolitana de Évora, em 1937, entre outras funções, foi professor, Prefeito e Vice-Reitor do Seminário Maior de Évora, pároco e assistente espiritual da Junta Diocesana da Acção Católica e dos diversos organismos da mesma.

Recebeu o título de Prelado Doméstico de Sua Santidade (Monsenhor), como “presente” pelo 17.º aniversário da sua ordenação sacerdotal.

Foi em 1957 que fundou o Cenáculo das Cooperadoras Apostólicas e a Obra de São José Operário, Fundação de Solidariedade Social, em Évora, cuja acção sócio-caritativa se estende actualmente às localidades de Évora, Nª Senhora de Machede, São Miguel de Machede e Montoito.

Morreu a 16 de Novembro de 1991, na Casa de São José Operário, na cidade-museu, marcada até hoje pela obra em prol dos mais carenciados.

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  • Vitor Manuel Mira da
    22 set, 2017 Évora 22:35
    RAPIDAMENTE SE CHEGA Á CONCLUSÃO DE QUE OS POBRES SÃO UMA LARGA MAIORIA E QUE TIVERAM DESDE SEMPRE A PROTEÇÃO DA IGREJA CATÓLICA.

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