22 set, 2017 - 00:11
A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, considera "pouco adequada" a desvalorização feita pela secretária-geral adjunta socialista do estudo de economistas que propõem uma política orçamental "menos restritiva", registando positivamente as palavras do Presidente da República sobre estas propostas.
O estudo de economistas do 'think tank' Institute of Public Policy (IPP), entre os quais o deputado do PS Paulo Trigo Pereira, a propor uma política orçamental "menos restritiva" do que a prevista pelo Governo até 2021, voltou hoje à noite ao discurso de Catarina Martins, num comício da campanha autárquica em Aveiro.
"É pouco adequada a forma como Ana Catarina Mendes [secretária-geral do PS] desvalorizou esse estudo hoje. O Governo ganhava e o PS ganhava em ouvir vozes que estão a fazer consensos por novos modelos económicos que possam responder pelas responsabilidades sociais e pelo crescimento económico", criticou.
Mas, se para o PS houve críticas, já em relação às palavras de Marcelo Rebelo de Sousa foram feitos elogios pela líder bloquista: "registo que o senhor Presidente da República veio dizer - e bem - que é preciso responder pelas responsabilidades sociais em Portugal e que é preciso ter uma outra forma de olhar para as metas orçamentais europeias e uma outra forma de negociar os orçamentos do Estado".
"É essa a escolha que temos perante nós na negociação do Orçamento do Estado e, nos próximos tempos, se este é ou não o momento para existir um novo consenso na política económica que responda pelo défice social e que seja capaz de uma trajetória sustentada de crescimento em Portugal", antecipou.
Catarina Martins disse acreditar que "é possível, porque esse consenso é cada vez mais amplo", como se percebe "por este estudo que vem de economistas da área do PS e pelas palavras do senhor Presidente da República".
"Não é impossível, o que é preciso é determinação para fazer esse caminho. Nada seria mais trágico para o país do que, para sermos bons alunos de Schäuble [ministro das Finanças alemão], desistíssemos de ter um caminho que protegesse o nosso país", alertou.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, não falou diretamente sobre o Orçamento para 2018, mas considerou hoje que o grupo de economistas que apresentou um estudo propondo uma estratégia de maior despesa pública e menor ambição na redução do défice "traz uma reflexão muito interessante".