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Guiné Equatorial contra "tentativas de ocupação e terrorismo"

21 set, 2017 - 22:40

Teodoro Obiang denunciou também o que classificou de "acusações injustas e gratuitas contra dirigentes.

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O Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema, condenou nas Nações Unidas o que classificou de "tentativas de ocupação e terrorismo" e "acusações gratuitas" contra dirigentes para "confundir a opinião pública internacional sobre os progressos" do país.

"As ameaças à paz e estabilidade que conhecemos durante estes anos foram provocadas a partir do exterior, com tentativas de ocupação do país, assaltos de pirataria e terrorismo, que tentam desestabilizar o pacífico e democrático sistema de governo existente, tentando perturbar a paz e criar revoltas para benefício dos aventureiros caçadores de fortunas", sustentou o chefe de Estado equato-guineense na 72.ª sessão da Assembleia-Geral das Nações Unidas, recebendo aplausos por esta declaração.

Na sua intervenção, de cerca de 15 minutos, Obiang - o dirigente africano há mais tempo no poder (mais de 38 anos) - denunciou também o que classificou de "acusações injustas e gratuitas contra dirigentes [da Guiné Equatorial] e outros da sub-região, menosprezando a legalidade da soberania nacional e inclusivamente ignorando as decisões da justiça internacional".

O objetivo é, continuou, "confundir a opinião pública internacional sobre a realidade dos progressos alcançados pela Guiné Equatorial para justificar, como sempre, a intenção da chamada intervenção humanitária no país".

Teodoro Obiang salientou que a Guiné Equatorial "deu um passo gigantesco no processo do seu desenvolvimento" e estimava uma recuperação económica em 2020, mas "infelizmente, devido à crise económica, esta estratégia sofreu mudanças substanciais".

No seu discurso, à semelhança de anos anteriores, o Presidente equato-guineense voltou a vincar o respeito pela soberania nacional, consagrado na Carta das Nações Unidas.

"A Guiné Equatorial está muito preocupada porque as grandes guerras que destruíram nações inteiras tiveram como atores poderosos membros das Nações Unidas, que creem que a força armada é a única forma para impor a paz e resolver os conflitos, esquecendo-se de que a guerra nunca resolve os conflitos, mas apenas os multiplica e eterniza-os, criando a desordem, a destruição, a desolação e a ruína", considerou.

O governante sublinhou que "a guerra nunca deve ser o recurso das Nações Unidas para garantir a paz e a segurança internacionais", que só podem ser alcançadas quando "cada país desfrutar de paz interna".

Obiang transmitiu uma "profunda preocupação" pelos "numerosos conflitos armados e instabilidades sociopolíticas que arruínam a estrutura socieconómica dos Estados, precisamente pelas intervenções em assuntos internos de outros Estados, condenadas precisamente pela Carta das Nações Unidas", recolhendo mais aplausos.

O Presidente aproveitou para agradecer o apoio de "quase todos" os membros da ONU que elegeram o país como membro não-permanente do Conselho de Segurança, defendendo uma reforma deste órgão "que permita uma participação equitativa de todos os continentes e garanta os direitos de todas as nações".

O líder da Guiné Equatorial referiu-se ainda ao tratado de não-proliferação das armas nucleares, que considerou "insuficiente", alegando que deveria prever igualmente "a destruição de todas as armas nucleares, onde quer que estejam, porque a sua posse por alguns Estados faz com que outros também as queiram ter".

A Guiné Equatorial, país com cerca de um milhão de habitantes, é dirigida desde agosto de 1979 por Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, que foi reeleito em 2016 com mais de 90% dos votos para um quinto mandato de sete anos.

O Governo da Guiné Equatorial é acusado por várias organizações da sociedade civil de constantes violações dos direitos humanos e perseguição a políticos da oposição.

Teodoro Obiang e a sua família -- nomeadamente o seu filho Teodorin Obiang -- enfrentaram ou ainda enfrentam investigações por crimes de corrupção, desvio de dinheiro público e branqueamento de capitais em França e em outros países.

Descoberta por marinheiros portugueses e antiga colónia espanhola, aderiu à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) em 2014, mediante condições como a introdução do português como língua oficial e a abolição da pena de morte -- o que ainda não sucedeu, aguardando a ratificação presidencial.

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