20 set, 2017 - 01:34 • José Pedro Frazão
O antigo dirigente social-democrata Nuno Morais Sarmento está à espera de "surpresas" nas leituras nacionais das eleições autárquicas. O advogado que foi ministro com Durão Barroso já tinha avisado que, depois de 1 de Outubro, virá um "tempo novo" no partido. No programa Falar Claro da Renascença, Morais Sarmento considera que as análises nacionais das eleições locais serão inevitáveis.
"Vamos ter surpresas. Tal como vimos sindicatos do Partido Comunista a serem contra greves recentemente, se calhar, vamos ver partidos de sistema a terem um discurso à PCP no dia 1, de que ganham sempre. Vamos ter partidos à direita a dizer que ganham quando perdem", antevê Nuno Morais Sarmento no debate semanal com José Vera Jardim.
Já o ex-deputado socialista admite impactos nacionais no PSD decorrentes dos resultados das autárquicas. "A liderança do PSD não está em grande situação", constata o antigo ministro da Justiça.
Vera Jardim está igualmente expectante em relação aos resultados da CDU nestas eleições, para avaliar "em que medida o PCP vai ou não aguentar o seu poder autárquico". O comentador socialista toma nota do ataque do secretário-geral do PCP às posições da líder do Bloco de Esquerda sobre a influência dos autarcas. Catarina Martins aludiu a um "silêncio cúmplice" das autarquias em relação à alegada destruição de serviços públicos.
Que alívio fiscal?
Os comentadores do "Falar Claro" comentaram ainda o anúncio de um alegado alívio fiscal em sede de IRS em 2018 anunciado pelo ministro das Finanças.
Vera Jardim admite que, "para os terceiro, quarto e quinto escalões, não haverá nenhum alívio a não ser a queda total da sobretaxa".
Já Nuno Morais Sarmento argumenta com os custos da discriminação positiva do ponto de vista fiscal para quem menos tem.
"É bom começarmos a pensar que estamos a fazer isso à custa de 11% dos portugueses que pagam 72% da carga fiscal", afirma Sarmento, que defende que a ajuda aos mais necessitados não deve passar por uma "lógica estalinista de decapitar os que mais têm, senão chegamos ao fim e ninguém tem".