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Romance de Hélia Correia transformado em peça musicada ao vivo

15 set, 2017 - 06:40

Espectáculo começa “muito arrumada” e segue num crescendo de desordem que termina numa cena “caótica” de dança contemporânea.

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O romance de Hélia Correia “Adoecer” vai ser levado à cena pelo teatro O Bando, em co-produção com o Centro Cultural de Belém, que mistura representação com dança contemporânea.

Com estreia marcada para esta sexta-feira, a peça é encenada por Miguel Jesus e conta com os actores Miguel Moreira, Catarina Câmara e Sara de Castro, em permanência, e oito convidados.

Segundo o encenador, a peça começa “muito arrumada” e segue num crescendo de desordem que termina numa cena “caótica” interpretada por Catarina Câmara num “grande solo de dança contemporânea”.

A peça é acompanhada por música ao vivo, interpretada por três músicos – violoncelo, violeta e violino – e também música gravada, sendo o tema final, “Dança da Morte” gravado pela Bizarra Locomotiva.

O mesmo fio condutor é seguindo pela música, primeiro “de época” e no fim completamente “atonal”.

A escolha do romance “Adoecer” nasce da paixão de Miguel Jesus pelos textos da vencedora do prémio Camões em 2015, mas a sua complexidade deixou-o pela primeira vez “sem um gancho” para o começo.

Juntar duas linguagens

“O romance dispara em muitas direcções. Fui tentando encontrar um caminho: por um lado assumi que as diferenças de linguagem fazem parte da dramaturgia – a Catarina dança, o Miguel está mais direccionado para a performance e a Sara é actriz do Bando há muitos anos. Então a peça foi algo muito construído com eles e só depois de alguns improvisos comecei a escrever”, contou.

No entanto, sempre teve presente a vontade de juntar “essas duas linguagens”, a da representação e a da dança.

Por outro lado, “a questão da doença que é crescente ao longo do romance, encarámos como uma greve da saúde, uma insubordinação contra uma sociedade demasiado organizada, um sintoma de liberdade. A doença vai-se tornando mais expressiva – e Catarina fá-lo através da dança – e os outros vão-se tornando mais estáticos”.

Miguel Jesus não esconde a dificuldade que sentiu em adaptar o romance, e ao mesmo tempo o gozo que lhe deu, desde logo pela “panóplia de personagens” que surgem a todo o momento e que depois desaparecem.

“A primeira adaptação que fizemos tinha 42 convidados. Depois tive que reduzir para caberem numa hora e meia, senão seriam cinco dias de peça”, brincou o dramaturgo.

“Adoecer” tem cenografia de Rui Francisco, música de Jorge Salgueiro, figurinos de Clara Bento e Sara Rodrigues e produção de Raquel Belchior.

A peça vai estar em cena em Lisboa até segunda-feira e em Palmela entre 5 e 15 de Outubro.

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