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Hora da Verdade

Pedro Marques. "Pode ter-se criado a ideia de que há uma espécie de folga"

14 set, 2017 - 00:11 • Eunice Lourenço [Renascença] e David Dinis [Público]. Foto: Daniel Rocha/Público

Pedro Marques admite que o Governo esteja a ser "vítima do seu sucesso", com a economia a crescer e contas em ordem. Mas a consolidação tem que continuar. Nas legislativas, espera um "resultado muito bom", com "condições para governar”.

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Pedro Marques. "Era o que faltava" que consenso com PSD desestabilizasse a esquerda
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Está preocupado com a situação na Autoeuropa?

Todos esperamos que se resolva. É um projecto apoiado, ao longo dos anos, pelos fundos comunitários. É um dos grandes projectos de investimento directo estrangeiro em Portugal. E confiamos que um diálogo social e laboral adequado, agora com a eleição da nova comissão de trabalhadores, venha a conduzir a um acordo - e a que a empresa possa começar a produzir o novo modelo. É bom todos termos noção do que ali está em causa: podemos estar a falar da duplicação da produção daquela empresa no espaço de um ano. E isso pode valer 1% do PIB português.

E se isso ficar em risco?

Aquela empresa tem conseguido encontrar soluções de compromisso com os trabalhadores. Acredito que as condições se criarão, das duas partes, para que a empresa permaneça como uma das unidades mais competitivas da Volkswagen.

O PS mostrou-se incomodado com as "lutas políticas" entre PCP e BE dentro da empresa. Depois das autárquicas, acha que a situação se acalmará?

Espero, sobretudo, que passadas as eleições na comissão de trabalhadores, e com uma negociação entre as duas partes, que todos consigam dar mais futuro aquela empresa.

Este conflito na Autoeuropa, as greves de enfermeiros e juízes, isto depois de Tancos e Pedrógão. Tudo isto marca o fim da onda positiva para a chamada "gerigonça"?

Compreendo a questão. Claro que ocorreram eventos, certamente o de Pedrógão é absolutamente dramático e teve consequências profundas, desde logo naquela comunidade. Nunca desvalorizarei isso ou o facto de termos tido outro Verão difícil. Mas este Verão corresponde à consolidação de uma situação económica muito forte: mais de 200 mil empregos criados, o défice a cair, o investimento a crescer na casa dos dois dígitos, a economia a crescer quase 3% por dois trimestres consecutivos. Estamos a cumprir o que dissemos no início. Houve eventos que são sérios e que devem fazer reflectir a política pública, mas não nos desvia do caminho, no sentido de que é possível conciliar crescimento económico com coesão.

Mas há o regresso de contestação. E os líderes do BE e PCP vieram dizer que a maioria de esquerda não é repetível. Como é que lê essas declarações?

O facto é que esta maioria de esquerda está a entregar muito bons resultados ao país. E por isso é que o primeiro-ministro já disse estar muito confortável com a eventual repetição do modelo [na próxima legislatura]. No mês das autárquicas, não seria de esperar que as pessoas não afirmassem que é possível fazer mais, aqui ou acolá. Agora, que nós conseguimos juntar crescimento e criação de emprego, com recuperação de rendimentos, com aumento das pensões, com aumento das prestações sociais, com mais contratação de médicos, com uma estabilização na Educação e alargamento do pré-escolar, isso conseguimos. E dá-nos satisfação, não só a nós, como ao BE, PCP e Verdes.

Não se criou expectativa a mais para o próximo Orçamento?

Se me está a perguntar se somos um pouco vítimas dos resultados que fomos entregando, é uma boa questão e pode, num certo sentido, ter razão de ser. Se as contas públicas vão melhorando, se o emprego está a ser criado, pode dar-se a ideia de que há uma espécie de folga. Agora, não nos podemos esquecer que a trajectória que temos de recuperação da nossa sustentabilidade externa e da sustentabilidade das contas públicas tem um caminho para fazer - são conhecidos os níveis elevados da nossa dívida pública. E, por isso, a trajectória que conseguimos fazer - de crescimento, recuperação do Estado social e contas públicas em ordem, essa tem que ser a nossa resposta para o resto da legislatura.

Nas legislativas, o PS vai lutar por uma maioria absoluta?

Acho que o PS tem condições para ter um resultado muito bom nas legislativas. E que esse resultado pode ser um resultado, eu diria...

O PS tem tantas dificuldades em dizer maioria absoluta...

... que nos dê muito boas condições de governar. E mesmo assim, estamos obrigados, pelo sucesso desta solução, a voltar a desafiar os nossos parceiros para o futuro, isso com certeza que sim.

Se fosse hoje, o PS votaria Marcelo?

(risos) Não sei o que o PS faria, sei que o Presidente tem sido dos factores mais importantes para a estabilidade da actual situação económica e social do país. Trouxe um capital de confiança nas instituições importantíssimo.

Comentários
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  • Eduardo
    14 set, 2017 Lisboa 16:51
    Para mim toda esta desenfreada ideia que as coisas tão melhor, enganem-se, está tudo endividado até à raiz da cabeça. Em breve temos o FMI à porta, outravez. Depois não se queixem. Todos os dias vejo coisas que me assustam,, é só gastar, passear, carros novos de topo de gama, etc.....
  • zita
    14 set, 2017 lisboa 13:00
    Temos todos a ver com o endividamento de cada um porque depois quem paga somos todos nós! porque eu não me endividei mais do que podia, mas foi ao meu vencimento que foram, até uma taxa de solidariedade tive que pagar para aqueles que querem endividar-se à vontade contado depois com o dinheiro de quem em nada contribuiu para essas dívidas.
  • joao123
    14 set, 2017 lisboa 12:20
    O " sucesso " é o aumento da dívida pública, 250 mil milhões de euros, e não para de aumentar, ou a falência dos serviços públicos que estão a estoirar com falta de financiamento...
  • Pedro
    14 set, 2017 Lisboa 12:10
    Certos comentários metem-me nojo o que é que alguém tem a ver se me indivíduo ou vivo acima das minhas possibilidades metam-se na vossa vidinha.
  • Victor
    14 set, 2017 Lx 10:31
    Sucesso, qual sucesso?! Da mentira, da intrujice, da incompetência, da propaganda ajudada pelos 'media', da austeridade de esquerda, das cativações, dos boys, dos esquemas, de toda a triste desgraça a que temos assistido este Verão, etc. etc.???. Sucesso ....
  • Maria Manuela Nunes
    14 set, 2017 Queluz 09:54
    O sucesso de que este senhor fala vem em grande parte do trabalho do anterior Governo. O PS está simplesmente a aproveitar o que esta a ser feito. E nem o faz muito bem. Tem tido sorte.
  • ac
    14 set, 2017 lx 09:21
    Pode ter-se criado uma ideia de folga??? E de quem é a culpa???? Enquanto Passos usou um discurso e uma prática de rigor verdade, cautela e fazendo reformas estruturais necessárias mas difíceis, pensando sempre no futuro dos portugueses, esta Geringonça destrói o que foi feito sem qualquer critério acabando com a cultura de rigor poupança e reformas tão necessárias ao nosso futuro Não se queixem agora. São vitimas da vossa irresponsabilidade e os portugueses também.
  • zita
    14 set, 2017 lisboa 08:57
    Pois! Quem é que vendeu ilusões? Quem é que vendeu otimismo? Venderam numa quantidade que não tinham talvez, e agora os portugueses vão exigir aquilo que lhes venderam. se está tudo maravilhosamente bem há que distribuir por todos é um direito! Não se podem queixar!
  • Macela
    14 set, 2017 Porto 08:52
    E quem foi que criou essa ideia? Estamos outra vez como no tempo que precedeu a última eleição de Sócrates. Está tudo a entrar em roda livre. Não se percebe a euforia desenfreada que parece estar a tomar conta das pessoas. Estará toda a gente a sobreendividar-se de novo? Não vejo um aumento correspondente de salários...Esperem pela volta.
  • iFernando
    14 set, 2017 Porto 07:53
    A ideia é que após a governação PSD/CDS tudo está melhor!

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