30 ago, 2017 - 00:34
António Chora, o antigo líder da comissão de trabalhadores da Autoeuropa, mostra-se “espantado” com a greve desta quarta-feira na fábrica de Palmela.
Em entrevista ao “Jornal de Negócios”, o histórico sindicalista, ligado ao Bloco de Esquerda, acusa o sindicato SITE Sul, afecto à CGTP, de “populismo” e de estar a tentar fazer um “assalto ao castelo”.
Os trabalhadores da unidade da Volkswagen paralisam pela primeira vez em 26 anos, sem contar com as greves gerais, contra a proposta de novos horários.
Apesar da greve, António Chora acredita que ainda será possível alcançar um acordo entre trabalhadores e administração da Autoeuropa.
A greve contra os novos horários de três turnos e trabalho aos sábados foi aprovada em plenários realizados na segunda-feira, com a participação de cerca de 3.000 trabalhadores.
As compensações financeiras prometidas pela administração da Autoeuropa, um adicional de 175 euros por mês e mais um dia de férias para além das regalias previstas na legislação para o trabalho por turnos, não foram suficientes para demover os trabalhadores da Autoeuropa, que não aceitam a obrigatoriedade do trabalho ao sábado, explicou fonte sindical.
Segundo o Sitesul - Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Sul, não se trata de uma questão de dinheiro, mas da obrigatoriedade de trabalhar todos os sábados durante dois anos, com apenas dois dias de folga consecutivos de três em três semanas.
De acordo com o sindicato, os trabalhadores da Autoeuropa não receiam uma eventual deslocalização da produção do novo veículo T-Roc atribuído à fábrica de Palmela, até porque grande parte do investimento em causa foi suportado pelo governo português.
Os novos horários propostos pela administração da Autoeuropa foram previamente negociados com os representantes dos trabalhadores, mas o pré-acordo foi rejeitado por mais de 74% dos funcionários da empresa, levando à demissão da Comissão de Trabalhadores.