Tempo
|
A+ / A-

Comissão para a Igualdade encontrou vários exemplos de "segregação" nos blocos para meninos e meninas

29 ago, 2017 - 20:43

CIG publica parecer técnico que fundamenta decisão de recomendar retirada dos blocos de actividades da Porto Editora. Conheça os argumentos da CIG.

A+ / A-

A Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG) publicou nesta terça-feira, seis dias depois de recomendar à Porto Editora a retirada de dois blocos de actividades diferenciados para meninos e meninas dos 4 aos 6 anos, os fundamentos da sua polémica decisão.

A própria existência de dois blocos – um para o sexo masculino, outro para o feminino – para o mesmo grupo etário (4 a 6 anos) é considerada uma “segregação” que não permite que as meninas tenham acesso às actividades que são propostas para os rapazes, e vice-versa, reforçando assim as mensagens que são transmitidas a cada um dos sexos”.

A existência de dois blocos diferentes “contraria o princípio de igualdade de oportunidades”, diz a CIG no seu parecer técnico. A entidade recomenda à Porto Editora que reúna num só bloco de actividades as actividades.

O organismo tutelado pelo ministro-adjunto Eduardo Cabrita, responsável pela promoção e defesa da igualdade entre mulheres e homens, afirma ainda que os manuais reforçam os estereótipos de género, que indicam os "comportamentos (papéis de género) que ambos os sexos deverão exibir".

“Muito embora as actividades propostas sejam, aparentemente, semelhantes, as ilustrações apresentadas diferem consoante o sexo a que se dirigem, reforçando os estereótipos de género”, afirma a CIG.

A comissão dá vários exemplos que encontrou nos blocos da Porto Editora, editados em 2016, que vão nas cores das capas (azul para rapazes e cor-de-rosa para meninas) às imagens, “mais pragmáticas e de realização no exterior/espaço público (bolas, foguetões, carros, barcos, berlindes)” no caso dos meninos e “mais recatadas, viradas para o interior/espaço privado (bolos, adornos, bonecas, peluches)".

A cozinha e o robô

Um dos exemplos citados é uma actividade "destinada a reconhecer uma sequência lógica-temporal, em que às meninas se propõe ajudar a mãe a preparar o lanche e aos meninos que ordenem imagens de um cientista a construir um robô".

A CIG considera que a "revisão dos conteúdos deverá garantir que as imagens veiculadas nas actividades não reproduzem estereótipos de género discriminatórios. Por exemplo, uma só actividade poderá incluir meninas e meninos a pintarem um barco”.

Um dos pontos que mais polémica gerou foi a suposta diferença de dificuldade nos exercícios entre os dois blocos. A CIG leu os manuais e encontrou seis actividades com resolução mais difícil no livro para meninos e “apenas três” com resolução mais complicada no bloco para meninas.

"O facto de haver um maior número de actividades com maior grau de dificuldade no bloco de actividades para meninos poderá reforçar a ideia de que há desigualdade nas capacidades cognitivas de meninos e meninas", conclui a CIG, reforçando a ideia de que deve haver "apenas um bloco de actividades para crianças dos 4 aos 6 anos para que todas possam praticar todos os exercícios de igual forma".

A 23 de Agosto, a CIG pediu a retirada do mercado destes blocos de actividade, recomendação que a Porto Editora aceitou.

A editora disse ainda estar disponível para trabalhar com CIG no sentido de rever os exercícios que possam ser considerados discriminatórios ou desadequados nos blocos de exercícios diferentes para meninos e meninas.

Porém, a editora "reafirma que as edições em causa não foram trabalhadas sob qualquer perspectiva discriminatória ou preconceituosa, a qual é absolutamente contrária aos valores que norteiam a sua actividade editorial desde sempre".

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Manuel Lopes
    30 ago, 2017 Oeiras 12:53
    É lamentável que o Governo de Portugal, através do CIG, de uma forma ilegítima, mandatado pela perigosa e perversa "ideologia do género" (resultante da fusão da visão marxista e feminista do homem e a mulher) venha impor às famílias - substituindo-se a estas de forma muito pouco democrática - a melhor educação para os seus filhos! É preciso ficarmos atentos ao que se está a passar!
  • Fernando
    30 ago, 2017 Grandola 12:19
    Peço desculpa "BELA" por não ter lido o comentário e ter dito somente que partilho da sua posição. No início da polémica pensei tratar-se de livros de jogos, as motivações são diferentes que se revelam no interesse por determinadas atividades em prol de outras mas quando verifiquei que se tratava de exercícios em que a editora tinha feito um esforço para personalizar os livros, neste tempo em que estão a ser ameaçados, e se procurou o mal no bem fiquei desiludido.
  • Fernando
    30 ago, 2017 Grandola 11:59
    Tantos adultos a trabalharem para as crianças, é bom de ver, aqueles seres amorfos que comem tudo o que lhes dão, pensei que iriam obrigar a colar as duas versões e uma capa nova, não fosse o diabo tece-las e ir um exemplar para mãos erradas mas não, vamos aplicar o fundamentalismo europeu, que não existe no politicamente correto, e erradicar as edições.
  • Zé Povinho
    30 ago, 2017 Jardim à beira mar plantado 07:27
    Qualquer dia, e não vai tardar muito, vai ser obrigatório a mutilação genital. O meninos vão ser capados (futuros eunucos) e as meninas sem os seios. Assim, os meninos vão ficar com voz fininha igual às das meninas. Isto é surreal. Porque estas cabecinhas pensantes, querem fazer uma revolução da natureza. Pois então, o ser humano há de ser hermafrodita como os caracóis. O géneros são uma coisa esquisita a abater. É a Lei do LGBT. A revolução da esquerda caviar ! Agora há as quotas que tem que ser cumpridas. É a destruição das tradições, dos costumes dos diversos povos. Mas aposto que qualquer dia, vai ser também a cor da pele e a raça. O ADN tem que ser único, igual para todos, uniforme, sem diferenças. E quem não concordar, vai para um campo de concentração para ser reeducado. A democracia desta gente é: ou pensas como nós ou estás feito ao bife. Viva a liberdade da ditadura do pensamento único imposto. Se não concordar há de ser perseguido. Há de ser sumariamente acusado sem ter ido a tribunal.
  • Karamelo
    30 ago, 2017 Lisboa 06:39
    Abaixo a sinalética dos WCs! A mulher também usa calças! Que se criem WCs mistos sem diferenciação de género! Quero puder escolher entre mijar com um homem ao lado ou uma mulher...
  • 30 ago, 2017 03:28
    Esta comissão deveria tirar umas férias na Arábia Saudita.
  • António José Nunes C
    30 ago, 2017 Fátima 02:57
    Tudo isto é uma farsa e uma vergonha. Agora o lápis não é azul, mas a intensão é próxima da censura.
  • Fernando
    30 ago, 2017 Santo Tirso 02:57
    Estes tipos viram o Ricardo Araújo Pereira e agora estão a justificar-se. Mais lhes valia estarem calados. É preciso existir uma comissão que nos queira convencer que um homem é igual a uma mulher? Que é paga para isso, com o dinheiro dos nossos impostos?
  • Mafalda
    30 ago, 2017 Porto 01:38
    É verdade já fui educadora e as crianças ficam baralhadas quando vem que os colegas tem livros diferentes. No recreio cada um brinca com o que quiser mas na educação deve ser dada de forma igual. Quem se lembrou de fazer esses manuais o estado Islâmico?
  • Género Estúpido
    30 ago, 2017 Lisboa 00:09
    Estou em crer que a dita "Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG)" consiste num bando de tarados e pervertidos que expõe nos seus pareceres a face mais negra de cada um dos seus membros. Que coisa mais descabida e doentia este parecer. O melhor que estes tarados pseudointelectuais fazia era emigrar e ir para um país qualquer onde o pensamento é único e existe o delito de opinião por não seguir o dictak do governo autoritário. Depois se quiserem eclipsar-se para sempre agradecemos. Regime de pensamento único, que intelectuais mais pervertidos e tarados!

Destaques V+