20 ago, 2017 - 18:58
Morreu em Las Vegas, com 91 anos, o actor e comediante norte-americano Jerry Lewis. A notícia está a ser avançada pelo Las Vegas Review-Journal, que adianta a confirmação do óbito pelo agente do actor.
De acordo com a família, o actor morreu este domingo, de causas naturais. “Comediante famoso, actor e lendário animador, Jerry Lewis faleceu hoje, pacificamente, de causas naturais, aos 91 anos, na sua casa de Las Vegas, com a família ao seu lado”, lê-se num comunicado divulgado por familiares.
A sua porta-voz, Candi Cazau, adiantou que o actor morreu
pelas 9h30 de Los Angeles (17h30 de Lisboa).
Jerry Lewis nasceu a 16 de Março de 1926 em Newark, Estados Unidos. Filho de artistas de “vaudeville”, tornou-se uma estrela em 1946, quando formou parelha com o cantor e actor Dean Martin. Tornaram-se uma dupla de humoristas de enorme sucesso na década de 1950, em filmes, programas de rádio e televisão e também nos palcos. Chegaram a ter uma legião de fãs histéricos, ao estilo dos que seguiam Frank Sinatra ou os Beatles. Ao fim de uma década, a relação entre os dois terminou de forma brusca e Lewis seguiu com os seus próprios filmes.
Brincalhão empedernido, Lewis chegou a resumir da sua carreira dizendo: “Fui muito bem-sucedido a ser um completo idiota”. O segredo, afirmava, era saber manter uma boa dose de infantilidade.
“Vejo o mundo pelos olhos de uma criança, porque tenho 9 anos”, disse à Reuters em Novembro de 2002. “Mantive-me aí. Fiz carreira a partir disso. É um óptimo sítio para se estar”.
A Europa resgatou-o quando os norte-americanos se cansaram
A personagem que vestia não variava muito de filme para filme. Era o “simplório”, o “maníaco”, gritava e fazia vincadas caretas enquanto enfrentava inúmeras situações fora do seu controlo.
Fez mais de 45 filmes, em cinco décadas de carreira. Nem sempre teve a crítica do seu lado – as suas artimanhas com olhos de vesgo geravam comentários de desprezo –, mas foi um enorme sucesso de bilheteira durante algum tempo.
À medida que o seu tipo de humor foi perdendo público nos Estados Unidos, o inverso aconteceu na Europa: Lewis fazia grande sucesso em França, onde o apelidaram de “rei da loucura”. Em 1984 recebeu mesmo a Legião de Honra, o mais alto título francês – e repetiu-o em 2006, quando completou 80 anos.
Jerry Lewis explicava assim a popularidade deste lado do Atlântico: “Os franceses são muito guiados pelo lado visual, apesar de serem cerebrais. Gostam do que vêem e riem-se. Só mais tarde perguntam ‘porquê’?”
O actor tinha 87 anos quando fez um dos seus últimos filmes, “Max Rose”, que se estreou em 2013. Interpretava um pianista de jazz que questiona todo o seu casamento de 65 anos, quando descobre que a sua mulher pode ter sido infiel. Em 2016 deu ainda vida ao pai da personagem Stone (Nicolas Cage), no filme "Polícias Corruptos".
Desde cedo, o Lewis usou a sua popularidade para chamar a
atenção para algumas causas, incluindo a distrofia muscular. Organizou maratonas
televisivas de angariação de fundos que, em cerca de 40 anos, conseguiram reunir
mais de dois mil milhões dólares.