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Alimentos mais frescos e saudáveis? Portugueses criam tecnologia para evitar conservantes químicos

17 ago, 2017 - 10:46

Agentes antimicrobianos naturais são incorporados nos alimentos, sendo depois embalados e submetidos a condições mínimas de alta pressão e temperatura de refrigeração.

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Uma tecnologia para conservar os alimentos sem recurso a tratamento térmico nem substâncias químicas foi desenvolvida por investigadores do Porto com o intuito de gerar produtos mais seguros, mantendo a sua frescura e sabor.

O objectivo é "produzir de alimentos mais frescos e saudáveis, que sejam benignos tanto para a saúde como para o ambiente", disse à agência Lusa o investigador Norton Komora, da Escola Superior de Biotecnologia (ESB) da Universidade Católica, do Porto, uma das entidades responsáveis pelo projecto.

Para além disso, com este projecto, pretende-se responder "às novas tendências biológicas e ao perfil cada vez mais ‘conscious consumer’ (consumidor consciente) a nível mundial", indicou.

De acordo com o investigador, muitos dos alimentos processados são submetidos a tratamentos com altas temperaturas (alguns acima dos 70 graus centígrados), como a pasteurização, com o propósito de reduzir ou eliminar a carga microbiana potencialmente nociva à saúde dos consumidores, garantindo a sua segurança alimentar.

No entanto, apesar de a aplicação do calor proporcionar um "alimento seguro", esta tem "um impacto negativo nas características associadas à sua frescura e sabor".

A tecnologia, desenvolvida no âmbito do projecto Bio-Cold Pasteurization, promove a inactivação microbiana através da utilização sinérgica de agentes antimicrobianos naturais e alta pressão, a uma temperatura máxima de 20 graus centígrados.

Numa primeira fase, explicou o investigador, os agentes antimicrobianos naturais são incorporados nos alimentos, sendo depois embalados e submetidos a condições mínimas de alta pressão e temperatura de refrigeração.

A tecnologia, que demorou cerca de dois anos a ser desenvolvida, pode ser aplicada a uma vasta gama de alimentos, "diferenciando-se pela sua capacidade de gerar uma multiplicidade de ‘cocktails' de agentes antimicrobianos, formulados à medida, que levam à inativação de diversos agentes patogénicos em diferentes tipos de alimentos", acrescentou Norton Komora.

A ideia para este projecto surgiu da necessidade de atingir a ausência de bactérias patogénicas em alimentos tradicionais que não podem sofrer processamento térmico, pois perdem as suas principais características, como é o caso dos queijos de leite cru, dos produtos de charcutaria frescos e fermentados e dos mariscos.

Para além de Norton Komora participam no projecto os investigadores Cláudia Maciel, Paula Teixeira e Sónia Marília Castro, da ESB, e Jorge Saraiva, do Departamento de Química da Universidade de Aveiro.

Comentários
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  • Maria Manuela Nunes
    18 ago, 2017 Queluz 10:27
    Ainda bem que temos pessoal a trabalhar para o bem de todos. Parabéns aos nossos investigadores tantas vezes menosprezados por quem os devia incentivar.
  • João Pestana
    17 ago, 2017 Agueda 22:19
    E foram os totós dos tugas que criaram tal tecnologia ? Duvido muito, eram necessários neurónios e isso não existe no rectangulo.

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