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América diz a Trump que "não há neonazis bons"

16 ago, 2017 - 21:11 • Ricardo Vieira

Presidente defendeu manifestantes racistas e enfrenta uma nova crise no seu ainda curto mas polémico mandato.

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Senadores republicanos e democratas, antigos presidentes dos Estados Unidos e líderes estrangeiros demarcaram-se da posição de Donald Trump sobre os recentes confrontos com elementos de extrema-direita, no dia em que se realizaram as cerimónias fúnebres da mulher morta num ataque em Charlottesville, na Virgínia.

O Presidente norte-americano voltou a falar do caso na terça-feira e reacendeu a polémica. Disse que "há boas pessoas em ambos os lados" e também culpou os "dois lados", colocando ao mesmo nível os manifestantes de extrema-direita e activistas anti-racismo que se envolveram em cenas de pancadaria.

Na origem do mais recente caso de tensão racial nos EUA estão os planos para retirar de Charlottesville a estátua de Robert E. Lee, um general que na guerra civil liderou as tropas do sul defensoras da escravatura.

Trump tem sido criticado mesmo por destacados membros do seu partido. Mitch McConnell, líder da maioria republicana no Senado, defende que “as mensagens e ódio e fanatismo” de supremacistas brancos, do Ku Klux Klan e de grupos neonazis não são bem-vindas em qualquer lugar dos Estados Unidos.

“Não podemos ser tolerantes com uma ideologia de ódio racial. Não há neonazis bons e quem apoia as suas posições não é um defensor das liberdades e dos ideais americanos. Temos todos a responsabilidade de nos levantarmos contra o ódio e a violência, onde quer que este mal surja”, disse Mitch McConnell.

Num comunicado conjunto, os antigos presidentes George H.W. Bush e George W. Bush declararam que “a América tem sempre que rejeitar o fanatismo racial, o anti-semitismo e todas as formas de ódio”.

O antigo Presidente Barack Obama citou Nelson Mandela no Twitter, para condenar o discurso de ódio: “Ninguém nasce a odiar uma pessoa por causa da sua cor, o seu passado ou a sua religião."

O governador do Ohio, o republicano John Kasich, lembra que não há equivalência moral entre o Ku Klux Klan, os neonazis e as outras pessoas.

“Isto é terrível. O Presidente dos Estados Unidos tem que condenar estes grupos de ódio”, apelou John Kasich em declarações à televisão NBC.

O governador considera que Trump está a dar trunfos a estes movimentos e licença para realizarem novas acções nas ruas dos Estados Unidos.

Militares e Reino Unido não toleram racismo

Os militares são conhecidos por ficarem à margem da política, mas desta vez o chefe do Exército, o general Mark Milley, pronunciou-se sobre a polémica.

“O Exército não tolera o racismo, o extremismo ou o ódio nas nossas fileiras. É contra os nossos valores e tudo o que defendemos desde 1775”, escreveu o general no Twitter.

Os incidentes de Charlottesville já saltaram fronteiras. A primeira-ministra britânica, Theresa May, foi questionada pelos jornalistas sobre o caso e respondeu que “não vê equivalência entre quem professa ideais fascistas e quem se opõe a eles”.

“É importante que quem ocupa posições de responsabilidade condene as ideias de extrema-direita onde quer que as ouçamos”, disse Theresa May.

O secretário-geral das Nações Unidas também condenou o racismo e a xenofobia. Numa mensagem publicada na última noite na rede social Twitter, António Guterres escreve que “o racismo, a xenofobia, o anti-semitismo e a islamofobia” estão a “envenenar as nossas sociedades”.

A reacção de Donald Trump aos confrontos de Charlottesville levou à demissão de vários conselheiros económicos. Na resposta, o líder norte-americano decidiu esta quarta-feira acabar com dois grupos de apoio ao Presidente.

O vice-presidente, Mike Pence, saiu esta quarta-feira em defesa de Donald Trump. Garantiu que a Casa Branca não vai permitir que uma pequena minoria divida a maioria dos americanos.

O antigo líder do movimento supremacista branco Ku Kux Klan, David Duke, agradeceu a "honestidade" de Donald Trump, numa reacção à declaração de terça-feira.

“Mataram a minha filha para a calar, mas amplificaram a sua voz”

Centenas de pessoas marcaram esta quarta-feira presença nas cerimónias fúnebres da vítima de um ataque em Charlottesville, no estado norte-americano da Virgínia.

Heather Heyer participava numa manifestação contra a extrema-direita quando foi mortalmente atropelada, no sábado, num ataque levado a cabo por James Fields, um admirador de Adolf Hitler e dos ideais nazis.

A vítima tinha 32 anos e era auxiliar jurídica. Os colegas recordam Heather como uma pessoa dedicada à justiça social.

Durante as cerimónias fúnebres, a mãe de Heather, Susan Bro, deixou uma mensagem aos radicais: “Quiseram matar a minha filha para a calar, mas amplificaram a sua voz”.

Susan Bro espera que a morte da filha não seja em vão e que sirva para a América estar atenta e indignar-se contra os movimentos racistas.

Depois destas palavras o Paramount Theater, onde decorreu a homenagem, ficou em silêncio e ouviu-se o tema "Amazing Grace", com o som do mar em fundo, evocando a viagem dos escravos para a América.

O governador da Virgínia, Terry McAuliffe, e o senador democrata, Tim Kane, marcaram presença nas cerimónias da vítima do ataque em Charlottesville.

Comentários
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  • natalia gomes
    18 ago, 2017 14:41
    Cada vez que este homem sem ideias, pobre em inteligência, com assessores do seu nível (só pode!),debita para o mundo tudo o que é contra os direitos humanos, a liberdade de expressão, o pensamento livre sem barreiras/muros,julga os homens pela sua religião, cor e política, sentimos que estamos a andar para trás na evolução do ser humano, há um retrocesso civilizacional, que perguntamos como é possivel a América ter chegado a este ponto? O que dirão os que colocaram este perigoso homem nas Casa Branca? Há coisas com que não se brincam pelas consequências no futuro da humanidade e pela paz entre os povos, seja em que lugar do planeta. Saber que o mundo tem nas mãos de um irresponsável o simples clicar de um botão que pode alterar a vida na terra e nas sociedades, tem que mobilizar o mundo e os americanos contra esta mentira chamada Trump!!! os que votaram tambem devem mostrar que estão incrédulos, venham para a rua gritar e lutar pelos valores da liberdade.
  • Horacio
    17 ago, 2017 Lisboa 22:10
    Os nazistas foram as ruas a gritar morte aos judeus, morte aos negros, morte aos imigrantes . Isso por si só já é motivo para nao serem bem recebidos . Mas existe também o contexto histórico do perigo que os nazistas e o ku klux klan representam a toda a sociedade. Esta gentalha tem de ser combatida logo e com rigor . os comentários de Trump foram uma afronta a todos os americanos de cor aos judeus aos soldados que lutaram para derrotar o nazismo e a todas a famílias dos que faleceram na segunda guerra mundial. Retirar as estátuas de indivíduos que não só lutaram para manter seres humanos na escravidão mas depois da guerra se envolveram em genocidio e intimidação devem sim ser retiradas.da mesma forma que os símbolos nazistas e estátuas do hitler também foram retirados na Alemanha . Homenagear racistas e assassinos em espaços públicos não preservar a história é promover uma ideologia de ódio . Imaginem por exemplo ter que mandar seus filhos para estudar numa escola que homenageia um homem que escravizou portugueses ou cometeu crimes contra portugueses..pois é isso que acontece com muita gente de cor no sul dos Estados Unidos são obrigados a ir para escolas com o nome destes criminosos. São obrigados a ver a estátua de um home que chamou seu compatriotas a matarem 1000 negros ,isto depois de perderem a guerra. Mas o odeio não é só contra negros ou judeus e contra portugueses também ou qualquer pessoa que seja diferente deles. O nazismo é inaceitável .ponto nao há desculpas.
  • Qqq
    17 ago, 2017 Lisboa 18:14
    Francamente! Ele não defendeu manifestantes racistas, defendeu pessoas que tinham o direito de se manifestar contra a destruição da sua História. E condenou e bem o extremismo de KKK, Neonazis, Black Lives Matter e Antifa, que são todos organizações terroristas que lá apareceram. Mas parece que o Sr. Ricardo Vieira está confortável com o terrorismo de esquerda e até escreve um artigo cheio de falsidades para iludir os incautos. Lamentável!
  • Kat
    17 ago, 2017 Lisboa 18:11
    Trump bem pode dizer que o Sol é azul do céu é amarelo que qualquer demonstração científica em contrário é "FAKE NEWS!" e lá vêm meia dúzia de apoiantes dizer que "ele diz como é", "abaixo o politicamente correcto", idem idem aspas aspas, numa pseudo-adrenalina de que "ai-que-eu-sou-tão-anarquista-e-tão-contra-o-sistema" . Este senhor é um sério doente mental que tem acesso ao maior armamento existente. Um mero "tweet" deste empresário é capaz de mandar metade do mundo num suicídio colectivo. E a outra metade, enquanto é lixada à grande, vai continuar a berrar "MAS OS E-MAILS DELA!! KILLARY!! BENGHAZI!! OBAMA NASCEU NO QUÉNIA!!" . É altamente perturbador que ninguém seja capaz de defender uma única coisa que este pseudo-político diga a sem recorrer a um ex-presidente e a uma ex-candidata. Como se soubessem que não há defesa possível,mas va
  • 17 ago, 2017 évora 12:16
    E OS OUTROS SÃO MELHORES ?
  • VIRIATO
    17 ago, 2017 CONDADO PORTUCALENSE 11:53
    Grande Trump,põe na ordem uma América doente que mais não é hoje em dia o reflexo da governação de um negro (obama),que mais não fez do que passar paninhos quentes sobre uma raça que vive de expedientes,tais como,aqueles que quando querem mamar dos descontos dos que trabalham para alimentar os "fare niente" do r.s.i. lá do sítio,vêm com a proclamada conversa do RACISMO.Neo nazis, extrema direita, racistas, não são mais que estereótipos criados pelo jornalixo vigente e que desinforma e envenena quem todos os dias procura ser informado e não desinformado.Estes movimentos mais não são do que a consequência de o cidadão comum estar farto desta trampa, em que as minorias impõem à maioria comportamentos anti civilização e que vão contra os princípios que têm que nortear a construção das civilizações.Mais...os kkk e outras organizações desse tipo são "abutres", que se aproveitam dessa mesma saturação que a maioria sente desta pouca vergonha, para cavalgar esse tipo de doutrinas. Tenho pena mas as autoridades vão abrir os olhos da pior maneira e mais dolorosa. Quanto aos que vêm defender a cultura negra, que aconselhem esses mesmos negros a começar a preocuparem-se com os países de origem governados por oligarcas esclavagistas dos seus próprios povos que impõem ditaduras assassinas que comparada com a pseudo-ditadura de Salazar, é o dia e a noite.Vêm aí dias difíceis, e o jornalixo tenta vender o contrário.Viva Portugal e os verdadeiros Portugueses.
  • Mario
    17 ago, 2017 Portugal 10:57
    Os media e que fomentam as discórdias com escritas e dizeres tendenciosos sem o mínimo de escrúpulos, ou ética jornalística. Deviam era ser imparciais nos seus comentários e nao tomarem posicoes nem partidárias nem ideologias. A meu ver o jornalismo praticado nos dias de hoje e tendencioso e muito perigoso desprovido de qualquer ética ou verdade. Muitos jornaleiros tentam e criar sensação, para maior venda conduzindo em erro muitos leitores e despertando neles os seus piores instintos.....
  • António Américo Pime
    17 ago, 2017 Vila do Conde 09:18
    Não há neo-nazis bons e não merecem respeito, mas também , é verdade que muitos dos que agora atacam são defensores da morte de muitos inocentes no aborto. Vamos lutar pela justiça em todas as nossas vidas.
  • Madala
    17 ago, 2017 Évora 07:58
    Não há bons nem na extrema direita e nem na extrema esquerda. A porcaria é a mesma...
  • sergio santos
    17 ago, 2017 Paço de Arcos 02:55
    Como é possível um individuo como Trump ser presidente dos EUA?.......

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