05 ago, 2017 - 00:18
As ondas de calor poderão provocar em Portugal mais de quatro mil mortes anuais perto do final do século, segundo projecções de um estudo divulgado na publicação científica The Lancet Planetary Health.
O estudo, realizado por investigadores do European Commission Joint Research Centre, da Comissão Europeia, nomeadamente pelo português Filipe Batista e Silva, analisa os efeitos de ondas de calor e frio, incêndios florestais, secas, inundações e tempestades de vento nos 28 países da União Europeia, na Suíça, na Noruega e na Islândia.
Os cientistas avaliaram 2.300 registos de desastres naturais de 1981 a 2010, incluindo o tipo de desastre, o ano e o país onde ocorreu e o número de mortos causados, para estimar a vulnerabilidade da população a cada um dos fenómenos climáticos severos.
Posteriormente, combinaram os dados com projecções de como as alterações climáticas podem progredir e de como as populações podem aumentar ou migrar entre 2071 e 2100.
Para Portugal, as estimativas apontam para um aumento do número de mortes resultantes de ondas de calor, de 91 por ano, no período 1981-2010, para 4.555 anuais, em 2071-2100.
As ondas de calor são, de acordo com o estudo, o fenómeno meteorológico mais letal para o país.
As projecções foram calculadas partindo do pressuposto de que não haverá redução das emissões de gases com efeito de estufa e melhorias nas medidas que ajudem a diminuir o impacto dos fenómenos meteorológicos extremos, como planeamento urbano, uso sustentado do solo ou isolamento térmico de edifícios.
O estudo ignora os efeitos do envelhecimento da população ou do crescimento económico, que podem alterar o impacto dos desastres naturais nas pessoas.