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Chamas consumiram mais de 128 mil hectares até 31 Julho

04 ago, 2017 - 08:00

Registaram-se 1.925 incêndios e 6.614 fogachos - o 5.º valor mais elevado em 10 anos, segundo dados do relatório provisório do Instituto da Conservação da Natureza.

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Os incêndios florestais consumiram este ano mais de 128 mil hectares até final de Julho. É a maior área ardida no mesmo período na última década e quase cinco vezes mais do que a média anual dos últimos dez anos.

De acordo com o relatório provisório do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), relativo ao período entre 1 de Janeiro e 31 de Julho, registaram-se 8.539 ocorrência (1.925 incêndios florestais e 6.614 fogachos), o 5.º valor mais elevado em 10 anos.

A base de dados nacional de incêndios florestais regista um total 128.195 hectares de área ardida de espaços florestais, entre povoamentos (76.422ha) e matos (51.773ha).

Até 31 de Julho de 2017 há registo de 556 reacendimentos, menos 12% do que a média anual do período 2007-2016.

O distrito mais afectado no que se refere à área ardida é Leiria, com 20.348 hectares, cerca de 16% da área total ardida até à data, seguido de Coimbra, com 18.045 hectares (14% do total) e de Portalegre, com 17.437 hectares (14% do total).

O distrito de Leiria foi afectado pelo grande incêndio de Pedrógão Grande, onde morreram mais de 60 pessoas e arderam 20.072 hectares de espaços florestais (cerca de 98,6% da área ardida no distrito).

Os distritos de Porto (1.846), Braga (990) e Viseu (882) foram os que tiveram mais ocorrências, mas estas foram maioritariamente fogachos, ou seja, não ultrapassaram um hectare de área ardida. No caso específico do distrito do Porto a percentagem de fogachos é de 90%.


Da análise do índice de severidade diário (DSR), acumulado desde 1 de Janeiro, o relatório do ICNF indica que 2017 é o terceiro ano mais severo desde 2003, abaixo dos anos de 2005 e 2012.

“Face às condições meteorológicas adversas, favoráveis à propagação de incêndios florestais, a ANPC [Autoridade Nacional da Protecção Civil] decretou, até à data, 37 dias de alerta especial de nível amarelo ou superior do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais (DECIF), dos quais 27 durante o mês de Julho”, acrescenta o documento.

O mês de Julho lidera este ano com a maior área ardida em Portugal continental (68.632 hectares) que representa mais de 50% da área ardida até à data.

Quanto aos grandes incêndios (com área total igual ou superior a 100 hectares), até ao dia 31 de Julho registaram-se 60, que queimaram 112.988 hectares de espaços florestais, cerca de 88% do total da área ardida.

O maior desta categoria de incêndios foi o que teve início na Várzea dos Cavaleiros, na Sertã (Castelo Branco), no dia 23 de Julho, que queimou 29.162 hectares. Logo depois surge o grande incêndio de Pedrógão Grande (Leiria), com 20.072 hectares de área ardida.

Segundo dados do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, o pior ano em total de área ardida nos últimos dez anos aconteceu em 2016, quando o fogo consumiu mais de 160 mil hectares.

Quase 79% de Portugal continental encontrava-se em Julho em situação de seca severa e extrema, segundo o boletim climatológico do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, que ponta um ligeiro desagravamento da seca severa (passou de 72,3% para 69,6%) e um pequeno agravamento na seca extrema (passou de 7,3% para 9,2%).

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Mais de 6.700 hectares de áreas protegidas

Mais de 6.700 hectares de áreas protegidas arderam nos incêndios deste ano.

O Parque Natural do Douro Internacional apresenta a maior extensão de área afectada (2.791,8 hectares, o equivalente a 1,6% da área total do parque).

O relatório destaca também o Parque Natural Regional do Vale do Tua, com 1.784,3 hectares de área ardida (7,2% da área total).

Arderam também 4,5% (149 hectares) da Paisagem Protegida da Albufeira do Azibo, em Macedo de Cavaleiros e Bragança, 3,80% da área do Parque Natural do Alvão e 3,20% do Parque Natural da Peneda-Gerês.

De acordo com o ICNF, a área protegida mais afectada face à sua extensão foi o Monumento Natural das Portas de Rodão, com 60% de área destruídos pelas chamas (579 hectares).

Segundo a mesma fonte, não há qualquer área afectada pelos fogos em matas nacionais, estando a totalidade da área ardida integrada em áreas de perímetros florestais e terrenos baldios sujeitos ao regime florestal. As áreas protegidas terrestres ocupam 712,5 mil hectares e os terrenos submetidos ao regime florestal 523 mil hectares (55 mil em matas nacionais e 468 mil em perímetros florestais).

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  • real
    04 ago, 2017 PORTO 10:53
    Vergonha, vergonha, vergonha... Aqui está a demonstração de que algo está errado no nosso país. Movem-se muitos interesses em torno desta desgraça. Estamos perto de eleições autárquicas e muitos interesses políticos também incendeiam. Porque razão não se entrega a responsabilidade da gestão florestal às Freguesias, Concelhos e Autarquias? Para que serve a centralização? Quanto se gastava com os Guardas Florestais? Quanto se gasta agora neste aparato todo? Portugal está a dar uma péssima imagem de si mesmo. Eu quando vejo nas notícias ou ouço falar, desligo logo, para mim é um assunto que mete nojo.

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