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Idanha-a-Nova acolhe maior acampamento escutista de sempre. E Marcelo também vai

30 jul, 2017 - 23:45 • Ângela Roque

Encíclica do Papa sobre a salvaguarda do meio ambiente inspirou o mega-encontro que decorre em Idanha-a-Nova, diz o chefe nacional do Corpo Nacional de Escutas em entrevista à Renascença.

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Vinte e dois mil participantes são esperados no maior acampamento de escuteiros realizado em Portugal, que arranca esta segunda-feira, em Idanha-a-Nova. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vai passar por lá no dia de abertura.

“Abraça o Futuro” foi o tema escolhido para esta 23ª edição do acampamento nacional (Acanac), que depende do serviço voluntário de três mil chefes, dirigentes e animadores adultos, e que vai transformar aquela localidade da Beira Baixa numa verdadeira “cidade escutista”.

Será a maior actividade em campo realizada até hoje pelo Corpo Nacional de Escutas (CNE), os escuteiros católicos portugueses, que até dia 6 de Agosto vão estar envolvidos numa série de actividades ligadas à defesa do ambiente.

Em entrevista à Renascença, o chefe nacional do CNE, Ivo Faria, explica que foi a encíclica do Papa “Laudato Si”, sobre a salvaguarda do meio ambiente, a inspirar o imaginário para o Acanac 2017.

A iniciativa vai transformar o campo escutista de Idanha-a-Nova numa verdadeira “cidade”: construído para receber eventos desta dimensão, o campo tem uma arena para 25 mil pessoas, vai ter cinco mil tendas montadas, dois supermercados e dois restaurantes, e há 320 canoas e cinco mil coletes salva-vidas disponíveis para as várias actividades previstas.

Com idades dos 6 aos 22 anos, lobitos, exploradores, pioneiros e caminheiros vão ser acompanhados por três mil chefes e animadores adultos, alguns deles voluntários nos vários serviços em campo, que passam por garantir milhares de refeições diárias, assistência médica e de enfermagem, e 300 “workshops” ao longo de toda a semana.

Ivo Faria garante que está tudo a postos para este Acampamento Nacional. Em época de incêndios essa é, naturalmente, uma preocupação, mas o responsável nacional do CNE garante que está tudo assegurado em termos de prevenção e resposta.

Este ano o tema escolhido para o imaginário do acampamento foi "Abraça o Futuro". Por que escolheram este tema?

Por duas razões, a primeira porque considerámos que o tema tinha uma ligação quase que perfeita com o texto que o Papa Francisco nos deixou, a encíclica ‘Laudato Si’, e que portanto era um mote muito interessante para desafiarmos os nossos jovens a cuidarem daquilo que é de todos nós. A segunda razão foi porque gostamos que as nossas crianças e jovens tenham a consciência de que, de facto, podem fazer a diferença, podem ajudar a construir e a transformar o mundo que os rodeia, daí o "Abraçar o Futuro", sermos capazes de pensar cada vez mais nos outros, no meio ambiente, nas nossas comunidades, no fundo em sermos mais amigos do futuro de todos.

Essa não é uma preocupação permanente dos escuteiros?

Sempre, sim, liga muito bem com o nosso próprio “core business”, chamemos-lhe assim, de desenvolvimento integral dos nossos jovens e das nossas crianças.

Com este imaginário, que actividades é que estão previstas? São sobretudo ligadas à natureza?

Há de vários tipos. Há, de facto, actividades mais ligadas à natureza, que nos põem em contacto com a natureza, com Deus, que nos rodeia naquilo que nos encontramos de tão belo neste mundo, e há um conjunto de actividades mais viradas para o despertar de uma consciência social, com a realização de diversas oficinas, workshops, e alguns trabalhos de apoio às comunidades onde os jovens vão estar inseridos, porque eles não estarão sempre em campo. Depois, obviamente, há um conjunto de actividades mais lúdicas, quer náuticas quer de caminhada, que vão ajudar os jovens a divertir-se, porque isso é importante, e a criarem laços uns com os outros.

O Acanac vai decorrer no campo escutista de Idanha-a-Nova, que por estes dias se transforma numa verdadeira “cidade dos escuteiros”. Quantos são os participantes?

São 22 mil participantes, entre jovens e adultos, e vêm de todas as regiões, das 20 dioceses do nosso país, mas também temos quase 200 participantes de 13 países que nos visitam.

Este é um movimento que se baseia no voluntariado adulto. Quantos são os chefes e dirigentes que vão estar na Idanha ao serviço, tornando tudo isto possível?

Temos cerca de três mil dirigentes em serviço, uma parte grande dos quais são os adultos que acompanham directamente no dia a dia os nossos jovens, são os seus chefes, participam com eles nas actividades. Depois, temos mil e poucos adultos que, sendo dirigentes nos seus locais de origem, se voluntariaram para ajudar a que o acampamento funcione nas áreas mais variadas, que vão desde a segurança aos abastecimentos, à animação de oficinas e “workshops”. Nada disso se consegue fazer sem o apoio de todos estes voluntários.

Estes números mostram que o movimento escutista está de boa saúde? Os jovens e as suas famílias continuam a apostar no escutismo católico?

Continuam. Este será de longe o maior acampamento escutista em Portugal alguma vez realizado. Aliás, se nós somássemos todos os dias da actividade e assumíssemos que temos 22 mil escuteiros por dia, é a maior actividade escutista de sempre, independentemente de ser um acampamento, ou não. E isto demonstra, de facto, uma adesão muito interessante que nos deixa a todos muitos felizes, uma adesão dos jovens e das crianças a este nosso modo de estar, a esta forma de tentarmos crescer com base num método (pedagógico) que há mais de 100 anos tem mostrado ser eficaz.

Idanha-a-Nova tem sido uma das zonas mais fustigadas pelos incêndios. Essa é uma preocupação nesta altura, quando se prepara um encontro deste género? Os escuteiros estão preparados para dar resposta a eventuais situações mais perigosas?

Estou confiante que sim. A segurança é uma das nossas maiores preocupações quando temos actividades com escuteiros, e o campo onde se vai realizar a actividade é um campo que está licenciado para efeitos de segurança junto da autoridade nacional competente. Obviamente que o risco de incêndio é um dos riscos que o nosso plano de segurança contempla, mas todos os nossos adultos estão sensibilizados para alguns cuidados especiais que devem ter num acampamento de verão, numa zona onde as temperaturas costumam ser elevadas. E temos uma equipa de protecção civil permanente que neste acampamento vai estar também ao serviço, tentando garantir que temos todas as condições possíveis para que os problemas de segurança sejam menorizados e controlados.

Este campo da Idanha também já foi feito a prever essas situações?

Já. É um campo que se vai construindo, este já é o terceiro acampamento nacional que lá realizamos e o campo já está, na nossa maneira de ver, com condições bastante consolidadas para a realização da actividade. O que, obviamente, também significa que para além das infra-estruturas básicas que nos iam fazendo falta, havia que melhorar os dispositivos de segurança de que o campo dispõe.

O Presidente da República foi convidado. Por que é tão importante que Marcelo Rebelo de Sousa vá à abertura deste evento?

É importante a dois níveis, primeiro, nós gostamos que o nosso Presidente esteja com os jovens e comungue desta alegria contagiante que eles têm, que se deixe contagiar por esta forma de estar e esta alegria de viver e estar em conjunto uns com os outros. Depois, também será uma forma de os voluntários se sentirem de alguma maneira reconhecidos pela visita tão ilustre do nosso Presidente, que alegrará também o ambiente e todas as pessoas que lá estão.

Comentários
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  • Ex
    01 ago, 2017 Guarda 13:13
    Os meu mais sinceros parabéns por mais uma iniciativa, e viva o CNE.
  • carlos pereira
    01 ago, 2017 luxembourg 08:47
    Muitos parabens corpo nacional de escuteiros pelo evento força agrupamento 610 grijo
  • Rosa Cerqueira
    31 jul, 2017 Porto 23:28
    Parabéns pela iniciativa. É ótimo para a formação global de todos os participantes.
  • Luís
    31 jul, 2017 Lisboa 14:40
    OBRIGADO, a todos os voluntários que permitiram que a minha filha estivesse presente no ACANAC!
  • SuPer
    31 jul, 2017 Lisboa 10:00
    Todos os chefes/ animadores são voluntários, não são apenas os que estão nos serviços - os chefes/ animadores que acompanham os jovens nas suas atividades também são voluntários e para além de terem de apoiar durante a atividade, tiveram um trabalho preparatório de meses, para que tudo corra pelo melhor.

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