28 jul, 2017 - 00:02 • Sandra Afonso
Uma em cada cinco crianças institucionalizadas no ano passado estava em perigo de vida, indica o relatório CASA 2016 do Instituto da Segurança Social, a que a Renascença teve acesso.
Quase 500 das crianças e jovens em risco foram retirados em "procedimento de urgência", com recurso a forças de seguranças e autorização dos tribunais e 178 estavam com a família nuclear.
Mais de quatro mil, antes de serem acolhidas, foram alvo de medidas de protecção e apoio junto da família, para evitar a retirada.
Ainda segundo os dados a que a Renascença teve acesso, 2.900 jovens já tinham sido acolhidos anteriormente.
Dezassete por cento das crianças foram acolhidas longe de casa, onde é possível encontrar a resposta adequada. 67% passam menos de um ano em acolhimento especializado.
Mais de mil crianças indicadas para adopção
A resposta de ponta, como lhe chama a tutela, não chega a todos. A maioria fica quatro anos ou mais no sistema: 74% no acolhimento familiar, 34% no acolhimento genérico e 36% noutras respostas.
A boa notícia é que mais de 90% destas crianças e jovens em risco têm um projecto de vida definido. 36% já são adolescentes e visam a autonomia, outros 36% regressam à família e 11% vão para adopção.
No ano passado foram 830 crianças para adopção, 469 estão ainda em avaliação técnica, 361 já receberam autorização do tribunal.
A estas juntam-se mais 259 crianças, também em período de pré-adopção, que integravam as 2.513 que saíram do acolhimento em 2016.
Contas feitas, no último ano foram indicadas para adopção quase 1.100 crianças que estavam em acolhimento.
Menos crianças acolhidas e mais velhas
No último ano foram acolhidos menos jovens e crianças em risco e os que estão a chegar ao sistema são agora mais velhos, indica o relatório CASA 2016 do Instituto da Segurança Social, a que a Renascença teve acesso.
Os dados agora conhecidos traçam o cenário vivido pelas crianças que estão ou estiveram neste período em famílias de acolhimentos, acolhimento de emergência e centros de acolhimento temporário no país.
Em 2016 chegaram menos 425 jovens e crianças em risco à rede nacional de acolhimento, mas estão a entrar cada vez mais velhos a estas casas de acolhimento.
Segundo os dados do ano passado, a média de idades aumentou. A maioria, 55%, tem agora entre 12 e 17 anos.
Chegam na fase da adolescência e muitos, 27% ou mais de 2.200, têm problemas de comportamento. 20% têm mesmo medicação regular e acompanhamento psiquiátrico ou psicoterapêutico, indica o relatório CASA 2016.
Segundo fonte do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, são jovens com uma elevada taxa de insucesso escolar, ainda frequentam o primeiro ciclo, e alguns consomem estupefacientes.
As actuais respostas, dirigidas sobretudo à infância, têm que ser adaptadas a estas situações. Já está a ser preparado um protocolo com o Ministério da Educação para destacar 90 professores para este projecto.
A negligência e falta de supervisão familiar originaram a maioria dos acolhimentos, mais de 4. 800.
A exposição a modelos desviantes, como prostituição e toxicodependência, foram responsáveis por mais de 2.600.
Em cerca de 830 casos, o comportamento das próprias crianças, a mendicidade e associação a grupos, obrigou ao acolhimento.