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Falar Claro

Matos Correia. "Moção de censura seria um erro, um jeito ao Governo"

26 jul, 2017 - 10:49 • José Pedro Frazão

O vice-presidente da Assembleia da República considera que o Governo e o Primeiro-ministro devem um pedido de desculpas aos portugueses pelos problemas no sistema de Protecção Civil. No último “Falar Claro” antes das férias, Vera Jardim faz a defesa da concentração da informação oficial sobre fogos na sede nacional da Protecção Civil.

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Matos Correia . "Moção de censura seria um erro, um jeito ao Governo"
Matos Correia . "Moção de censura seria um erro, um jeito ao Governo"

O deputado social-democrata José Matos Correia defende que o PSD não deve alinhar numa possível apresentação de uma moção de censura ao Governo. O cenário não foi excluído pela líder do CDS Assunção Cristas, mas não merece acolhimento por parte do vice-presidente da Assembleia da República.

"A questão não foi discutida nos órgãos próprios do partido de que faço parte. A minha opinião pessoal é que a apresentação de uma moção de censura sobre esta matéria é um erro. Isso é deslocar o debate. A partir do momento em que uma proposta dessa natureza é apresentada, vai-se discutir a moção de censura e os méritos e deméritos da moção de censura. Isso é fazer um jeito ao Governo. O PSD pelo seu lado não tem interesse nenhum nem deve fazê-lo", afirma Matos Correia no programa "Falar Claro" da Renascença.

O social-democrata insiste que "o Estado falhou" em Pedrógão Grande mas, em vez de uma moção de censura, aposta na exigência de um pedido de desculpas do Primeiro-Ministro pelas diversas falhas do sistema de Protecção Civil.

"Neste caso o Estado é representado pelo Governo. O sistema não funcionou nas comunicações. A comissão que vai averiguar o assunto não pode servir para nos impedir de dar opinião sobre o mesmo. Temos um Governo que mudou quase toda a estrutura da Autoridade Nacional de Protecção Civil, substituída pouco antes da época dos fogos por correligionários e colaboradores directos de António Costa na Câmara Municipal de Lisboa. Ao fim de tudo isto, em que há evidentes responsabilidades, ao contrário do que aconteceu por exemplo em Inglaterra, nem o Governo nem António Costa foram capazes de dizer uma simples palavra: "Desculpem". "Desculpem portugueses porque o Estado não esteve à altura". As estruturas públicas que o Governo conduz não estiveram à altura", critica o ex-vice-presidente do PSD no debate político semanal da Renascença, onde substituiu Nuno Morais Sarmento no confronto habitual com José Vera Jardim.

MP seguiu artigo da lei desenhado por Vera Jardim

O antigo Ministro da Justiça considera que a oposição está a empolar este debate. "Está no seu papel embora eu ache que a propósito desta tragédia não é muito adequado", argumenta o antigo deputado socialista para quem não há razão para a apresentação de uma moção de censura ao Governo.

"A minha posição é sempre a mesma. Moções de censura são um último meio para pôr em causa a estabilidade governamental e deitar abaixo o Governo", justifica-se o comentador socialista.

Vera Jardim defendeu em directo no programa que o Ministério Público não devia ter colocado o nome das vítimas de Pedrógão Grande em segredo de justiça. Duas horas antes da divulgação da lista das vítimas mortais pela Procuradoria-Geral da República, Vera Jardim tinha lembrado ser autor de uma alínea do Código de Processo Penal que permitia ao Ministério Público divulgar questões que estejam em segredo de estado para garantir a tranquilidade pública. A Procuradoria-Geral da República acabou por divulgar essa lista ao abrigo da norma citada pelo antigo ministro da Justiça do PS.

Governo quer "controlar a informação"

O social-democrata Matos Correia critica com dureza a centralização da informação operacional sobre combate aos incêndios na sede da Autoridade Nacional da Protecção Civil em Carnaxide, nos arredores de Lisboa.

"É manifestamente uma vontade de controlar a informação, ponto final parágrafo. Nas situações no terreno, quando estão membros do Governo não é preciso centralizar coisa nenhuma. O Governo fala e diz o que lhe apetece em todo o lado, em chusmas e todos podem falar. Quando se trata de informar os portugueses sobre o que verdadeiramente se passa no terreno e não fazer considerações políticas, tem que se vir para Lisboa. O que é evidentemente uma tentativa de controlar o acesso à informação", ataca o deputado do PSD.

Já Vera Jardim ressalva não ter "todos os elementos a mão", mas aceita a opção tomada pela Protecção Civil Nacional.

"Por vezes em situações de fogos graves em todo o país, a informação vem muito desgarrada, de vários sítios e fontes. Pode continuar a vir, estamos num país livre e com liberdade de expressão total. Há uma informação oficial que tem toda a conveniência em ser centralizada na Autoridade de Protecção Civil", remata o antigo ministro do PS.

Comentários
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  • rosinda
    27 jul, 2017 palmela 20:16
    Senhor bastos uma mocao de censura era capaz de ser mau para o pais! Mas olhe que assim ninguem aprende nada! Se os incendios de pedrogao fosse durante a governacao de passos coelho a esquerda nao perdoava! Se de facto a esquerda tivesse sentimentos e respeito pelos cidadaos nao tinha formado uma geringonca depois das eleicoes!
  • Que lata
    27 jul, 2017 St 08:53
    Este Matos Correia tem! Um pedido de desculpas deveriam ele e os seus.correligionários apresentarem ao portugueses pelo nojento oportunismo politico que têm feito com a desgraça e a tragédia que estão a afectar as populações atingidas pelos incêndios! Com aquele ar de hipócrita este figurão é mais um diabo metido no PSD!
  • CAMINHANTE
    26 jul, 2017 LISBOA 17:31
    Matos Correia até é um homem culto e inteligente, acima da média. Pois efectivamente uma moção de censura não seria um erro ( erros podem cometer-se), seria um total disparate... mas é preciso ir mais longe e sanear urgentemente o PSD dos responsáveis pela "estratégia" desastrosa de aproveitamento e exploração de dramas Nacionais, para arremessos de pedras. Fazer política à custa de mortes, que sucederam como sucederiam se o Governo fosse PSD ? Onde não há mesmo qualquer culpa do Governo em funções? Tomar como facto umas declarações infundamentadas, avulsas, duma senhora cujas justificações em entrevista dada são mais que duvidosas? Um Partido de oposição, que quer tornar a ser governo, procede assim, tem destas práticas? Algo está mal, mesmo muito mal no principal Partido da oposição ( e no seu associado também).
  • TheBeites
    26 jul, 2017 Covilhã 16:41
    Parabéns ao Ultimato, e força nessa Lucidez, que mais uma vez, salvará Portugal e os Portugueses, do verdugo e apanágio vigente e incompetente...
  • André
    26 jul, 2017 Sesimbra 16:01
    O PSD voltou a mostrar que é um partido mórbido sem cabeça e que só vai pelos caminhos de inventar e imaginar. Depois do candidato do PSD à câmara de Pedrogão Grande ter afirmado saber de várias mortes por suícidios e que tinha acabado de receber o contacto de um familiar de alguém que se tinha morto poucas horas antes, o líder do PSD anunciou que o governo estava a esconder essas "dezenas de suícidios"... para ser corrigido pelo adjunto que não havia certezas. Quando as televisões anunciavam que o Canadair se tinha despenhado, o líder parlamentar veio criticar o governo por estar a mentir ao não confessar a perda do avião. Agora com a lista, enviaram uma senhora que era a número 28 da lista uninominal para a Assembleia da República, pelo PSD no distrito de Lisboa, para ir ás televisões afirmar que existiam "várias centenas de mortos que estão a ser escondidos". (Depois de dizer que não tinha tempo para ver televisão ou para enviar as informações que tinha à PGR, ao receber a notificação, foi lá a correr... para descobrir que os 85 que tinha, afinal eram 64 e mais 2.) O CDS já deve ser a 10006 moção de censura que apresenta neste ano e meio. Já anunciou que iria avançar com moções de censura por milhares de vezes e depois desaparecem de cena. Assunção Cristas esteve a almoçar no Hotel Ibis Lisboa com 90 membros do partido para preparar a campanha autárquica... curioso que os jornalistas que lá foram, ninguém perguntou pela moção. Diz-se que foi sorte...
  • TheBeites
    26 jul, 2017 Covilhã 14:58
    Mas suas Exas prepotentes e incompetentes que continuam a levar o País a mais uma desgraça, não enxergam um palmo, ou talvez não, metem as dificuldades num buraco do chão, e blá blá blá blá, propagandas e coração, é no que dá a ilusão...
  • Luis
    26 jul, 2017 Lisboa 12:44
    Já inventaram mortos por suicídio. Já tentaram convencer os Portugueses que as mortes nos incêndios foram de centenas. Será que esta gentinha reles e nojenta continua a pensar que os Portugueses são todos estúpidos?. Esta direitalhoPafiosa quase ia destruindo o País e não contentes estão apostados a destrui-lo. Estão empenhados só em desgraças só para poderem chegar ao poder. Será que a PJ alguma vez vai descobrir quem anda a colocar os fogos e quem são os seus mandantes? Essa de serem sempre os tolinhos e os bebedolas lá da terrinha a colocar os fogos foi chão que já uvas.
  • maria filomena
    26 jul, 2017 Murtal 11:56
    Nojento é dizer que os mortos são menos, só para não indemnizar a família daqueles que morreram e não constam na lista. Nojento é querer reduzir os gastos à conta dos que morreram não oficialmente, deve ser para compensar o roubo de Tancos. Nojento é ir de férias e fazer de conta que nada passa ... isso é que é nojento
  • Maria Catarina
    26 jul, 2017 Porto 11:37
    Ía agora o Vera Jardim criticar o seu antigo subalterno no seu gabinete de advogados? nem pensar. De vez em quando há uns cadáveres políticos que de vez em quando estremecem.
  • PSDs
    26 jul, 2017 Pt 11:23
    Um nojo de partido liderado por uma seita de oportunistas!

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