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Moscovici elogia Portugal. Progresso "é impressionante" e crescimento poderá ficar acima de 2,5%

18 jul, 2017 - 11:26

Entre um encontro com o governador do Banco de Portugal e outro com o primeiro-ministro, o comissário dos Assuntos Económicos eloguiou, também, a estratégia portuguesa para o crédito malparado: vai “na direcção certa”.

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Moscovici. O crescimento português é "impressionante"
Moscovici. O crescimento português é "impressionante"

O comissário europeu dos Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, afirmou, esta terça-feira, em Lisboa, que "o progresso de Portugal é muito impressionante", antecipando um crescimento "acima de 2,5%" este ano e deixando uma mensagem de confiança no país.

Numa visita de um dia a Portugal, entre a reunião com o governador do Banco de Portugal e um encontro com o primeiro-ministro, Pierre Moscovici deu uma conferência de imprensa para contar "a tremenda história de sucesso" que a Comissão Europeia quer que Portugal seja na Europa.

Referindo que desde a última visita ao país, em Fevereiro do ano passado, "o progresso de Portugal é muito impressionante", o responsável europeu disse que se prevê que o défice seja de 1,8% este ano e que o crescimento económico "ficará provavelmente acima de 2,5% este ano".

Nas previsões da primavera, a Comissão Europeia tinha melhorado as suas projeções antecipando que o Produto Interno Bruto (PIB) crescesse 1,8% este ano e que o défice orçamental se reduzisse também para os 1,8% do PIB.

O desafio do défice estrutural

Os desafios agora são "continuar a reduzir o défice" e "prosseguir a consolidação do défice estrutural" (que exclui as variações do ciclo económico e as medidas temporárias).

Em relação ao défice estrutural e questionado sobre se as medidas apresentadas por Portugal são suficientes para cumprir o ajustamento estrutural necessário para este ano, o comissário europeu elogiou "o diálogo de alta qualidade" que tem mantido com o Governo português, disse estar "optimista" e voltou a falar da "margem de interpretação" que Bruxelas irá adoptar.

"A vontade da Comissão é a de proteger o crescimento e o emprego. Vamos usar uma margem de interpretação de uma forma que seja amiga do crescimento. Nunca iríamos propor uma medida orçamental que penalizasse o crescimento", afirmou Moscovici, reiterando uma ideia que Bruxelas começou a transmitir aquando das recomendações específicas a Portugal e que passa por fazer uma "interpretação inteligente" das regras orçamentais.

O comissário europeu referiu a redução do valor médio do défice na zona euro nos últimos anos, o que considerou ser "a prova de que as regras são eficientes" e podem funcionar "sem se ter uma atitude de punição", acrescentando que aplicar sanções e cortar fundos estruturais a Portugal e a Espanha, como chegou a ser debatido, "teria sido mau".

Pró-crescimento e pró-emprego

"Esta Comissão é uma Comissão pró-crescimento e pró-emprego. Queremos ter regras totalmente respeitadas, mas também queremos ter resultados no crescimento e no emprego. O debate vai ser conduzido nesta base com o objectivo de combinar estabilidade financeira, que é absolutamente essencial, com crescimento, que é também é crucial".

Na frente económica, a prioridade deve ser "transformar esta recuperação num crescimento duradouro", o que Moscovici considerou "ser possível", tendo em conta "a quantidade e a qualidade das exportações, o regresso do investimento e a explosão do turismo" e também o facto de "a zona euro estar a ficar mais forte".

"Estou optimista, estou impressionado. Os sinais de que a economia portuguesa está numa situação sólida são muito fortes", afirmou Pierre Moscovici, acrescentando no entanto que "estes esforços têm de ser continuados" e que é preciso, por exemplo, "resolver o problema das desigualdades".

Caixa

nterrogado sobre se a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD) poderá comprometer o défice de 2016, o comissário europeu disse que está a "aguardar as informações dadas pelas entidades estatísticas", mas reiterou que, quando foi decidida a saída do Procedimento por Défice Excessivo (PDE), a ideia da Comissão "é que a redução do défice em Portugal é duradoura e que a melhoria da situação da economia é solida".

Referindo que "a condição [para a saída do PDE] é continuar com políticas de consolidação que sejam credíveis", Pierre Moscovici manifestou confiança os esforços realizados: "Portugal saiu verdadeiramente do PDE. A economia portuguesa é uma economia em que se pode confiar", afirmou.

Quanto ao orçamento do próximo ano, que deverá trazer um alívio fiscal para as famílias de rendimentos mais baixos e dar início ao descongelamento das carreiras na função pública, Moscovici não quis comentar estas "escolhas políticas", considerando que "cabe aos governos definir os seus caminhos".

"Isso é a democracia. Não vou comentar esta ou aquela intenção. Temos um diálogo muito positivo com o Governo, discutimos isso com Banco de Portugal e vamos discutir com o primeiro-ministro [mas] vamos esperar pelo esboço orçamental em outubro", rematou.

Malparado "na direcção certa"

Pierre Moscovici declarou, ainda, que a estratégia de Portugal para resolver o problema do elevado crédito malparado nos bancos "é ambiciosa e vai na direcção certa".

Sem comentar "medidas específicas que estão a ser seguidas pelas autoridades portuguesas", seja pelo Governo seja pelo banco central, o comissário sublinhou que "o rácio dos créditos malparados está a reduzir-se" e isso "é obviamente uma boa notícia".

Moscovici disse ainda que "a Comissão Europeia deve pensar numa maneira europeia de lidar com os créditos malparados", porque este "não é só um problema português, nem é sobretudo um problema português, é um problema europeu".

O comissário europeu afirmou que, na reunião desta manhã com os dois responsáveis do Banco de Portugal, "não houve nenhum debate sobre um 'banco mau', considerando que foram "conversações muito positivas" que o convenceram de que as autoridades portuguesas têm "vontade de resolver este problema e de seguir uma estratégia ambiciosa".

[notícia actualizada às 12h25]

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