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Pedrógão Grande

Activar plano de emergência mais cedo não traria mais meios

13 jul, 2017 - 20:01 • João Carlos Malta

Em declarações à Renascença, o presidente da autarquia, Valdemar Alves, afirma que o Plano Municipal de Emergência e Protecção Civil é uma formalidade e "não passa de conversa".

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O presidente da Câmara de Pedrógão Grande, Valdemar Alves, desvaloriza a demora na activação do Plano Municipal de Emergência e Protecção Civil no dia do incêndio que resultou na morte de 64 pessoas.

Em declarações à Renascença, o autarca diz que a luz verde foi dada "numa conversa" e é apenas uma formalidade que não iria reforçar os meios no terreno.

“Quando dizemos que accionamos os planos, é tudo verbal e é tudo conversa. Tudo o que está escrito nos planos estava efectivo, tudo o que o plano diz que tem que existir estava tudo no terreno, quer os bombeiros quer os serviços municipais”, argumenta Valdemar Alves.

Na linha do tempo que dá conta da activação dos meios no terreno, o Plano Municipal de Emergência foi activado às 20h45 de 17 de Junho, mais de cinco horas depois de o incêndio ter sido reportado como "de grandes proporções" e terem sido pedidos mais meios para o combater.

“Nós accionámos o Plano às 20 [horas] e qualquer coisa, mas aquilo não passa de conversa. Isto é mesmo assim, temos de ser realistas, não podemos esconder nada. É só uma questão formal”, reforça o presidente da Câmara de Pedrógão.

O Plano Distrital foi accionado depois, mas também não passou de uma formalidade, nas palavras de Valdemar Alves, porque não iriam ser accionados mais bombeiros.

“Depois estava o Governo. O Governo, logo nas primeiras horas, tomou o controlo das acções e o poder. O CDOS [comandante distrital de operações de socorro] estava presente. Logo depois veio o segundo comandante nacional da Protecção Civil. Portanto, veio tudo para o terreno.”

Questionado se não havia mais um homem nem mais um carro que fosse para o terreno, caso o plano fosse accionado mais cedo, o autarca frisa: “Não, não havia já mais nada. Tudo o que havia - o que havia e o que não havia - estava tudo no terreno”.

Novo plano de defesa da floresta aguarda aprovação “há um ou dois anos”

Nestas declarações à Renascença, o presidente da Câmara de Pedrógão Grande revela que há um novo Plano Municipal de Defesa da Floresta a aguardar aprovação do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) “há um ou dois anos”.

“Nós fizemos o plano e ele está lá. Se quiserem aprovar, aprovam; se não quiserem, não aprovam”, afirma Valdemar Alves.

Esta demora não causa problemas em termos operacionais até porque “o que está em prática é aquilo que, efectivamente, consta no plano que está para aprovar e para apreciação”, sublinha.

O autarca explica que “a guerra, agora, é por causa das faixas de segurança e do limite urbano”. Valdemar Alves aguarda pela decisão do Instituto de Conservação da Natureza para rever o plano, se for necessário.

Em todo o caso, garante que vai cumprir “com as exigências” e restrições que forem feitas à reflorestação, mas admite que não será fácil.

“Já viu o que é chegar ao pé de um proprietário e dizer: 'Você tem que cortar estes pinheiros'. Aquilo é o rendimento do homem, vamos agora mandar cortar as árvores? Infelizmente, a partir de agora, o Governo tem de criar leis e dizer: 'tenham paciência, a partir daqui, vocês aqui já não plantam mais eucaliptos e outras árvores'. Vamos manter as distâncias em relação às estradas e aos aldeamentos”, refere o presidente da Câmara de Pedrógão Grande.

Comentários
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  • Americo
    17 jul, 2017 Leiria 11:40
    Bom dia. Eu já "suspeitava" da capacidade deste sr. para Presidente da Câmara, mas lendo esta notícia fico de boca aberta. Como é possível um homem destes recandidatar-se à Câmara. Leis já há a mais e chegam perfeitamente. O problema é fazê-la cumprir. Pelos vistos este sr. é impotente........usando um adjectivo mais "suave".
  • indignado
    15 jul, 2017 00:27
    Segundo alguns programas já passados em televisão chega-se à conclusão que só nos bombeiros por exemplo são mais de quantos comandos repartidos desde Lisboa, distritos e autarquias e outros organismos pelos vistos vão mais ou menos pelo mesmo caminho, com tanta gente desta a mandar uns nos outros e a fazerem guerrilhas entre eles onde é que isto pode funcionar bem além de ficar super-caro ao país!.
  • Bela
    13 jul, 2017 Coimbra 23:01
    “Já viu o que é chegar ao pé de um proprietário e dizer: 'Você tem que cortar estes pinheiros'. Por causa desse modo de pensar é que aconteceu a tragédia de Pedrogão Grande. Infelizmente há pessoas (e no geral, não são as que menos condições têm) e empresários que só pensam nos próprios interesses. Foi o egoísmo de alguns que ajudou a que tivessem ardido tantas casas e respectivos anexos. As autoridades, sobretudo as ligadas às florestas e ordenamento, que em vez de fazer aplicar as leis, omitem-se.

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