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Sargentos em vigília contra a “xenofobia classista"

12 jul, 2017 - 09:09

“Chegar a este limite é para a classe política perceber que algo tem de ser feito”, afirma na Renascença António Lima Coelho, antigo presidente da Associação Nacional de Sargentos.

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Sargento António Lima Coelho entrevistado na Manhã da RR (12/07/2017)

Os sargentos vão estar esta quarta-feira em vigília à porta da residência oficial do primeiro-ministro para exigir a revisão do estatuto dos militares, que está para discussão há dois meses na comissão parlamentar de Defesa.

Na Manhã da Renascença, Lima Coelho, um dos rostos da Associação Nacional de Sargentos, explicou que o protesto está, sobretudo, relacionado com o “tratamento diferenciado que há demasiadas décadas existe no seio das próprias Forças Armadas”.

“Os sargentos têm tido um tratamento diferenciado para pior. Apenas em 1990 foi estabelecido um estatuto profissional para todas as categorias. Até aí, apenas os oficiais tinham estatuto profissional. Mesmo assim, o desenvolvimento das carreiras tem sido significativamente diferente entre sargentos e outras categorias”, como é o caso do reconhecimento académico.

“É absolutamente escandaloso que se continue, ao fim destes anos todos, a exigir à entrada para o curso de sargento o 12º ano e, depois, independentemente do tempo de formação – um, dois ou mais anos – se lhes atribua o mesmo 12º ano”, exemplifica o actual director do jornal “Sargento”.

Lima Coelho fala, por isso, em “alguma xenofobia classista” e garante que os sargentos “querem ser apenas isso – sargentos – desenvolvendo as suas capacidades, as suas proficiências e querem esse reconhecimento”.

Mas o antigo presidente da Associação Nacional de Sargentos não quer “restringir” as razões da vigília à formação. “Temos a questão da assistência na doença, evolução nas carreiras e o estatuto que está em discussão na Assembleia da República traz um retrocesso histórico para a categoria de sargentos”, acrescenta.

“Queria também dizer que, muito mais do que corporativo, estas manifestações são sobretudo de reconhecimento profissional”, destaca, sublinhando que “os sargentos têm gosto em servir nas Forças Armadas” e “não há militar nenhum que tenha qualquer tipo de motivação ou gosto de vir para a rua fazer sentir as suas dificuldades”.

“Chegar a este limite é, só por si, para aqueles que têm a responsabilidade política, perceberem que algo tem de ser feito”, justifica.

Na opinião de António Lima Coelho, são estes responsáveis que trouxeram o país ao estado em que está, sendo o episódio de Tancos só “veio trazer à evidência aquilo que há anos os militares têm tentado sensibilizar os sucessivos governos”.

“Hoje, temos um efectivo que não chega a preencher meio estádio da Luz”, alerta.

Por tudo isto, e porque o actual ministro não trouxe “significativas mudanças” em relação ao anterior, “que foi extremamente penalizante para os militares”, os sargentos decidiram bater à porta do primeiro-ministro.

“Pode ser que sejamos ouvidos e a sensibilidade possa atingir aqueles que têm de resolver matérias prementes, porque Portugal não pode continuar neste estado de coisas”, sustenta.

Comentários
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  • Rui
    12 jul, 2017 Braga 16:13
    ….”A ida para exército deveria ser obrigatória para todos os jovens. Pelos menos durante aí meio ano. E ser como antes ( duros com eles). Talvez tivéssemos uma sociedade melhor. Ali eles aprendiam a ser ( homens)”... Sem dúvida, muito interessante... Pois então eu pergunto!!! É corrupção e mais corrupção a emergir a cada dia que passa... Então, não foram estes senhores à tropa...E agora, não são esses que estão em cargos públicos, na banca, no desporto, na educação, nas mais variadas áreas... A efectuar toda a espécie de corrupção... Foi assim que aprenderam a ser homens... A corrupção é o maior entrave ao desenvolvimento do País... Lamentável e que nos prejudica a todos... É importante a inteligência, mas fundamental é a inquietude e a vontade de mudar as coisas... Acima de tudo temos que ser éticos, profissionais, competentes e íntegros...
  • Ex. 1' Cabo.
    12 jul, 2017 Porto 12:17
    A ida para exército deveria ser obrigatória para todos os jovens. Pelos menos durante aí meio ano. E ser como antes ( duros com eles). Talvez tivéssemos uma sociedade melhor. Ali eles aprendiam a ser ( homens). Só fazia bem a todos. Pois lá aprende-se o rigor. Disciplina. Respeito. Agora quase 100% dos ditos ( eu sei tudo) ( eu sou o maior). Sim têm razão. São os maiores ( analfabetos). Não sabem o que é o respeito. Metam todos a serem obrigados a irem para lá. Só lhes vai fazer bem.
  • carlos isca
    12 jul, 2017 Tomar 11:48
    Em suma, querem mais dinheiro, será?
  • JC
    12 jul, 2017 charneca da caparica 11:45
    Compreendo perfeitamente dois meses é uma eternidade e o tempo custa a passar quando não se têm nada para fazer, por isso que tal irem fazer umas vigias nos paios para guardar aquilo que é seu, ou seja as armas compradas com os meus impostos e que lhes são entregues para que cuidem delas !!!!!
  • j
    12 jul, 2017 Viseu 11:31
    Deitem abaixo os comentários que vos não interessam.
  • desatina carreira
    12 jul, 2017 queluz 11:14
    avante camaradas

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