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Ministra afasta escassez de meios no ataque ao fogo de Pedrógão Grande

28 jun, 2017 - 18:24

Ministra diz que ainda há muitas perguntas por responder, mas garante que “não é verdade” que só existissem apenas três militares da GNR no terreno na altura do incêndio.

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A ministra da Administração Interna diz que ainda vai demorar “o seu tempo” a saber o que aconteceu na tragédia de Pedrógão Grande, mas afasta escassez de meios no ataque ao fogo. Constança Urbano de Sousa falava aos deputados, numa declaração em que se emocionou e chorou.

“O primeiro alerta foi dado às 14h33 [de 17 de Junho] e foram accionados meios de ataque, incluindo um helicóptero. Foram accionados reforços sucessivamente”, disse a governante, esta quarta-feira, na comissão parlamentar de assuntos constitucionais, direitos liberdades e garantias.

"Embora tenha havido resposta de ataque inicial em Pedrogão e Góis, foi mobilizado um dispositivo de ataque ampliado, com meios aéreos, máquinas de rasto."

Garante que "a resposta foi imediata em termos de ataque inicial", mas entretanto começaram "a surgir notícias de imensos focos de incêndio". "Vi imagens que não são públicas – estão afectas ao inquérito - e é impressionante aquele progressão do fogo”, revela.

Constança Urbano de Sousa acrescenta que, a partir das 19h30, “há uma enorme explosão de focos de incêndio para todos os lados” e é preciso compreender o que aconteceu nessa altura.

Refere que naquele dia, 17 de Junho, foram registados mais de 150 incêndios em todo o país, com empenhamento de mais de 10 mil operacionais.

"Contrariando uma tese, não se aguardou pelo arranque da 'Fase Charlie' para se mobilizar, senão não se teria mobilizado naquele dia mais de 10 mil operacionais", frisou a ministra, destacando ainda a ajuda internacional.

"Tenho para mim, que no que diz respeito à tragédia de Pedrógão temos duas dimensões: primeiro, a do incêndio que evolui com grande intensidade e perímetro e, depois, aquele fenómeno muito rápido que afectou não só aquela estrada, mas aquele troço de concentração de vítimas mortais", disse Constança Urbano de Sousa.

“Não é verdade” que houvesse apenas três GNR

A ministra da Administração Interna considera que “muito tem sido dito da prestação da GNR e muito tem sido injusto”.

Garante que “não é verdade” que só existissem apenas três militares da GNR no terreno, na altura do incêndio.

De acordo com a resposta que recebeu da Guarda, Constança Urbano de Sousa diz que, pelas 16h00, havia “31 militares” nos concelhos afectados, um “número que foi sendo reforçado”.

Sobre a estrada nacional 236, que não foi cortada e onde morreram 47 pessoas, a ministra ainda não tem respostas.

"A primeira informação sobre um local próximo daquele é o acidente que uns bombeiros que tiveram, um choque frontal, pelas 20h44. Todas essas informações estão a ser coligidas e têm que ser verificadas no terreno, falar com quem lá esteve para podermos saber e disponibilizar todas a informação de forma transparente à comissão de inquérito que, espero, nos dê resposta em todas as dimensões desta tragédia e espero que possamos chegar a conclusões", frisou.

"Zero desaparecidos"

Questionada pelo PSD, a ministra garantiu que há "zero desaparecidos" e que isso "já foi confirmado há muito tempo".

O que se passou, explica Constança Urbano de Sousa, foi que o Instituto de Medicina Legal não conseguiu identificar todas as pessoas imediatamente, devido ao estado dos corpos.

"Em alguns casos foi possível identificar, mas noutros foi preciso realizar exames complementares complexos", que demoraram mais tempo, sublinha.

Também rejeita a ideia de que as mudanças na estrutura da Protecção Civil tenham provocado descoordenação no combate ao incêndio de Pedrógão, rejeita a ideia de "balbúrdia" e garante que "nunca houve tão bom relacionamento entre a Autoridade Nacional de Protecção de Civil e os militares".

A governante diz que é preciso implementar a reforma da floresta. Vai demorar vários anos a dar frutos, mas "não podemos adiar mais essa resposta e temos todos que nos empenhar nela". Os incêndios vão continuar a existir, mas o reordenamento da floresta vai “atenuar muito os riscos”.

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  • Bela
    28 jun, 2017 Coimbra 23:41
    Seria bom que a senhora ministra, além de chorar (quiçá lágrimas de crocodilo), se desse ao cuidado de mandar investigar porque razão as concessionárias das estradas portuguesas não cumprem certas regras de segurança. A titulo de exemplo auto-estrada A 14 e A 17, tem vegetação diversa, bastante alta (incluindo pinheiros e até eucaliptos) dentro do perímetro que deveria estar 'limpo', facto que prova que há anos que não se faz a manutenção, nessas zonas.
  • Pedro Barbosa
    28 jun, 2017 Portugal 22:55
    31 militares? É falso. Há meios suficientes nos concelhos afectados? É falso. Não percebe como houve tantos focos de incêndio? Vê-se logo que não conhece nenhum dos concelhos em questão. A primeira causa para tantos focos em simultâneo é a monocultura de eucaliptos. Depois, a falta de limpeza dos terrenos. Não há nenhuma estrada em que a distância da floresta para a estrada seja respeitada. Bem, há tanto para dizer em relação a isto que resumo numa frase: políticos rascas, que só pensam nas questões depois dos males acontecerem. Os deputados eleitos pelas regiões do Interior estão-se nas tintas para quem os elegeu, senão defendiam os interesses dessas regiões. Mantenho que o objetivo do poder político é desertificar totalmente o Interior do País.

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