28 jun, 2017 - 18:07 • Júlio Almeida
Os provadores dos melhores chocolates do mundo renderam-se ao sabor de uma amostra enviada de Aveiro. A medalha de prata conquistada nos Academy of Chocolate Awards, em Inglaterra, está a dar fama e muito trabalho à oficina de produção artesanal Feitoria do Cacao.
Sejam ou não verdadeiros apreciadores de chocolate, o cardápio da microempresa é uma tentação a que poucos conseguem resistir.
Estão disponíveis três chocolates de leite, cinco negros e um branco, "todos de diferentes origens e receitas", apresenta Tomoko Suga. A cidadã japonesa, que vive há 17 anos em Portugal, e a amiga Susana Tavares abriram a oficina artesanal de produção de chocolate, em Aveiro, no regresso de uma viagem muito especial.
"Fomos a São Tomé e Príncipe, onde tivemos o privilégio de contactar nas roças com produtores de cacau. A diferença entre a riqueza do chocolate e a pobreza e humildade de quem produz chocou-nos e fomos procurar saber se existia a possibilidade de fabricar sem ser industrialmente", recorda Susana Tavares.
O cacau cru da única fábrica artesanal existente em Portugal chega também de outros destinos seleccionados, como Colômbia, Nicarágua, Costa Rica ou Tanzânia.
A dupla de “alquimistas” usa a imaginação e alguns ingredientes surpresa, como flor de sal ou leite de ovelha, para conseguir chocolates de eleição. "Nós é que inventamos, a partir dos testes em chocolate negro 76%, e depois pensamos nas melhores combinações", explica Tomoko Suga.
Para se inspirarem, as duas amigas estudaram os primórdios da produção do chocolate, concluindo que a tendência do mercado é voltar aos métodos antigos. "Com a industrialização perderam-se algumas características notáveis", refere Susana Pereira.
Quando é preciso fabricar chocolate na cave transformada em oficina, a Feitoria do Cacao chega a trabalhar dois dias seguidos, por exigências do próprio processo artesanal. Tudo começa por torrar o cacau, depois triturar e separar as cascas. A terminar a paciente a moagem em pedra, durante 30 horas, em que também se adicionam ingredientes.
O preço de cada tablete ronda entre os 5,5 euros e os 6,5 euros. A produção é em grande medida exportada para clientes exigentes.
A fama cresceu muito depois da recente medalha de prata atribuída no concurso da Academy of Chocolate Awards 2017 ao Chocolate Negro Nicalizo, com 76% cacau da Nicarágua.
Um "incentivo enorme" para a Feitoria do Cacao, atendendo a que as provas cegas contaram com 600 dos melhores chocolates do mundo.