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SIRESP garante que "esteve à altura" do incêndio em Pedrógão Grande

27 jun, 2017 - 16:07 • João Carlos Malta

A empresa responsável pelo SIRESP garante que não houve quebra de comunicações no teatro de operações.

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A SIRESP, empresa privada que gere a rede de comunicações de emergência do Estado, assegura que "não houve interrupção no funcionamento da rede" nem "houve nenhuma estação do sistema que tenha ficado fora de serviço em consequência do incêndio" que matou 64 pessoas na zona Centro.

O relatório de desempenho do Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança em Portugal, publicado esta terça-feira no Portal do Governo, surge depois de ter sido conhecida a "fita do tempo" da Protecção Civil relativa aos eventos dos dias do fogo.

Segundo a Protecção Civil, no primeiro dia do incêndio de Pedrógão Grande aconteceram, pelo menos, cinco situações graves em que não foi possível contactar o posto de comando devido a falhas nas comunicações.

O sistema "correspondeu e esteve à altura da complexidade do teatro das operações, assegurando as comunicações e a interoperabilidade das forças de emergência e segurança", refere a empresa.

No relatório elaborado pela empresa SIRESP, escreve-se que, das 16 estações base do sistema, cinco “entraram em modo local, em virtude da destruição pelo incêndio".

A SIRESP defende que o sistema tem duplicações que ajudam a que o sistema funcione mesmo em “situações extremas” como a que se verificou em Pedrógão Grande. “Fica demonstrado que a Rede SIRESP funcionou de acordo com a arquitectura que foi desenhada para esta Rede", lê-se no texto.

Para comprovar que o sistema funcionou, a empresa SIRESP escreve que no período crítico dos fogos (das 19h00 de dia 17 às 9h00 de dia 18) foram processadas mais de 100 mil chamadas através de 1.092 terminais.

Nos cinco dias de fogo na região, o número, segundo este documento, sobe para 1,1 milhões de chamadas em mais de três mil terminais.

“Estes números demonstram que o desempenho da rede SIRESP correspondeu e esteve à altura da complexidade do teatro das operações, assegurando as comunicações e a interoperabilidade das forças de emergência e segurança”, conclui a empresa.

O relatório admite que houve saturação da rede. Diz-se, porém, que a mesma não se deu por uma falha, mas apenas por uma procura superior à capacidade disponível.

SIRESP dá conselhos

Ainda assim, o documento deixa algumas recomendações. Na óptica dos relatores é preciso reforçar esta rede.

Há ainda conselhos para avaliar a relação custo-benefício de instalar transmissões redundantes. É necessário também reduzir o número de utilizadores para que não haja degradação da qualidade do serviço. Entre as recomendações para as entidades que usam o sistema estão “evitar efectuar chamadas privadas em situações de emergência” ou “fazer chamadas curtas e objectivas”.

Por fim, a SIRESP deixa a sugestão para que se utilizem geradores nas estações mais críticas e que se constitua uma reserva de geradores para serem mobilizados em situações de contingência.

A Renascença questionou a SIRESP sobre alguns dos pontos do relatório, mas a empresa remeteu para o Ministério da Administração Interna (MAI).

O MAI respondeu que "não fará qualquer comentário ao relatório da SIRESP SA" e "tudo o que havia a dizer sobre a matéria já foi tornado público, ontem, ao início da noite, em comunicado".

A ministra da Administração Interna pediu esta segunda-feira um estudo independente ao funcionamento do sistema de comunicações SIRESP e uma auditoria à Secretaria-Geral Administração Interna, que vai ser realizada pela Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI).

[notícia actualizada às 21h51]

Comentários
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  • Alfredo
    28 jun, 2017 Amora 16:02
    Triste vida a do português que tem de pagar com a vida os interesses e incompetências de outros. . Eu, um simples humano e sem canudo, tendo a minha responsabilidade a segurança de um Hotel com 27 pisos, 270 quartos e 8 outlets recusei contractualizar um sistema de comunicações de emergência para um hotel porque funcionava sobre o mesmo principio do SIRESP. Hoje dia 28 de Junho, no canal SIC pelas 12h30 aproximadamente, tive o prazer de ouvir falar um Coronel que disse de um modo simples tudo o que precisa ser dito. Assino por baixo tudo o que ele disse. É tempo de alguém pagar criminalmente por tudo isto. Desde a parte corruptiva às decisões tomadas por incompetentes. Não podemos ficar apenas por demissões.
  • Maria to: AO FILIPE
    28 jun, 2017 Douro 13:14
    Ha sempre um bode expiatorio para justificar a geringonça...! http://www.dn.pt/portugal/interior/empresa-que-opera-siresp-alerta--para-falhas-desde-2014-8597068.html
  • Maria
    28 jun, 2017 Douro 12:56
    Ó srs desgovernantes, digam lá de uma vez por todas que nao houve incendio nenhum! Trata-se de uma cabala contra os malditos politiqueiros que deveriam ser excomungados, certo? ZéPovinho de m_r_a, que só sabe fazer festas de homenagem... Erguam-se as forquilhas, pára-se Portugal e bote-se os responsaveis negligentes á fogueira!
  • Maria
    28 jun, 2017 Douro 12:32
    Ó srs desgovernantes, digam lá de uma vez por todas que nao houve incendio nenhum! Trata-se de uma cabala contra os malditos politiqueiros que deveriam ser excomungados, certo? ZéPovinho de m_r_a, que só sabe fazer festas de homenagem... Erguam-se as forquilhas e pára-se Portugal e bote-se os responsaveis negligentes á fogueira!
  • Cidadao
    28 jun, 2017 Lisboa 09:46
    Mais uma parceria público-privada negociada entre os partidos do sistema, com o habitual contrato leonino que impede o Estado de se livrar dele, mas que dá tanto lucro a privados que até dá para distribuir dividendos. Não funciona numa emergência, mas também o que é que isso interessa? E se morrer alguém, é lançar cortinas de fumo, tácticas de desinformação, os sms do Benfica, A taça das Confederações, as fugas ao fisco do CR7 e do Mourinho, e daqui a alguns dias começa o Campeonato e está tudo esquecido, pelo menos, até à próxima catástrofe
  • Ao filipe
    28 jun, 2017 Mt 09:03
    Qual primeiro ministro? O Passos Coelho que colocou esses pagamentos na gaveta à espera que viesse o diabo! Sabia? Xico-esperto!
  • Questão pertinente
    28 jun, 2017 Pt 08:57
    Qual a razão porque o governo de Passos e Portas durante 4 anos e meio não terminaram o contrato do Siresp?..."venderam" tanta coisa e mantiveram este contrato? Não nos manipulem a inteligência com bodes expiatórios nem arranjem caldinhos de politiquice!
  • Filipe
    28 jun, 2017 Lisboa 00:55
    Portanto, vamos ver se percebi: a culpa foi das falhas de comunicação do Siresp. A culpa não é do Sr Primeiro Ministro que mandou cortar do orçamento os geradores que alimentam as estações do Siresp, a culpa não é da proteção civil que não se apercebeu da gravidade da situação, que não deixou entrar bombeiros Espanhóis para ajudar a combater o incêndio, que andou à procura de o avião que afinal não caiu, que não sabia quantos aviões estavam a combater o incêndio e que colocou um comandante de Setúbal a liderar as operações que não conhecia o terreno. A culpa não é dos governos todos que deixaram plantar ano após ano eucaliptos junto a estradas, como a que infelizmente vimos muito boa gente morrer e que não têm qualquer política de prevenção florestal . Os Bombeiros, Militares, Polícias e todos os voluntários foram uns verdadeiros heróis.
  • António Valente
    27 jun, 2017 SINTRA 23:01
    Pois esteve !!!!! Por isso é que morreram 64
  • Pedro
    27 jun, 2017 Bencatel 21:54
    Que as comunicações tiveram uma má prestação parece ser verdade, agora todos tentam sacudir a água do capote. Culpados? Muitos, todos aqueles proprietários de floresta que não foi limpa. Continuamos a ter um grupo grande de subsidio-dependentes. Apontem com subsídios para limpeza da floresta e vão ver a quantidade de candidatos.

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