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Reportagem

“Estamos esquecidos”. No Soito, restam os escombros do grande incêndio de 2016

27 jun, 2017 - 08:47 • Liliana Carona

Numa altura em que o país demonstra enorme solidariedade com as vítimas de Pedrógão Grande, convém lembrar – até para que não se repita – que noutros casos a ajuda não chegou. A Renascença conta a história da aldeia do Soito.

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S. Pedro do Sul foi um dos concelhos mais afectados pelos incêndios de Agosto de 2016. Arderam 10 mil hectares e os estragos, apesar dos apoios prometidos, prolongam-se no tempo.

Na aldeia do Soito restam meia dúzia de habitantes, que não acreditam que as ajudas prometidas alguma vez cheguem. Nesta aldeia fantasma, tudo ficou exactamente como estava.

“Um cenário de filme de terror” com “casas ardidas e animais mortos”, descreve o responsável da Protecção Civil do município de S. Pedro do Sul, que regressa ao terreno onde temeu pela vida dos habitantes.

A casa que pertencia a um antigo pastor já não tem ninguém e os tractores queimados ainda lá estão. O rebanho vive apenas na memória de Carlos Cruz, aquele responsável da Protecção Civil.

“Passado um ano, continua tudo igual. É uma população envelhecida e já ninguém tem forças para reconstruir casas”, descreve à Renascença.

Alda Figueiredo, 82 anos, é uma das resistentes do Soito. Custa-lhe olhar para a paisagem que rodeia a sua casa.

“A casa que ardeu aqui ao lado era do meu avô. O meu pai foi lá criado, mas eu não gosto de olhar para lá. Estamos esquecidos. Será que fazem alguma coisa? Duvido, não fizeram nada pelas casas que arderam, não tenho conhecimento de apoio nenhum”, lamenta a moradora do Soito.

Habitações, animais, pastagens e áreas de apoio à actividade agrícola destruídas. A rede de águas ao domicílio foi danificada e o turismo saiu prejudicado em 2016, com alguns turistas a cancelarem as reservas por causa dos incêndios.

O vice-presidente da Câmara de São Pedro do Sul, Pedro Mouro, ainda hoje faz as contas aos prejuízos. “Com os efeitos que teve no turismo, posso estimar entre três e quatro milhões de euros de prejuízos totais directos e indirectos” no município, declara à Renascença.

O autarca lamenta que os apoios demorem a chegar. “Começaram a surgir muito tarde. Tivemos, através do PDR 20-20, apoios numa candidatura específica de um milhão de euros para os concelhos que tiveram zonas ardidas, do qual recebemos já 400 mil euros para recuperação da rede viária, taludes, reflorestação, sinalização... Mas, do ponto de vista do Governo, fizemos uma candidatura ao fundo de emergência e até hoje ainda não tivemos resposta”, explica.

“Não fora o incêndio de Pedrógão Grande e o incêndio de 2016 ficava no esquecimento por parte das entidades públicas”, denuncia ainda o autarca, que em contrapartida valoriza a iniciativa privada. “Os apoios privados, sobretudo empresas, foram os primeiros a chegar”, sublinha.

Nas aldeias quase inabitadas depois dos incêndios, a paisagem obriga a sair. “Já estamos cansados de estar aqui metidos dentro e se a gente não sair, isto faz-nos mal”, afirma Alda Figueiredo.

Os dez mil hectares de terra ardida no concelho de S. Pedro do Sul afectaram várias freguesias: Sul, São Martinho das Moitas, Covas do Rio, Carvalhais, Candal, Manhouce.

Em 2016, o número de incêndios diminuiu face a 2015, mas a área ardida registou o nível mais elevado dos últimos 10 anos: 150.364 hectares entre 1 de Janeiro e 30 de Setembro de 2016.

Comentários
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  • Margarida
    01 jul, 2017 Lisboa 12:59
    Para o ano já ninguém da do Pedrógão
  • P/justo
    28 jun, 2017 burro justo 13:03
    Eu não queria me desviar muito deste assunto, mas tens que ouvir o que mereces ouvir. Oh justo da treta! Tu deves ser um patrãozeco de mda, que estava habituado à mama do coelho, pois foi este idiota, mentiroso, fantoche... que roubou aos trabalhadores para te encher mais a mula, a ti e aos muitos como tu, menos direitos para os trabalhadores, menos salário, roubo de subsídios e mais horas de trabalho de borla, até feriados foram retirados, e para quê? Para engordar mais as contas de exploradores e egoístas como tu, os trabalhadores sempre com menos, enquanto muitos de vocês foram ficando mais ricos e comprando carros top de gama. Falas sempre mal dos f.públicos, mas são estes que muitas vezes vão dar a ganhar a muitos privados, eu não te conheço de parte nenhuma, nem quero conhecer tal mda, mas da minha parte se te conhecesse como privado a fornecer serviços ou bens, podes ter a certeza que não ganhavas um cêntimo. Aliás se fosses mais inteligente, que de nada tens, deverias perceber isto. Se um f. público não tem o suficiente para gastar, deixa de ir á oficina arranjar o carro e que sem fd também são os privados, burro!
  • Oh justo da treta!
    28 jun, 2017 do r-q-t-parta 11:15
    Oh justo da treta, pato cego! não são os funcionários públicos que gostem deste desgoverno, são muitos dos privados, como aqueles que mamaram neste negócio, venderam o tal sirespa do r.q.t.parta no valor de 8 vezes mais e são estes privados que vão enriquecendo à custa da teta do estado e com a desgraça dos outros, como muitos daqueles que fazem parte das tais parcerias publico privadas, em que são esbanjados milhares e milhares de euros, da qual deves fazer parte do monte, os funcionários públicos, parvalhão, têm os salários congelados, não beneficiarem em nada com este governo, pelo menos os que têm salários medíocres. Tu só apareces neste espaço para zurrar baboseiras, não tens conteúdo nenhum. Às tantas também fazes parte dos tais mamões. Vai-te catar!
  • isa
    27 jun, 2017 lx 23:23
    e vai acontecer a mesma coisa agora. As pessoas que criam estes laços solidarios deviam dar continuidade na fiscalização dos valores entregues, irem ao terreno ver se efectivamente as pessoas são/foram ajudadas. entregar o dinheiro a instituições. ás CCR ( por amor da santa) que deixam muito a desejar na gestão do dinheiro para os outros ( não para eles)infelizmente não basta angariar tem que se controlar, vivemos num Pais de parcos valores. Os que sofreram são demasiado credulos e honestos, humildes para os lobos que os vão rondar...
  • ó maria lisboa
    27 jun, 2017 lx 16:34
    Deixe de armar-se em boateira, como aquele alegado líder PSD!... Andaram na mesma escola? Basta de manipulações rasteiras e hipocrisia, servindo-se da vida e da tragédia angustiante das pessoas!
  • maria
    27 jun, 2017 lisboa 14:26
    como é possivel haver alertas vermelhos e o governo não fazer nada? quantos mortos são precisos?
  • COSTA DEMAGOGO
    27 jun, 2017 Lx 14:00
    Muita promessa dos socialistas , sempre a prometer e pouco ou nada a cumprir.Uns pantomineiros estes geringonços nas suas manobras de propaganda para tentar fazer esquecer o que ocorreu. Responsabilidades dos energúmenos nada...Uma Ministra do MAI que não existe, um Costa a fazer de conta que é a sua especialidade...Tentam lançar areia para os olhos dos tugas.Uns mestres da mentira como o Pinto de Sousa, esse grande democrata chefe da quadrilha...
  • João Marinho da Cruz
    27 jun, 2017 Borba da Montanha 13:16
    Isto é tudo uma treta dos governos e entidades públicas, mal de quem fica sem nada e sem ter culpa alguma !!! aponto 2 razões para fundamentar: Grandes negócios envolvidos e protagonismos políticos de ocasião !!!! Assim é difícil ser solidário justo.
  • joao
    27 jun, 2017 Aveiro 13:14
    Pois é prometer é a especialidade do PS e amigos ,,espera-se que esta pessoas que agora sofreram não estejam daqui a um ano a dizer aonde estão as promessas
  • Portugues
    27 jun, 2017 Matosinhos 13:10
    Este é mais um para que resolva o próximo, já todos nós sabemos disso!! apenas o povo anda mais caladinho porque a geringonça esta pelo meio e não convém falar muito agora disso, porque estão os que os Portugueses mais desejavam ajudar, a governar, e as roubar este NOBRE PAÍS só que infelizmente ficamos a saber que o interesse dessa corja é igual a toda a corja que por aí vagueia, Portugueses abram os olhos não se deixem dormir, que pena não voltar uma Monarquia ..............para exterminarem estes corujas .

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