26 jun, 2017 - 21:58
A juíza de instrução criminal do Tribunal da Feira fixou esta segunda-feira uma caução de 60 mil euros para o vice-presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Hermínio Loureiro, um dos arguidos na operação "Ajuste Secreto".
Segundo a juíza Ana Cláudia Nogueira, Hermínio Loureiro está "fortemente indiciado" por dois crimes de corrupção, cinco prevaricação, um de tráfico de influência e outro de detenção de arma proibida.
O também antigo presidente da Liga de Clubes vai ter de pagar uma caução de 60 mil euros, no prazo de dez dias, e
está ainda proibido de contactar com os outros seis arguidos no processo e de permanecer
nas instalações da Câmara de Oliveira de Azeméis e de algumas empresas.
O advogado de Hermínio Loureiro, Tiago Rodrigues Bastos, manifestou-se satisfeito com as medidas de coacção, reconhecendo que "houve sensibilidade e respeito por aplicar medidas que fossem o menos gravosas e limitativas da liberdade das pessoas".
"Ele está livre que nem um passarinho, neste momento. As medidas de devolução à liberdade são imediatas", disse o advogado, adiantando que "começa hoje uma etapa em que o doutor Hermínio Loureiro vai fazer tudo para provar a sua inocência".
Quanto ao estado de espírito do seu cliente, Tiago Rodrigues Bastos disse que esta decisão "é um enorme alívio", por "acabar esta fase do processo e não ficar limitado na sua liberdade".
"Mais importante que tudo é o seu ânimo em demonstrar que não cometeu os crimes que lhe são imputados, o que se inicia hoje de uma forma mais tranquila, mais calma, mais ponderada", concluiu.
Caução para mais cinco arguidos
O antigo presidente do conselho de administração da Assembleia da República e ex-deputado do PSD João Moura de Sá, e o empresário António Gomes dos Reis vão ter de pagar uma caução de 50 mil euros, cada um.
Já para o empresário Filipe Marques e Manuel Amorim, da Direcção Regional Economia do Norte, foram fixadas cauções de 30 e 20 mil euros, respectivamente.
A juíza determinou ainda uma caução de 15 mil euros para o presidente da Câmara de Oliveira de Azeméis, Isidro Figueiredo, que não pode permanecer nas instalações de certas empresas, mas não ficou suspenso de funções.
O presidente da Concelhia do PSD de Oliveira de Azeméis, José Oliveira, foi o único arguido a sair em liberdade sem qualquer caução, mas ficou suspenso do exercício de funções na câmara, estando ainda proibido de permanecer nas instalações das autarquias e dos clubes desportivos existentes no município.
Todos estes arguidos estão indiciados por crimes de corrupção e prevaricação. O presidente da Câmara de Oliveira de Azeméis responde ainda por um crime de tráfico de influência.
O Ministério Público (MP) tinha pedido a prisão preventiva para cinco dos sete detidos, incluindo o vice-presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Hermínio Loureiro.
No decurso da operação foram realizadas 31 buscas, designadamente a cinco câmaras municipais (Oliveira de Azeméis, Estarreja, Albergaria-a-Velha, Matosinhos e Gondomar) e cinco clubes de futebol, todos do concelho de Oliveira de Azeméis, com a participação de cerca de 90 elementos da PJ e cinco magistrados do Ministério Público.
[notícia actualizada às 02h53]