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Um apelo à união na homenagem às vítimas dos incêndios em Pedrógão

25 jun, 2017 - 13:35

Igreja de Pedrógão Grande encheu-se de fiéis. Padre Júlio Santos diz que "chegou a altura de nos unirmos, pelo amor".

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Na missa de Pedrógão Grande, o padre da paróquia apelou este domingo à união, à capacidade de superação das gentes do Pinhal e à defesa do ambiente, porque o Homem está na Terra para cuidar dela e não para a destruir.

O Homem, sublinhou o padre Júlio Santos, está na terra para cuidar dela e "não para a destruir", sendo uma espécie de "gerente da criação".

"Nós encontrámos um jardim. O que vamos deixar? Um caixote do lixo? Quando se atribuem culpas, olhemos primeiro para isto", pediu aos seus paroquianos o padre natural de Escalos Fundeiros, local onde terá começado no dia 17 o incêndio que atingiu o interior norte do distrito de Leiria e que provocou 64 mortos e mais de 200 feridos.

Durante a homilia da missa realizada na Igreja Matriz de Pedrógão Grande, a palavra do sacerdote centrou-se nessa necessidade de se gerir bem o mundo, que, "quando há má gerência, a firma vai à falência".

"O mundo não é só dos homens", frisou o padre, salientando que foi dada liberdade ao ser humano para "agir".

Durante a homilia, Júlio Santos recordou também o luto que toda a região faz, numa missa onde se cantou "tirai-me do lamaçal para que não me afunde".

Apesar de todos fazerem o luto, deve-se, "com a obrigação para com os que foram, continuar a vida e vivê-la profundamente, disse. "Chegou a altura de nos unirmos, pelo amor".

Em declarações aos jornalistas, o padre afirmou que a missa foi "a missa habitual do domingo", mas, talvez, vivida doutra maneira. Com a homilia, quis mostrar que todos são "responsáveis por isto".

"O Homem está a ir contra a natureza, em muitas das coisas, e a natureza tem as suas leis", notou, chamando também a atenção para a desertificação do interior, espelhada nos próprios paroquianos sentados durante a missa - a maioria idosos.

"Há 20 ou 30 anos não havia tanto mato", constatou, vincando que se abandonou a floresta e o interior.

Para o futuro, o padre Júlio Santos deixa uma mensagem de confiança, que as pessoas de Pedrógão Grande "estão habituadas a enfrentar muita coisa" e a terra acabará por se reerguer "com a força das pessoas".

Comentários
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  • Mario
    26 jun, 2017 Portugal 10:31
    Também um apelo a Competência, Responsabilidade, e Honestidade. E lamentável esta tragédia e estou solidário com o sofrimento de quem perdeu entes queridos. Mas também e lamentável ninguém ser responsável.
  • Bela
    25 jun, 2017 Coimbra 17:41
    Quando o padre Júlio Santos afirmou "quando há má gerência, a firma vai à falência", disse tudo em poucas palavras. Infelizmente, a maioria das pessoas, actualmente, não querem preocupar-se com o essencial, que a protecção das suas vidas está ligada a uma boa gestão da natureza.É pena que quem tem terras e floresta só se lembre de tal facto quando o mal acontece. E até nos grandes centros urbanos; vilas e cidades, se vê vegetação a crescer para fora de muros, inclusive a impedir a passagem em determinados espaços públicos.

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