​Há um eléctrico revestido a tapete de Arraiolos a circular em Lisboa

O "Eléctrico Arraiolos", assim baptizado, já circula em Lisboa, em permanência, totalmente decorado com ponto de Arraiolos, num trabalho de Maria Hortense Canelas.

“A ideia partiu de um amigo meu que é motorista e sugeriu que fizesse essa proposta à Carris”, conta à Renascença a artesã.

Adepta de desafios, insatisfeita por natureza e sempre a querer projectar mais longe esta tapeçaria tradicional alentejana, em Outubro do ano passado, estabeleceu uma parceira com a Entidade Regional de Turismo do Alentejo e a operadora de circuitos turísticos Carristur.

Depois de várias reuniões, “aceitaram a minha ideia de revestir o tecto de um eléctrico restaurado, no interior, com uma réplica do tapete que ofereci ao Papa Francisco em 2015”, conta a proprietária da Fábrica de Tapetes Hortense.

E porque Arraiolos é uma parte de Portugal, Hortense Canelas sugeriu que o exterior do veículo fosse guarnecido com peças representativas dos “azulejos portugueses do seculo XVII, devidamente protegidas por causa do tempo”.

Apresentado no Largo da Graça, em Lisboa, integra agora a “Tram Tour-Lisbon Historical Route” e “já está a rodar lindo, cheio de cor, vida e alegria”, afirma, orgulhosa, a empresária alentejana.

“Toda a dimensão do tapete, exterior e interior, tem 5,22 metros o que corresponde, mais ou menos ao tamanho do eléctrico, depois há a barra do tapete, alguns bancos forrados e as 14 cortinas também bordadas por nós”, acrescenta.

Um trabalho feito por bordadeiras e que demorou três meses num projecto que quer dar “a conhecer este nosso valioso produto e a nossa rica cultura a todos os turistas que visitam o nosso país.”

Arraiolos a Património Cultural Imaterial da Humanidade

Contactado pela agência Lusa, o presidente da Turismo do Alentejo, António Ceia da Silva, elogiou o projeto e considerou "muito importante" esta forma de promoção da tapeçaria de Arraiolos e do Alentejo como destino turístico.

"É uma forma de o Alentejo estar constantemente a ser promovido em Lisboa e é uma oportunidade única para que Arraiolos circule pela cidade, todos os dias, através do elétrico, que é o meio de locomoção mais típico e com mais impacto numa cidade como Lisboa", congratulou-se.

Lembrando que está em preparação uma candidatura dos Tapetes de Arraiolos a Património Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), Ceia da Silva destacou que este é "mais um ponto" que "vai favorecer" esse processo.

"Estamos a tratar de uma candidatura e os tapetes de Arraiolos precisam de ajuda, precisam que o Governo olhe mais para esta cultura alentejana e que nos ajude, que nos certifique rapidamente para combatermos o tapete chinês que anda muito aí no mercado", pediu também Maria Hortense Canelas.

Por falta de regulamentação de uma lei aprovada pelo parlamento, Arraiolos aguarda, há quase 15 anos, pela certificação dos seus tradicionais tapetes, considerados como uma das mais ricas peças do artesanato alentejano com projeção internacional.