Tempo
|
A+ / A-

Governo financia renovação do eucaliptal em concelhos como Pedrógão Grande

23 jun, 2017 - 14:02 • Redacção com Lusa

Bloco de Esquerda vê contradição e pede suspensão do concurso, lançado este mês.

A+ / A-

Veja também:


O Bloco de Esquerda (BE) pediu esta sexta-feira a suspensão de um concurso de nove milhões de euros em fundos comunitários para rearborização de eucaliptos, defendendo que os apoios à reflorestação devem incidir sobre "espécies de maior resiliência ao fogo". O anúncio foi publicado no dia 9 deste mês e dá prioridade a concelhos como Pedrógão Grande e Góis.

O concurso prevê a reflorestação com eucaliptos de áreas que já tenham esta espécie, mas que se encontrem em subprodução (onde já tenha acontecido o terceiro corte). Através deste concurso, o Executivo procura a "obtenção de povoamentos mais produtivos".

No mapa que acompanha o anúncio do concurso, está quase toda a área dos distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Coimbra e Leiria e ainda uma grande área dos distritos de Viseu, Castelo Branco, Santarém e Lisboa.

Entre os concelhos considerados prioritários (“aptidão produtiva elevada”) nos critérios deste concurso estão Pedrógão Grande (Leiria) e Góis (Coimbra), duas das áreas mais afectadas pelos incêndios dos últimos dias, que fizeram 64 mortos.

No total, o concurso elenca quase 120 concelhos, entre os quais estão também a Pampilhosa da Serra, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, também afectados pelos fogos recentes.

Os apoios, oriundos do programa Portugal 2020, são concedidos sob a forma de subsídio não reembolsável. “São elegíveis as áreas ocupadas pela espécie ‘Eucalyptus Globulus’ em que esta representa no mínimo 75% dos exemplares arbóreos existentes e encontra-se em subprodução”, diz o concurso.

O período de candidaturas aos apoios começou no dia 12 de Junho e termina a 31 de Julho. O concurso tem como objectivo “promover o valor económico e a competitividade dos produtos florestais lenhosos e não lenhosos”.

Bloco vai falar com o Governo

Para o Bloco de Esquerda, o concurso deve ser suspenso. No Parlamento, o deputado do BE Pedro Soares definiu esta situação como "incompreensível" e "contraditória" com a actividade parlamentar.

E realçou: "É contraditório que haja diplomas a serem analisados na comissão de Agricultura que pretendem o controlo dos eucaliptos e ao mesmo tempo o PDR2020 [programa comunitário] financia em exclusivo, no valor de nove milhões de euros, a plantação de eucaliptos, nomeadamente em áreas de grande risco de incêndio florestal".

Tal aviso "deve ser suspenso" e deve haver um foco do Governo "para novas políticas para a floresta", sublinhou.

O BE, lembrou Pedro Soares, tinha já apresentado um projeto de resolução pedindo ao Governo apoios financeiros aos produtores florestais, mas excluindo incentivos para novas plantações de eucaliptos, e pedindo apoios "com base no cumprimento de um conjunto de critérios de boas práticas de gestão sustentável das florestas".

"Tivemos agora conhecimento deste aviso e estamos a reagir de imediato, dizendo que é necessária a suspensão deste aviso", referiu ainda o bloquista.

Pedro Soares anunciou ainda que o BE vai ter um encontro "em breve" com o executivo onde abordará esta matéria.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • António
    22 out, 2017 Coimbra 22:16
    Desconheço a situação mas não pudemos ser "fundamentalistas", Onde for para plantar eucalipto que o seja. "temos que nos aliar ao inimigo" e o que deve ser feito é fazer com que o eucalipto/floresta subsidie a agricultura e a dinamize. Se uma percentagem do lucro da floresta ficar sujeito a uma condicionante que obrigue a que seja aplicada em ordenamento florestal, seguros florestais e a modernização mecanização e reestruturação agrícola e só sendo desbloqueado para esse fim ...as pessoas mexiam-se.
  • João
    17 out, 2017 Coimbra 16:58
    Conselho de um "doido". Quando virem um eucaliptal novo, passem lá de noite com uma catana a limpá-lo, temos de ser nós próprios a fazer limpeza. e devia-se lutar novamente pela Lei da proibição da venda de madeira proveniente de incêndios, assim o negócio do eucalipto abrandava muito e os donos dos eucaliptais fariam concerteza a sua limpeza, pois se arde-se valia 0€.
  • Fausto
    24 jun, 2017 Lisboa 09:35
    Isto é uma parvalheira de todo o tamanho...o problema não são os eucaliptos é a forma como se permite quem disto faz negócio actue a reflorestação é feita de qualquer forma não há ninguém a vigiar não aparece ninguém para eliminar áreas de risco que foram utilizadas sem autorização não se utiliza espécies contra fogo como é o caso dos cepestres ninguém cumpre as leis que existem e para mais existe um sem número de identidades à espera da calamidade certa para tirar dividendos da mesma...vejam lá se acordam...
  • Nuno
    24 jun, 2017 Silves 06:49
    O problema não é a área de plantação dos eucaliptos, pois muitos destes terrenos são impróprios para outras culturas (castanheiros, sobreiros etc.) estão cheios de mato e ardem na mesma. O ultimo grande incêndio no Algarve é o paradigma das falhas ao combate aos incêndios no país; Identificado o seu início, numa zona de fácil acesso, durante o dia, começou a ser combatido com extintores, apesar existir 1 helicoptero a meia duzia de km, ardeu numa área quase sem eucaliptos, mas com muito mato e sobreiros, passou por áreas previsiveis, dada a orientação dos ventos nesta época do ano, algumas onde teria sido fácil de controlar, até que se perdeu o controle ao 3 ou 4 dia, e só qd começou a ameaçar povoações importantes foi combatido em força. O tempo de resposta inicial e o estudo dos ventos e terreno no inverno para identificar/limpar zonas de combate talvez sejam os pontos chave. A floresta é dinâmica e faz falta PLANEAMENTO e TRABALHO de TERRENO no INVERNO
  • muito bem
    23 jun, 2017 lx 23:33
    Não se espera outra coisa este governo. Se assim não fosse estas pessoas não tinham sido abandonadas á sua sorte. Quem acha que este Costa e os seus 40 ladrões são diferentes, desenganem-se são piores do que os outros. São lobos em pele cordeiro..
  • Portugal
    23 jun, 2017 Lisboa 21:45
    Mais eucaliptos...ainda não perceberam que a propagação tão rapida do fogo, foi devido a esta arvore..Sr presidente, deixe os ""pills", gosto muito de si e da realidade "não realidade "de positividade transmitida a todos nós. Transmite esperança a um povo que não tem nada e não vai ter direito a nada, mas descanse a sua reforma e a dos demais esta garantida, mas por favor respeitem os seres humanos e a natureza. A onde estão os guardas florestais destas empresas que ganham tanto dinheiro e destrói a terra, a custa desta plantação desmedida de eucaliptos? Porque os bombeiros deixaram arder tanta área para iniciar o combate....sempre a mesma coisa, será que podemos por o governo português em tribunal europeu? todos anos a mesma coisa? É muito estranho........Pagamos tanto de portagens e afins e não há refúgios??olhem o exemplo da ponte 25 abril , a tantos anos paga, vem lá algum extintor? nunca ninguem pensou nisso?!A vergonha dum pais adormecido e resignado, o que vale é o futebol, as festas e as promoções....e por favor nunca deixem acabar os antidepressivos.
  • Emanuel
    23 jun, 2017 19:30
    já vi vários comentários a dizer que o que foi autorizado foi uma replantação e não a ocupação de mais área com eucalipto. Ok... mas vamos raciocinar. Não foi essa mesma área que matou não vai há uma semana 64 pessoas????????? Há que proibir plantações, replantações e tudo o que tiver as palavras eucalipto e pinheiro bravo. Haja coragem. Por favor, pois já ninguém tem paciência para tanta vergonha.
  • Manuel
    23 jun, 2017 Alentejo 19:08
    Mais eucaliptos é esperar mais uns anos e voltar a acontecer mais fogos de enormes proporções. Não se podem cometer mais políticas erradas de florestas!
  • mendes
    23 jun, 2017 braga 18:07
    como e trite ouvir certos comentarios --entao o eucalipto e que laca os fogos-entao digam me porque e que a serra de montemuro onde nao ha um pinheiro nem um eucalipto estava ha dias toda em chamas -so politica porca neste pais---a seguir ao 25 de abril a culpa era dos latifundiarios tinham q ue se lhe roubar as terras agora e dos eucaliptos amanha sera das cenouras ou das videiras -a melhor soulucao para os incendios existe mas nenhum politico fala nela porque daria poucos votos e pouca mama-criem guardas florestais com torres de controle abatam as avionetas que voarem sem matricula e aos incendiarios deem no minimo 25 anos de prisao
  • Sandra Felix
    23 jun, 2017 Alcobaça 17:29
    Que vergonha!

Destaques V+