22 jun, 2017 - 23:03
O secretário-geral do PCP mostrou-se contra "mais estudos, inquéritos e legislação avulsa" sobre floresta e fogos, classificando como "um logro" considerar-se que a "chamada Reforma da Floresta é a varinha mágica" para resolver problemas.
"É uma ilusão, é mesmo um logro, afirmar que a aprovação da chamada Reforma da Floresta é a varinha mágica para tapar o essencial: a falta de investimento, as políticas de restrição orçamental, o desmantelamento das estruturas e serviços do Ministério da Agricultura, a desvalorização do preço da madeira. Só atacando a fundo as vulnerabilidades estruturais se encontrará a resposta que, como temos afirmado, a Reforma da Floresta não dá", disse Jerónimo de Sousa.
Para o líder comunista, "o que tem faltado é a concretização de políticas que assegurem a defesa da floresta e que acabem com a sua subordinação da sua gestão aos interesses económicos" e "os investimentos para o seu ordenamento, preservação e defesa", pois "os problemas da floresta não são explicáveis por desleixo dos habitantes, mas sim por décadas de abandono, desertificação e despovoamento".
"Muito se tem falado e muito se continuará a falar sobre a tragédia a que o País assistiu nestes últimos dias com os fogos florestais. Se muito do que temos insistido ao longo de anos, sem ser ouvidos, fosse tido em conta, provavelmente a dimensão da catástrofe tivesse sido evitada. Não é de mais estudos, mais inquéritos e mais legislação avulsa de recomendações, resoluções que o País precisa", defendeu.
Jerónimo de Sousa discursava num jantar de apoio à candidatura autárquica de Oeiras da Coligação Democrática Unitária (CDU), encabeçada pela líder parlamentar de "Os Verdes", Heloísa Apolónia, num restaurante de Barcarena. A CDU junta PCP, PEV, Associação Intervenção Democrática e cidadãos independentes.
"O PCP não sairá da primeira linha dos que exigirão que seja dada resposta imediata aos que perderam pessoas, bens e economias. Como não deixará de contribuir para atacar as causas mais fundas do problema, encontrar respostas de curto prazo, exigir que entre comissões de inquérito e polémicas estéreis se fuja ao que tem de ser feito e há décadas não é feito", garantiu Jerónimo de Sousa.
Jerónimo de Sousa citou ainda um "exemplo concreto" - o dos "serviços de protecção da floresta", onde está identificada a necessidade de "mais 200 operacionais".
O primeiro-ministro, o socialista António Costa, assegurou hoje haver do Governo "total abertura" para colaborar em "qualquer proposta de comissão técnica independente" criada pelo parlamento sobre a tragédia recente em Pedrógão Grande, como foi proposto pelo PSD, após a reunião do Conselho de Ministros.
Dois grandes incêndios deflagraram no sábado na região Centro e obrigaram à mobilização de mais de um milhar de operacionais, consumindo um total de cerca de 50 mil hectares de floresta e obrigando à evacuação de dezenas de aldeias.
O fogo que deflagrou em Escalos Fundeiros, em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, alastrou-se a Figueiró dos Vinhos e a Castanheira de Pera, fazendo 64 mortos e mais de 200 feridos.
As chamas chegaram ainda aos distritos de Castelo Branco, através do concelho da Sertã, e de Coimbra, pela Pampilhosa da Serra, mas o fogo foi dado como dominado na quarta-feira à tarde.
O incêndio que teve início no concelho de Góis, no distrito de Coimbra, atingiu também Arganil e Pampilhosa da Serra, sem fazer vítimas mortais. Ficou dominado na manhã de quinta-feira.