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Pedrógão Grande. PR evita “mais frentes” que não o combate ao fogo e o apoio às vítimas

19 jun, 2017 - 15:05

Marcelo Rebelo de Sousa regressou à zona da tragédia para defender que “este ainda não é o momento” para apurar o que possa ter falhado em Pedrógão.

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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, apelou, esta segunda-feira, à concentração no combate ao fogo, que ainda lavra na região centro de Portugal, e no apoio às vítimas, sem atender a “mais frentes” como as causas ou meios empregados no terreno.

“Neste momento, há uma prioridade, a do combate ao incêndio, do apoio aos familiares das vítimas, do apoio às vítimas não mortais, naquilo que sofreram e sofrem. Já temos muitas frentes pela frente. Não vamos juntar mais frentes neste momento. Esse tipo de considerações, neste momento, é juntar frentes a um combate que já é difícil. Tudo tem um momento na vida”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.

O chefe de Estado falava aos jornalistas no centro de comando da Proteção Civil, em Avelar, concelho de Ansião, e foi questionado sobre as dúvidas na origem, causas e meios humanos e materiais empregados na zona de Pedrógão Grande no combate ao incêndio, com diversas frentes, ativo desde sábado e que já provocou 62 mortos e 62 feridos.

“O que está a ser feito está a sê-lo com critério e organização, mas há a noção de que as próximas horas - esperemos que não muitos mais dias - serão ainda de desafio, combate, luta. Estabilizou, neste momento, o número de vítimas mortais, em termos muito elevados, uma tragédia quase sem precedentes no Portugal democrático”, continuou.

Marcelo Rebelo de Sousa vincou que a “prioridade nacional é a de, em conjunto, enfrentar este desafio, que é o que está a ser feito”.

A estrada mais negra
Como tudo aconteceu em Pedrógão Grande

O Presidente da República e antigo líder do PSD louvou com as declarações do líder da oposição, o social-democrata e ex-primeiro-ministro Passos Coelho, que disse momentos antes que “as pessoas quererão saber, têm o direito a saber, a explicação para que isto tivesse acontecido”, mas “este ainda não é o momento”, após uma reunião com o presidente da Autoridade Nacional de Protecção Civil.

“Começa agora, de forma crescente, uma outra fase, quando a primeira ainda não terminou, que é a de acolhimento e reinserção comunitária”, anteviu Rebelo de Sousa, prometendo “uma palavra àqueles que sofrem mais” e ir “ouvir o que vai no coração das pessoas”.

O chefe de Estado deverá deslocar-se aos locais afectados pelos incêndios nos distritos de Leiria, Coimbra e Castelo Branco: Penela, Alvaiázere, Góis e Cernache do Bonjardim (Sertã).

“Naquele momento, naquelas condições, com o que se sabia e até onde se podia chegar, estava a fazer-se o melhor dentro do que era possível. Não era possível ir mais longe. Onde se era possível chegar com aqueles meios tinha-se chegado e estava-se a chegar”, descreveu Rebelo de Sousa sobre as primeiras horas das ocorrências.

O Presidente da República revelou ainda que o seu homólogo brasileiro disponibilizou meios aéreos para o combate às chamas, mas o chefe de Estado comunicou que Portugal já tem aeronaves no terreno, inclusivamente dos vizinhos países europeus, mas que as mesmas não conseguem intervir devido às más condições de visibilidade.

O fogo, que deflagrou às 13h43 de sábado, em Escalos Fundeiros, concelho de Pedrógão Grande, alastrou depois aos concelhos vizinhos de Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera, no distrito de Leiria, e entrou também no distrito de Castelo Branco, pelo concelho da Sertã.

O último balanço dá conta de 63 mortos e 134 feridos.

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  • Cidadao
    20 jun, 2017 Lisboa 12:10
    Abraços e beijinhos num primeiro momento, tudo bem. Mas já estamos habituados - e não devíamos estar! - a que passado esse primeiro momento, as coisas caiam no esquecimento e pouco ou nada se faça, à espera da próxima tragédia. Ou então fazem-se alterações de pormenor, procuram-se pequenos culpados, mudam-se pequenas coisas para que tudo fique na mesma. Quanto a Pedro Passos Coelho, só não abriu boca porque sabe que ministros do governo dele, com a concordância dele, ajudaram a liquidar as defesas florestais e a implementar livremente, o Eucalipto como nova espécie dominante - um "favor" à industria de celulose - pasta de papel. E obviamente, receia que isso lhe seja esfregado na cara, quando abrir boca a culpar alguém. Os diagnósticos e as medidas para a Floresta - o "Petróleo" Português - estão feitas à anos. É só haver coragem para as implementar. À séria!

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