Tempo
|
A+ / A-

Patriarca pede “grande mobilização nacional” para acabar com os incêndios

18 jun, 2017 - 22:52 • Henrique Cunha

D. Manuel Clemente solidário com as vítimas. Em declarações à Renascença, defende uma política que, "verdadeiramente, previna os incêndios”.

A+ / A-
A estrada mais negra
A estrada mais negra

Em directo: Toda a informação sobre Pedrógão Grande e outros incêndios


O cardeal patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, apela a uma “grande mobilização nacional” para acabar com o flagelo dos incêndios, para que nunca mais aconteçam tragédias como a de Pedrógão Grande.

Em declarações à Renascença a partir de Angola, D. Manuel Clemente começa por dirigir uma palavra de “solidariedade, proximidade afectiva e oração” a todos os atingidos e também aos operacionais no terreno.

O cardeal patriarca de Lisboa sugere a leitura de nota dos bispos portugueses sobre incêndios e apela a uma grande mobilização nacional que aposte na prevenção.

“Recentemente, a Conferência Episcopal Portuguesa publicou uma nota sobre o problema dos incêndios. Temos que ter uma grande mobilização nacional. Não podemos ter nenhum hábito negativo à dita época dos incêndios. Não pode haver época dos incêndios. Quando há mais calor as condições atmosféricas são mais propícias, mas nós devemos prevenir. Vale sempre muito mais.”

Nestas declarações à Renascença a partir de Angola, onde participou no primeiro congresso eucarístico daquele país africano, como enviado do Papa Francisco, D. Manuel Clemente apelou às boas práticas e ao ordenamento florestal.

“Não devemos ter as matas descuidadas, devemos ter as matas limpas, o ordenamento florestal é uma exigência, a própria relação geográfica das habitações, floresta, mata tem que ser revista. Tudo o quanto vai nesse sentido tem que ser feito prioritariamente. Desta vez foi uma desgraça de tal ordem, com a morte de tanta gente, que não podemos recuar neste propósito de levar por diante uma política que, verdadeiramente, previna os incêndios”, defende o patriarca.

De acordo com o último balanço, o incêndio de Pedrógão Grande provocou 61 mortos e 62 feridos. O fogo teve início no sábado e ainda continua a lavrar, com quatro frentes activas.

A entrevista a D. Manuel Clemente na íntegra:

Que mensagem gostaria de deixar aos portugueses neste momento de dor?

Com certeza que, antes de mais, deixo uma palavra de solidariedade e de muita proximidade afectiva e orante pelas famílias. Pelas que perderam os seus queridos nesta tragédia. Também por todos aqueles que trabalham na extinção dos incêndios. Mas é precisoc sobretudoc prevenção.

Recordo que a Conferência Episcopal Portuguesa publicou, recentemente, uma nota sobre os incêndios. Temos que ter uma forte mobilização nacional. Nós não podemos ter nenhum hábito negativo à dita época dos incêndios. Não pode haver época de incêndios. Está claro que, quando há mais calor, as condições atmosféricas são mais propicias, mas nós devemos prevenir. Vale sempre muito mais a pena.

Invariavelmente, todos os anos, recebemos lições de como combater este flagelo e, fatalmente, também todos os anos - felizmente, não com estas consequências - acordamos para a realidade dos incêndios. O que é que devemos reter, em definitivo?

Não devemos ter as matas descuidadas, devemos ter as matas limpas. O ordenamento florestal é uma exigência. E, portanto, tudo quanto vai nesse sentido deve ser feito e tem que ser feito prioritariamente, porque, desta vez, foi uma desgraça de tal ordem, com a morte de tanta gente, que não podemos recuar no propósito de levar por diante uma politica que verdadeiramente previna os incêndios.

O Presidente da República, na sua mensagem ao país, lembrou que a prioridade “nesta hora de dor é o combate e a resistência", mas não deixou de falar de um sentimento de injustiça que afecta, em particular, o país rural e isolado. É esse o sentimento que estamos a viver neste momento?

Pois, porque é o abandono... Como sabemos, grande parte da nossa população saiu do interior para o litoral ou foi para o estrangeiro, à procura de outras condições de vida. As coisas ficam ao abandono e, portanto, há aqui uma injustiça para aqueles que ainda resistem a ficar nas zonas rurais. Nos temos, como nação, um órgão primeiríssimo ao serviço do bem comum, que é o Estado. Também como cidadãos, nós, Igreja, devemos ir por diante no sentido de uma verdadeira politica que previna situações deste género.

Também chegaram ao D. Manuel muitas das mensagens de solidariedade?

Eu estou aqui, em Angola, mas, logo que tive consciência disto, enviei uma mensagem para o Twitter do Patriarcado, uma mensagem de solidariedade e de proximidade, na qual insisto, em especial, na releitura daquilo que os bispos portugueses escreveram há pouco mais de um mês, nessa nota sobre os incêndios. Creio que o que ali está é uma boa base de trabalho para todos, em conjunto, prevenirmos esta calamidade.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Teresa
    20 jun, 2017 Lisboa 02:52
    Perante a desgraça que se abateu no nosso País, nestr momento é necessário tratar dos feridos, dar apoio psicológico económico e de seguida pensar que no futuro coisas destas não podem acontecer. A Igreja Católica é sempre a primeira institução a ajudar. E há que limpar as matas e organizar o espaço a nível geográfico. Será que o Otário cá da Quinta ( em vez de cru Criticar o Patriarca - já deu alguma ajuda ou já colicou a sua casa á disposição. Isto de criticar os outros é muito fácil. Para se criticar devemos fazer melhor do que os outros ( não se pide fazer igual ou pior do que os outros).
  • António Américo Pime
    19 jun, 2017 Vila do Conde 22:14
    Claro que é com técnicos e pessoas sabedoras que se resolvem os problemas, mas também entra aboa vontade e a responsabilidade pessoal e quando se ama quer-se o bem, dar a paz pois jorra do coração e respeito pela natureza. Obrigado Senhor Presidente e obrigado Senhor Patriarca e outros representantes que querem o trabalho e a paz com obras
  • otário cá da quinta
    19 jun, 2017 coimbra 15:42
    Eu não quero saber de religiões para nada e pelo pouco que sei, sei que existem uns milhares largos de religiões e seitas e não OIÇO NENHUMA A DIZER QUE DISPONIBILIZA ISTO OU AQUILO, OU QUE CRIA INSTITUIÇÕES PARA AJUDAR- não, não vejo nem oiço falar, APENAS A CATÓLICA (com ou sem hipocrisia, é única). Portanto, ó SR. MARQUÊS, por acaso já fez alguma coisa, pôs a sua casa à disposição, etc. ? -----------------Ó Sr. Patriarca, QUEM MORREU, MORREU e sabe tão bem como eu, que CRESCE MAIS RÁPIDO O ESQUECIMENTO À VOLTA DA SEPULTURA, DO QUE CRESCEM AS ERVAS. Portanto, daqui por dias, isto já não é nada. A NATUREZA mandou e contra ELA, não há nada que resista. Vamos todos acabar de uma maneira qualquer. MOBILIZAÇÃO NACIONAL ( ! ) com que sentido ? Estas tragédias não têm SINDICATOS, ASSOCIAÇÕES DE PATRÕES, nem ORDENS, nem GOVERNOS ! Olhe Sr. Patriarca: hoje de manhã quando fazia trovões, eu disse para mim: S. PEDRO JÁ ESTÁ A DEITAR FOGUETES E AINDA NÃO CHEGOU O DIA DELE ! MAS O SÃO JOÃO, JÁ MOSTROU BOAS FOGUEIRAS ! Hoje já é outro dia e amanhã logo se vai ver, se lá chegarmos. O QUE ME ATERRORIZA NÃO É O MORRER, É O COMO SE VAI MORRER e sinto uma ANGUSTIA TERREVIVEL AO IMAGINAR OS MOMENTOS VIVIDOS POR AQUELES QUE FORAM ASSADOS NESTA TRAGÉDIA E NOUTRAS. A NATUREZA É QUEM MANDA E PONTO FINAL.
  • Miguel Botelho
    19 jun, 2017 Lisboa 14:21
    Não é necessária mobilização (daí a desgraça de termos uma igreja medieval em pleno século XXI). O que se pretende é o reordenamento do território e um plano para o país. É preciso reunir os engenheiros florestais e especialistas nesta área e refazer as florestas deste país.
  • Raul
    19 jun, 2017 Lisboa 08:28
    Na realidade a única solução é o abate para criar espaços generosos entre plantações e criar zonas de proteção entre 25 a 50 metros nas margens das estradas e areas de 200 a 300 metros´livres de vegetaçao á volta de casas e povoaçoes.O resto limpezas etc terão pouco impacto ,são irrealistas e levarão ao confisco e a custos enormes nas matas do estado como se fossemos um estado totalitário.Na mata da Amazónia há limpesas?No futuro as novas plantações deverão ter novas regras anti-fogos.A florestaçao continua sem orlas generosas para impedir o alastramento do fogo em causa de incêndios estão condenadas e deveriam ser proibidas.Se houvesse zonas tampão sem florestação os fgos não cobririam 3 ou mais distritos como no passado e agora em Leiria,Coimbra,Castelo Branco etc.
  • Marquês de Púbol
    18 jun, 2017 Aveiro 23:36
    Este blá-blá piedoso e confrangedor! Fátima não fica assim tão longe, ficaria bem disponibilizar instalações para aqueles que ficaram sem casa, por exemplo! O Santuário de Fátima podia muito bem patrocinar uma Campanha de Prevenção de incêndios, ou não?

Destaques V+