18 jun, 2017 - 16:15
Em directo: Toda a informação sobre Pedrógão Grande e outros incêndios
José Farinha, residente em Alge, a cerca de 25 quilómetros de Figueiró dos Vinhos, teve de fugir de casa para não ser apanhado no meio das chamas, que já mataram mais de 60 pessoas e desalojaram 150 famílias.
"Desde ontem, desde que o fogo deflagrou em Pedrógão Grande, até hoje, não vimos nenhum meio de socorro na nossa zona. Nem bombeiros, nem aviões, nada", começa por dizer à Renascença.
Admite que houve muitas dificuldades em contactar as autoridades. "O fogo estava a aproximar-se perigosamente, tentámos várias vezes contactar bombeiros e só uma das vezes conseguimos. Foi-nos dito para mantermos a calma e molharmos as casas à volta, que iam ver o que podiam fazer. Depois, cerca das 15h00 apareceram umas ambulâncias dos bombeiros a aconselharem-nos a retirarmo-nos do local, porque não garantiam que nos pudéssemos manter ali. Mas meios de combate ao incêndio não chegaram nenhuns."
"Muitas pessoas não quiseram vir, preferiram tentar salvaguardar as casas, uma vez que não havia bombeiros. Eu e a minha esposa aceitámos, abandonámos a casa, e estamos agora em Figueiró dos Vinhos", disse.
Ainda esta tarde António Costa sublinhou a importância de os cidadãos obedecerem rigorosamente às ordens das autoridades para evacuar aldeias, uma vez que o mais importante será sempre salvaguardar a vida humana.
Durante a evacuação até Figueiró dos Vinhos, diz José Farinha, "não vimos um único sítio sem estar ardido".
Agora o casal fica à espera, sem saber se alguma vez voltará a ver a sua casa em Alge. "Se vierem meios e atacarem a frente, pode-se salvar a minha casa. Se não vierem, o fogo vai progredindo por aí acima."
O fogo em Pedrógão Grande, que causou pelo menos 61 mortos, deflagrou ao início da tarde de sábado numa área florestal em Escalos Fundeiros, em Pedrógão (distrito de Leiria), e alastrou-se aos municípios vizinhos de Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, obrigando a evacuar povoações ou deixando-as isoladas.