Tempo
|
A+ / A-

"Ainda existe muito preconceito na sociedade portuguesa em relação aos crentes"

12 jun, 2017 - 10:08 • Filipe d'Avillez

Há anos que a jornalista Ângela Roque conversa com pessoas que se dedicam aos outros e a causas maiores. Agora, juntou-as em "Gente Feliz com Fé", um livro que promete desmentir a ideia de que as pessoas com fé são sisudas.

A+ / A-

O livro chama-se “Gente Feliz com Fé” e junta mais de 30 conversas que a jornalista da Renascença Ângela Roque teve ao longo dos últimos anos com convidados especiais. Desde capelães prisionais, músicos, advogados ou cozinheiros até uma voluntária nonagenária, há um pouco de tudo.

“Estão aqui também muitos missionários, alguns religiosos e outros leigos. É uma coisa pela qual tenho uma grande admiração pessoal, pelas pessoas que dedicam parte da sua vida para ajudar os outros, muitos deles longe daqui. O caso da Joana Gomes, por exemplo, uma jovem que está no Chade desde Janeiro e que vai dedicar ali um ano da sua vida para ajudar num campo de refugiados com 20 mil refugiados do Sudão, ou da irmã Irene Guia, que está no Curdistão iraquiano a trabalhar também com refugiados. Como é que isto acontece? Porque é que as pessoas fazem isto? Isto causa em mim admiração e leva-me a querer falar com estas pessoas e depois transmitir a quem nos ouve, e a quem nos lê, porque é que estas pessoas fazem isto e porque é que são tão felizes com fé.”

O título do livro, explica a jornalista, não é acidental. É condição necessária o entrevistado ser mesmo uma pessoa feliz e com fé. “Gente feliz com fé foi uma expressão que comecei a usar, por inspiração, quando nos programas transmitia muitas das entrevistas que ia fazendo. Das primeiras até foi do 'chef' Kiko Martins e eu anunciava que íamos ouvir um testemunho de gente feliz com Fé. E isso foi-me sempre ficando na cabeça, essa ideia da gente feliz com fé, porque é assim que eu vejo e que gosto de olhar para as pessoas que têm fé”, explica.

"Acho que ainda existe muito preconceito na sociedade portuguesa em relação aos crentes. Tem-se a ideia que às vezes as pessoas crentes são sisudas e são tristes, e não são nada”, acrescenta.

Transmitir essas histórias é, considera Ângela Roque, uma missão. “É a missão que eu tenho agora, transmitir, fazer trabalhos sobre gente feliz com fé e mostrá-lo às outras pessoas.”

O facto de ter passado muitas destas entrevistas ao papel é também uma forma de lidar com uma frustração comum a muitos jornalistas que trabalham na rádio, a falta de espaço. Aqui pode ler muito do que passou em antena na Renascença, em diferentes programas ao longo dos últimos anos, mas também muita coisa que na altura teve de ficar de fora por falta de espaço.

“Eu gosto muito de conversar e isso é fundamental para quem é jornalista. Depois o drama é saber como se reduz isso tudo para poder passar em rádio. Esse é o nosso trabalho quando as conversas são gravadas, mas muitas tive pena de não poder passar na íntegra. Um exemplo é a do Pedro Baptista-Bastos, em que gravei mais de uma hora de conversa e na rádio não chegou a 10 minutos.”

Mas a rádio tem também vantagens. “A imagem tem um efeito nas pessoas diferente da rádio. No estúdio há um ambiente intimista, a pessoa está frente-a-frente e não tem aquela pressão da imagem que às vezes na televisão existe e pode ser negativa.”

“Em muitas das entrevistas é possível fazê-las num registo mais intimista. Não é fácil pôr as pessoas a falar das suas experiências pessoais de fé, mas o livro tem alguns testemunhos pessoais de conversão, de pessoas que se converteram, pessoas que estiveram afastadas da Igreja durante algum tempo e depois voltaram e que fizeram essa confidência na rádio em primeiro lugar”, diz.

O livro “Gente Feliz com Fé” é uma edição das Paulinas, com apoio da Renascença, e será lançado na terça-feira, dia 13, na Feira do Livro de Lisboa. O lançamento está marcado para as 17h00, na Praça Verde.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Francisco José
    13 jun, 2017 Carcavelos 10:16
    É sempre bom alguém escrever a verdade diante de tantas mentiras escritas. Mas felizes e alegres são mesmo quem? Os que não têm esperança além de meras esperanças humanas? Como se pode fazer comparações do que se desconhece, para se poder fazer as comparações. Eu, pessoalmente, posso fazer a comparação entre a minha vida anterior, longe de DEUS, e a actual, na alegria genuína, que é interior. Pelo outro lado, os que fazem barulho e têm acesso aos meios de comunicação não são a sociedade portuguesa, mas alguns poucos, desejando fazer crer ser a sociedade portuguesa. O preconceito ignorante é da minoria barulhenta, que nem consciência tem de que não pode ser feliz nem alegre, só ruidosa.

Destaques V+