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Cinco temas quentes da primeira vez entre Putin e Macron

29 mai, 2017 - 19:24

Armas químicas na Síria, interferência russa nas eleições, a Ucrânia, os direitos da comunidade gay na Chechénia e as relações económicas marcaram a conferência de imprensa dos dois chefes de Estado, que se encontraram pela primeira vez.

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A utilização de armas químicas na Síria e alegada tentativa de influência da Rússia nas eleições francesas foram temas em destaque no primeiro encontro entre o Presidente francês, Emmanuel Macron, e o seu homólogo russo, Vladimir Putin, que teve lugar esta segunda-feira em Paris.

Depois do encontro com Donald Trump na semana passada, que ficou marcado por um vigoroso aperto de mão, o recém-eleito Emmanuel Macron recebeu hoje o líder russo.

"Linha vermelha" na Síria

Numa conferência de imprensa conjunta no Palácio de Versalhes, o Presidente francês deixou claro que o uso de armas químicas na Síria é uma “linha vermelha” para a França e resultaria em “represálias”.

Macron está empenhado em combater os terroristas na Síria, como é o caso do autoproclamado Estado Islâmico, que controla partes do país, e salientou que a Rússia é um parceiro importante nessa guerra.

A Rússia e a França apoiam diferentes facções na Síria. Moscovo está ao lado do regime do Presidente Bashar Al-Assad, enquanto Paris, como parte da coligação ocidental, apoia grupos rebeldes e acusou as forças governamentais de utilizarem armas químicas no passado.

Macron disse aos jornalistas que manteve uma conversa franca e aberta com Putin sobre a Síria, e que os dois falaram sobre os diferentes pontos de vista que têm sobre o conflito.

Macron acusa média russa de tentar influenciar eleições

Ao lado de Vladimir Putin, o Presidente francês, de 39 anos, manteve as acusações de que dois órgãos de comunicação social russos tentaram influenciar as últimas eleições presidenciais, através da divulgação de notícias falsas contra Macron.

Num dos momentos mais tensos da conferência de imprensa, Macron adiantou que já tinha levantado a questão durante uma conversa telefónica com o líder do Kremlin logo após das eleições.

Durante as presidenciais francesas, a agência de notícias Sputnik, financiada pelo Estado russo, e o canal RT TV foram impedidas de aceder à sede da campanha de Macron, por espalharam propaganda e não notícias verdadeiras.

A Sputnik chegou a noticiar que Emmanuel Macron era homossexual e que o seu casamento com Briggitte Marie-Claude, 25 anos mais velha, era de fachada.

Na conferência de imprensa desta segunda-feira, Macron deixou claro que o episódio das notícias falsas foi ultrapassado.

Vladimir Putin garantiu que não há nada para falar sobre as alegações de que a Rússia tentou interferir em eleições de outros países e que Macron não levantou a questão no encontro que mantiveram no Palácio do Eliseu.

A recepção a Marine Le Pen em Moscovo, em Março, não teve como objectivo influenciar o sentido de voto, garantiu Putin.

Ucrânia. Putin e Macron querem conversações de paz

Os presidentes da França e da Rússia estão de acordo que está na altura de realizar novas conversações de paz sobre a Ucrânia, declarou Emmanuel Macron.

As negociações poderão ter lugar no espaço de “dias ou semanas”, afirmou o chefe de Estado francês.

Na semana passada, Macron tinha defendido o regresso das conversações da Normandia, que juntaram à mesa os líderes da Rússia, Ucrânia, Alemanha e França.

Já Vladimir Putin afirmou que as sanções impostas pelos países ocidentais contra Rússia por causa da invasão da Ucrânia e ocupação da Crimeia não ajuda a estabilizar a situação no Leste do país.

Putin confrontado com perseguição à comunidade LGBT da Chechénia

A perseguição contra a comunidade lésbica, gay, bissexual e transgénero (LGBT) na Chechénia foram abordados no encontro de hoje, em Paris.

Macron recebeu a garantia de que Putin mandou investigar os alegados atropelos aos direitos humanos naquela região do Cáucaso e vai envidar esforços para “resolver os problemas mais sensíveis”.

“Ele [Putin] disse que vai manter-se vigilante”, declarou o Presidente francês.

De acordo grupos de direitos humanos, "dezenas de homossexuais foram detidos e mantidos em cativeiro num antigo quartel militar na cidade chechena de Argun, onde são torturados por espancamento e com recurso a choques eléctricos", havendo registo de mortes.

Reforço das telações bilaterais

Neste primeiro encontro com Vladimir Putin, o Presidente francês manifestou, ainda, a vontade de fortalecer as relações com a Rússia.

Macron anunciou mesmo a criação de um “fórum franco-russo” composto por elementos da sociedade civil.

O objectivo é promover o diálogo entre economistas, agentes culturais e jovens dos dois países.

O Presidente russo destacou os esforços de reaproximação entre Moscovo e Paris, em detrimento dos pontos de fricção.

“Tentámos encontrar pontos de reconciliação. Acredito que os interesses da França e da Rússia são mais importantes do que os pontos de fricção. As relações económicas estão a aumentar”, sublinhou Putin.

Comentários
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  • Manuel
    29 mai, 2017 Alentejo 21:40
    A Rússia está interessada numa Europa fraca. A Coreia provoca o mundo. A Alemanha afasta -se dos 2 países que lhe infligiram uma pesada derrota na segunda grande guerra. Os interesses individuais dos países estão a sobrepo-se ao interesse coletivo. O perigo de um novo conflito mundial é evidente.

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