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“Há sempre o lado bom de cada situação”, diz arcebispo de Évora

26 mai, 2017 - 19:09 • Rosário Silva

D. José Alves não está “desejoso” de sair, mas também não quer ser “obstáculo”.

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O arcebispo de Évora considerou esta sexta-feira que “se a comunicação social privilegia as más noticias e os comportamentos a elas associados” então “presta um mau serviço à sociedade porque transmite uma ideia incompleta ou até tendenciosa da realidade".

D. José Alves falava, em Évora, na apresentação do Dia Mundial das Comunicações Sociais, naquele que já é um encontro habitual com os jornalistas.

“Por outro lado”, acrescentou, “se omite os bons modelos comportamentais não contribui para uma correcta aprendizagem dos valores essenciais à convivência pacífica e cooperante entre os indivíduos, os grupos e os pobres".

Para o prelado, “a míngua dos valores é hoje considerada como causa dos problemas existentes na nossa sociedade”, no entanto “tem faltado coragem, competência e sabedoria para inverter esta situação.”

Tendo como base a mensagem do Papa para este dia, que a Igreja assinala a 28 de Maio, D. José recordou que a palavra de Francisco está em consonância com o seu estilo pastoral.

“Ele vai ao encontro dos dramas da humanidade não para os transformar em espectáculo, mas para os envolver no seu amor de Pai misericordioso, os dar a conhecer e atrair sobre eles a atenção dos que tem poder e também obrigação para os resolver e abre caminhos que permitam garantir espaço na comunicação social para a boa noticia”, frisou.

“Há sempre o lado bom de cada situação”, sublinhou o arcebispo considerando como aspectos positivos o “denunciar” e “dar a conhecer a realidade” mas sem espectáculo mediático.

“O que a mensagem do Papa censura é arvorar a realidade em espectáculo quando ela é negativa ou produz sofrimento, quando se exploram os sentimentos das pessoas até à exaustão, quando se quer ver as lágrimas de toda a gente e quando se provocam situações que fazem vir à superfície os sentimentos dos espectadores”, referiu.

O arcebispo de Évora reconhece que as empresas de comunicação social necessitam de apresentar resultados e que os próprios profissionais enfrentam hoje desafios e “poderosos” concorrentes como as redes sociais.

“Elas desenvolvem-se com critério muitas vezes duvidosos e nalguns casos nem sequer há critérios para ajudar as pessoas com menos formação para as utilizarem. Penso que os jornalistas também sentem a influência desta multiplicidade de informação e que a certa altura pode ser uma informação que intoxica a sociedade.”

Para D. José, “o papel do jornalista profissional” torna-se importante porque ajuda a fazer a leitura dos acontecimentos. “Precisamos de pessoas que nos ajudem a interpretar, como diz o Papa, as grelhas interpretativas da realidade ou então caímos no caos”.

“Estou tranquilo, mas não quero ser obstáculo”

D. José Alves continua, por agora, à frente da arquidiocese. Aos jornalistas recordou que “o ano passado quando atingi os 75 anos, fiz o que tinha de fazer e foi-me dito para ficar mais um ano. Não era taxativo e quando se aproximou o ano, disseram-me que esse ano se prolongava".

O prelado diz que está “tranquilo” e acredita que deverá manter-se como pastor da diocese, pelo menos, “até ao fim do ano civil”, embora tenha reforçado que está “disponível para que a qualquer momento, se o Papa o entender, eu deixe [a diocese] tranquilamente.”

À pergunta, se estava “desejoso” de sair, respondeu: “Sinto-me bem, mas pode haver outras pessoas que estejam desejosas e eu não quero ser obstáculo. A minha posição é esta: eu não quero ser obstáculo a que a seguir a mim venha alguém que tenha mais juventude, mais capacidade ou mais conhecimentos para poder orientar a diocese em melhores condições.”

“Não quero ser obstáculo”, reforçou, “mas também não estou desejoso de me ir embora já amanhã. Fico até o Papa assim o entender. Um dia de cada vez.”

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