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Consumo de álcool “problemático” em Portugal. Canábis é a droga ilícita mais consumida

26 mai, 2017 - 13:50

O estudo aplicado em mais de 50 países aponta ainda para um aumento da pureza de algumas substâncias. Drogas mais puras não é sinónimo de segurança.

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O álcool é, “de longe”, a substância mais consumida pelos portugueses que responderam ao maior inquérito "online" sobre consumo de drogas. Os dados da “Global Drug Survey 2017” (GDS), aplicado a quase 120 mil pessoas de 50 países, mostram que em Portugal, mais de 14% dos homens e 9,8% das mulheres apresentam padrões de consumo considerados problemáticos pelos padrões da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Dos 900 respondentes portugueses ao inquérito global, 27% dos participantes assumiram que gostariam de diminuir o consumo de álcool no próximo ano e 8% gostava de obter ajuda para lidar com o problema.

À semelhança do que acontece em todo o mundo, a canábis continua a ser “a substância ilícita mais usada no mundo”, com Portugal a não ser excepção:65% dos portugueses que responderam ao questionário são consumidores dessa droga, com 31% destes a assumirem que consomem todos os dias.

“As mudanças na legislação face a esta substância em algumas partes do mundo têm permitido o desenvolvimento de novas formas mais seguras de consumir canábis, mas há ainda um longo caminho a percorrer”, lê-se no documento de apresentação dos resultados.

A vaporização, considerada uma das formas menos danosas de consumo de canábis, é apenas usada por 5% da amostra total deste inquérito. Em Portugal, a forma mais comum de consumo desta substância é a mistura da droga com tabaco, uma forma de consumo que, no documento da apresentação dos resultados, é identificada como um método que “aumenta os riscos associados ao consumo”.

Helena Valente, investigadora da Faculdade de Psicologia e Ciências de Educação da Universidade do Porto e uma das representantes do estudo em Portugal aponta ainda para “uma forte tendência” em quase todos os países para o aumento dos níveis de pureza de substâncias como a cocaína e o ecstazy (MDMA). Um fenómeno que “tem trazido riscos acrescidos aos consumidores”, uma vez que “nem sempre as drogas mais puras são as mais seguras”.

No relatório divulgado esta sexta-feira defende-se que é fundamental dar às pessoas a possibilidade de acederem a serviços de análise de substâncias (‘drug checking’), “onde possam conhecer o real conteúdo das suas drogas” e receber aconselhamento.

Em Portugal, 22% da amostra já consumiram cocaína e mais de 30% já consumiram ecstasy, 18% no último ano.

No que diz respeito às chamadas novas substâncias psicoactivas, verificou-se uma alteração. Enquanto em anos anteriores os consumidores preferiam substâncias estimulantes, com efeitos parecidos com os do MDMA e da cocaína ou canabinoides sintéticos, este ano deu-se um aumento da procura de produtos com efeitos psicadélicos.

“É igualmente notório um aumento no interesse por psicadélicos mais tradicionais, como o LSD e os cogumelos mágicos”, sublinha-se no documento.

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