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Vídeo-árbitro: “Um penálti pode ser marcado três ou quatro minutos depois de ter acontecido”

26 mai, 2017 - 12:15 • João Carlos Malta

Ex-árbitro Duarte Gomes foi um dos que testou a nova tecnologia e assume que, no início, as paragens para decidir um lance duvidoso podem ser estranhas para o público.

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Um penálti pode ser sancionado apenas três ou quatro minutos depois de ter sido cometido. Com a introdução do vídeo-árbitro, esta será uma situação possível de acontecer quando uma jogada numa das grandes-áreas prossegue sem que o juiz de campo tenha assinalado a infracção e o árbitro que segue o jogo pelas imagens a detecte.

As explicações foram dadas por Duarte Gomes, esta sexta-feira, na Manhã da Renascença. O ex-árbitro é um dos elementos que já experimentou esta nova tecnologia, que terá o primeiro teste na final da Taça de Portugal (Benfica-Vitória de Guimarães), no domingo, no Estádio Nacional, em Oeiras.

Uma das áreas de intervenção do vídeo-árbitro é a do penálti.

“Nas jogadas que prosseguem e em que o vídeo-árbitro percebe que é penálti, para não incomodar o colega que está concentrado na jogada seguinte, tem de uma forma serena arranjar um momento neutro do jogo para lhe comunicar a falta. Por exemplo, quando a bola sair a meio-campo”, descreve Duarte Gomes. “Aí, será assinalado o penálti e vai anular tudo o que se passou nesses dois, três ou quatro minutos."

“Em última instância, podemos até ter um golo anulado porque não se marcou penálti do outro lado”, acrescenta.

Duarte Gomes reconhece que estes casos poderão causar estranheza, “mas a verdade é que [essa decisão] recoloca a verdade porque aquele golo era ilegal.”

Nos casos em que o vídeo-árbitro vislumbre uma falta na área que não foi vista em campo, este tem de o comunicar ao juiz de campo até o jogo ter uma interrupção e antes de a bola ser reposta em jogo.

O ex-árbitro é defensor do vídeo-árbitro, uma tecnologia que há muito tempo “era pedida pelo universo do futebol.”

“Há muito se falava da injustiça de as pessoas em casa terem mais meios de decisão do que o decisor no campo. Não fazia sentido. Há situações de jogo impossíveis de detectar, devido ao aglomerado de jogadores, à visão obstruída e aos focos de desatenção momentânea”, justifica.

No caso do penálti, quando o árbitro marca, e já com o jogo parado, também é possível trocar informações e alterar a decisão caso as imagens mostrem que houve um erro.

"Sensibilidade"

Duarte Gomes avisa que os árbitros não passarão a ser infalíveis. Os adeptos e os clubes ainda não estão preparados, "mas vão estar”, acredita.

O ex-juiz de futebol mostrou também preocupação com as possíveis interrupções prolongadas, que podem quebrar o ritmo do jogo, mas garante que isso será minorado com a prática e o número de jogos acumulados. Duarte Gomes chama a atenção de que há muitos factores que podem levar ao prolongar da decisão.

“O técnico que está com o vídeo-árbitro tem de ter sensibilidade para o jogo e saber escolher a melhor câmara para ver a jogada”, explica Duarte Gomes.

Os golos, a troca de identidade de jogadores e a admoestação com vermelho directo são as restantes três áreas de decisão que o vídeo-árbitro vai interferir.

Comentários
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  • Costa Ferreira
    14 jun, 2017 Vale de Cambra 11:53
    O ex-árbitro Duarte Gomes está a atirar "poeira" para os olhos, como que a insinuar que o "video-árbitro" não deveria existir, protegendo-se assim o sistema atual de o "homem" ser mais benéfico para o espetáculo que a "máquina". Durante muitos anos apreciei os fogos de futebol (não confundir com o "soccer") americano, onde a dita máquina ("video-árbitro") é requisitada imediatamente quando uma falta passou despercebida aos vários "umpires" (árbitros) mas é-lhes chamada a atenção pelo capitão (normalmente o "quarterback") depois de ele receber instruções por parte de quem segue atentamente o jogo pela TV oficial, instalada propositadamente no estádio para o efeito, através dos seus "headphones" para analisar a jogada através do vídeo, para que toda a gente possa ver a razão da reclamação e decidirem se houve ou não erro na decisão do árbitro principal. Tal como acontece nos jogos da ATP (ténis profissional), há um número limitado de vezes, em cada jogo, em que há o direito de utilizar o vídeo para análise das jogadas duvidosas. Demore o tempo que for preciso, a verdade do jogo deve existir, para bem dos chamados clubes grandes ou pequenos, como lhes costumam chamar, embora todos eles tenham os mesmos 11 jogadores em campo, enquanto, por falta da dita máquina, uns acabam os jogos com todos e outros com menos...
  • José Manuel Campos
    29 mai, 2017 Famalicão 15:42
    Mas nunca marcar contra o Benfica.
  • Manuel
    28 mai, 2017 Moura 11:40
    Este benfiquista assumido que fazia parte do sistema vem agora dar lições de arbitragem .
  • Mike
    27 mai, 2017 USa 02:31
    Talvez assim jogadores aprendam a bater uma falta mais rápido marcar um canto mais rápido deixar de cavar faltas enfim corruptos estão preocupados que vídeo confirme aquilo que já sabemos. Fora com os corruptos....
  • isidoro foito
    26 mai, 2017 elvas 19:55
    mas afinal o rui vitoria já está com medo logo no primeiro jogo? tem medo que se lhe acabe o taxo, infelizmente se não colocarem um delegado de cada equipe em campo a assistir junto do vídeo arbitro vai continuar tudo na mesma porque as combinações fazem-se cá fora antes dos jogos começarem , ai começa a corrupçao
  • Eborense
    26 mai, 2017 Évora 17:38
    Há quinta jornada já a lagartada e os andrades se estão a insurgir contra o vídeo árbitro. Só resolvem a polémica da arbitragem quando o badocha apitar os jogos dos lagartos e o feioso da comunicação do Porto apitar os jogos dos andrades.
  • Francisco Ferreira
    26 mai, 2017 Lisboa 15:50
    Ou é o Duarte Gomes que é parvo ou é a FIFA que é parva. Como bem diz o Duarte se existiu um penalti qualquer jogada posterior é ilegal, pelo que não faz qualquer sentido esperar que a bola saia para o VA o comunicar ao árbitro. O jogo é interrompido (como já acontece em muitas situações), o árbitro ou confia no VA ou vai ver o lance e depois decide: se entender que foi penalti, marca-se, se entender que não, bola ao ar. Qual é a dúvida disto?
  • Carlos Manuel
    26 mai, 2017 Porto 15:39
    A arte de manobrar as massas e as preparar para tudo o que vem aí. Razão tinham os cartilhados ao dizer que o clube do regime está 10 anos á frente dos outros. O VAR apenas foi decidido implantar, para que tentassem acabar com o ruído sobre as vergonhosas arbitragens desta época. Mas como sabem que vai ser mais do mesmo, já andam arranjar desculpas para poderem dar a volta, do género, eu bem disse que era assim. Não é tecnologia q
  • GURU
    26 mai, 2017 Rio de Mouro 15:27
    JJ a aprender francês...Professor: Quatre vingt JJ: o quê? 4 garrafas de vinho?
  • Luis Santos
    26 mai, 2017 Lisboa 15:22
    São loucos! Se a equipa adversária marca um golo...este é anulado? E se a equipa estiver nos balneários? Voltam a sair? Parvoíce! Tem que ser decidido logo e não depois! Sem sentido...e depois vamos a ver a UEFA a reagir a toda esta palhaçada!

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