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Portugueses vão controlar qualidade da mais alta barragem do mundo em terra batida

26 mai, 2017 - 10:15 • Liliana Carona

Com 150 metros de altura, a barragem irá produzir 12% da energia eléctrica da Albânia. “O português vai ver se os outros estão a trabalhar bem”.

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Na Covilhã, num laboratório do Parque de Ciência e Tecnologia (Parkurbis), preparam-se os últimos ensaios até à partida para Albânia, onde a portuguesa InfraLab vai controlar a qualidade dos materiais utilizados na construção da mais alta barragem do mundo em terra batida.

“É uma barragem muito grande, cheia de água, não pode haver erros. Se houver, pode ser muito grave”, afirma à Renascença o proprietário da Infralab.

Mas o que vai lá fazer o português? “Vai ver se os outros estão a trabalhar bem”, graceja Sérgio Patrício, apressando-se a explicar que, “mais precisamente, vai ver se todos os que trabalham para a empresa suíça na produção de materiais estão a cumprir o que diz o contrato”.

“Fazemos um controlo visual e depois tiramos amostras de cada componente das misturas betuminosas e são analisadas em laboratório”, adianta, explicando que a barragem em causa poderia entrar para o Livro dos Recordes: “É a barragem de aterro com núcleo asfáltico mais alta do mundo. O núcleo terá 150 metros de altura”.

Desde 2016 a viajar pelo mundo

A InfraLab está no Parkurbis desde 2010 e iniciou a internacionalização em Maio de 2016. É um laboratório de materiais, que presta diversos serviços em consultadoria ao nível dos materiais e sua aplicação, assim como trabalhos de controlo de qualidade e fiscalização em obra.

Hoje, presta serviços em diversos países, como a Suíça, onde a empresa Walo Internacional AG tem sede.

Foi aliás, através da Walo que surgiu a oportunidade de ir até à Albânia. “Este projecto surgiu através dessa empresa suíça para quem trabalhei durante 12 anos e, como sabiam que tinha aberto o laboratório em Portugal, perguntaram-me se tinha interesse em trabalhar com eles, prestando-lhes o controlo de qualidade”, explica Sérgio Patrício.

Em 2016, a Infralab esteve com a Walo em Skjerka Åseral na Noruega, para a construção de duas barragens: a Heddersvika (volume de 500 000 m³, altura de 30 metros, comprimento de 600 metros e espessura do núcleo de 40 centímetros) e a barragem de Skjerkevaten (volume de 700 000 m³, altura de 50 metros, comprimento de 450 metros e espessura do núcleo de 40 cm).

O valor do projecto foi de 600 milhões de coroas norueguesas.

A barragem de Moglice, na Albânia, está localizada no rio Devoll e vai ter 150m de altura. O seu núcleo de asfalto central (um paredão com a mesma altura), pilar de todo o projecto, terá a especializada empresa portuguesa como avaliadora do controlo de qualidade e certificadora dos materiais a utilizar.

Esta barragem irá produzir 12% da energia eléctrica da Albânia e a obra será efectuada pela empresa pública norueguesa Statkraft, num investimento estimado de 150 milhões de dólares.

Sérgio Patrício tem 41 anos e licenciou-se em Engenheiro Civil na Universidade da Beira Interior (UBI). Em 2010, fundou a InfraLab, Laboratório de Materiais de Construção Civil e Obras Públicas.

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  • Nuno
    26 mai, 2017 V.N.Gaia 12:50
    Porque estas barragens não foram feitas em Portugal. pelos visto sempre são muitíssimo mais baratas.e serviam melhor o ambiente.

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