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​Pedro Caldeira Cabral e Gonçalo Ribeiro Telles condecorados por Marcelo

25 mai, 2017 - 19:42

Músico e arquitecto vão ser agraciados com a Ordem do Infante D. Henrique.

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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vai condecorar o músico Pedro Caldeira Cabral, que está a celebrar 50 anos de carreira, e o arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles, que completa esta quinta-feira 95 anos.

Pedro Caldeira Cabral será condecorado com o grau de grande oficial da Ordem do Infante D. Henrique. Já Gonçalo Ribeiro Telles receberá a grã-cruz da Ordem do Infante D. Henrique.

"Como forma de gratidão de uma comunidade, decidi agraciar com o grau de grande oficial da Ordem do Infante a um dos grandes melómanos portugueses, Pedro Caldeira Cabral", anunciou o chefe de Estado numa nota divulgada na página da Presidência da República na internet.

Em entrevista à Renascença, esta quinta-feira, contou que a entrada na música foi um "acto de rebeldia" e afirmou-se crítico do fado como atracção turística. Disse acreditar que a classificação do fado como Património Cultural e Imaterial da Humanidade, pela UNESCO, "banalizou e desqualificou" o género.

Pedro Caldeira Cabral. A guitarra é uma rebeldia
Pedro Caldeira Cabral. A guitarra é uma rebeldia

Segundo Marcelo, identificar Caldeira Cabral como músico "é ao mesmo tempo evidente e insuficiente", porque "não se trata apenas de um compositor ou de um instrumentista", mas também de "um investigador" ou mesmo "um militante musical, sobretudo nos campos da música antiga e da guitarra portuguesa".

"O seu primeiro contacto com a guitarra aconteceu muito cedo, aos oito anos. E nunca mais perdeu o interesse e a paixão por este instrumento, pelas suas inumeráveis variações, incluindo a célebre guitarra portuguesa, mas também o alaúde ou a viola da gamba, entre outros", refere.

O Presidente considera que, "de certo modo, Pedro Caldeira Cabral é um tradicionalista", que "estudou a história dos instrumentos, a sua morfologia, o seu repertório", acompanhou fadistas como Vicente da Câmara e Maria Teresa de Noronha e "tocou com instrumentos de época".

"Mas um tradicionalista, neste caso, é alguém que vivifica o seu objecto de estudo e de trabalho. Estudar a guitarra, trabalhar como compositor e executante e colaborar com músicos de diversas áreas (de Fernando Alvim a Vitorino e a Carlos Bica) são outras tantas maneiras de compreender e reavivar a continuidade histórica, uma vez que a música nova é muitas vezes uma reconfiguração nova de formas musicais antigas", acrescenta.

Esta quinta-feira, Pedro Caldeira Cabral apresenta no Teatro S. Luiz, em Lisboa, o concerto "A Cítara Portuguesa: Ontem e Hoje", partilhando o palco com Ricardo Rocha e Luís Marques, como convidados especiais. Este recital e uma “masterclass” na sexta-feira, no Jardim de Inverno deste teatro, são parte da programação que celebra os 50 anos de carreira de Pedro Caldeira Cabral.

Ribeiro Telles é “visionário”

Gonçalo Ribeiro Telles será agraciado “em homenagem aos relevantes serviços”. "Portugal tem uma dívida de gratidão" para com este arquitecto paisagista de "espírito visionário".

"Pela verticalidade ímpar do seu carácter, pela integridade absoluta da sua independência, pelo seu pioneirismo e espírito visionário na defesa do ambiente e da qualidade de vida, o arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles conquistou o apreço de todos os portugueses e tornou-se uma figura de referência nacional", escreve o chefe de Estado.

Marcelo Rebelo de Sousa descreve-o como "cidadão corajoso e empenhado, homem de profundas convicções" que se bateu "pela democracia e pela liberdade antes e depois do 25 de Abril de 1974".

"Mais tarde, ocupou cargos públicos do maior relevo, destacando-se quer pelos alertas que fez, ao longo de décadas, para diversas ameaças ao ambiente e à qualidade de vida dos Portugueses, quer por uma intervenção cívica permanente em prol de um adequado ordenamento do território, da protecção da floresta e dos diversos ecossistemas naturais e da promoção de um desenvolvimento harmonioso e equilibrado", acrescenta.

A Ordem do Infante D. Henrique destina-se a distinguir "quem houver prestado serviços relevantes a Portugal, no país e no estrangeiro, assim como serviços na expansão da cultura portuguesa ou para conhecimento de Portugal, da sua história e dos seus valores".

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  • jose gloria
    27 mai, 2017 lisboa 14:00
    È mais que justo, mas o Presidente não pode "banalizar" as condecorações e apertar mais o seu critério ...

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