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PJ identifica suspeitos de vandalismo de gravura do Côa

24 mai, 2017 - 14:54

Os suspeitos, com 25 e 30 anos, confessaram a autoria do vandalismo em património mundial.

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A Polícia Judiciária (PJ) anunciou, esta quarta-feira, que identificou dois homens que são considerados os autores do acto de vandalismo de que foi alvo uma gravura do Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC).

Segundo uma nota do Departamento de Investigação Criminal da Guarda da PJ, os suspeitos "são responsáveis pela produção de dois desenhos e uma inscrição legendária sobre o Painel Central de Arte Rupestre da Ribeira de Piscos, pertencente ao Parque Arqueológico do Vale do Côa, vulgarmente conhecido pela representação do ‘Homem de Piscos', o qual está classificado como monumento nacional e como património mundial pela UNESCO".

Os factos ocorreram no dia 25 de Abril e foram denunciados no dia 28 pela Fundação Côa Parque, que gere o PAVC e o Museu do Côa, em Vila Nova de Foz Côa, distrito da Guarda.

"Fomos surpreendidos com a descoberta de novíssimas gravações de uma bicicleta, um humano esquemático e a palavra ‘BIK' diretamente sobre o conhecidíssimo conjunto de sobreposições incisas do setor esquerdo daquele painel, onde, como é universalmente sabido, está o famoso ‘Homem de Piscos', a mais notável das representações antropomórficas paleolíticas identificadas no Vale do Côa", disse na altura o director do PAVC, António Baptista.

Em comunicado, a PJ da Guarda esclarece que "tais desenhos e inscrição foram produzidos durante um passeio local de vários ciclistas, com recurso a uma pequena pedra de xisto, que funcionou como instrumento de incisão sobre o bloco rochoso que acolhe várias gravuras do período Paleolítico Superior, entre as quais, a única figuração antropomórfica paleolítica até hoje claramente identificada em Portugal."

Os dois suspeitos, com 25 e 30 anos, foram constituídos arguidos e interrogados nessa qualidade, tendo confessado "a autoria dos referidos desenhos e inscrição legendária, os quais, segundo parecer técnico especializado, terão danificado, de forma irremediável, aquele mencionado património mundial de arte rupestre localizado em Portugal", indica a nota.

Fonte da PJ adiantou à Lusa que os homens, residentes em Torre de Moncorvo, no distrito de Bragança, são suspeitos da prática de um crime de dano qualificado, que pode ser punível com uma pena de prisão até oito anos.

Sobre este assunto vai ser ouvido o ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, durante a próxima audição regimental na comissão de Cultura, em Junho.

O requerimento para a audição de Luís Filipe Castro Mendes foi aprovado a 9 de Maio pela comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto.

Além do ministro da Cultura, deverão ser também ouvidos no parlamento, sobre a situação do Vale do Côa, a Comissão Nacional Portuguesa do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS), o Conselho Internacional de Museus (ICOM), a Comissão de Trabalhadores da Fundação Côa Parque e a Associação dos Arqueólogos Portugueses.

Comentários
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  • Carlos Piteira
    25 mai, 2017 Carnaxide 14:16
    Lamentável a falta de civismo de muitas pessoas. Infelizmente, para além de futebol e novelas, uma grande maioria de portugueses não têm qualquer conhecimento de cultura. Para além da pena prisional, devem indeminizar o monetariamente o estado. Devem também enquanto na prisão de tirar aulas de cidadania e cultura.
  • ao filipe
    24 mai, 2017 lx 18:08
    Afinal também há "artistas" alentejanos que desvirtuam os verdadeiros artistas conterraneos! Você é uma "sumidade" em arqueologia conspirativa! Dedique-se à caça dos gambosinos!
  • Ricky
    24 mai, 2017 Lisboa 17:34
    Danos irreparáveis merecem castigo de igual monta! Não são nenhuns miudos, provavelmente estariam ate debaixo de efeitos de alguma substância proibida quando do acto, tal foi a imbecilidade! Castigo exemplar, multa exemplar e obrigação de trabalho civico (efectivo e fiscalizado) para o resto da vida.
  • Alexandra A.
    24 mai, 2017 Setúbal 17:08
    Merecem castigo exemplar para reflectirem sobre as suas atitudes, uma vez que não o fizeram quando deviam, e porque são dois adultos com idade suficiente para ter juízo e perceber que estavam a praticar um crime grave contra Património Histórico. Ficam para a história pelos piores motivos... Ou então são dois homens das cavernas perdidos no tempo...
  • António Azevedo
    24 mai, 2017 Porto 17:04
    Caro Sr. Filipe, o senhor já visitou as gravuras aqui noticiadas? O senhor é arqueólogo? Não? Então não venha para a comunicação social dizer disparates. Mas se tem dúvidas, desafio-o a fazer gravuras sobre uma rocha de xisto usando os seus próprios métodos e não os que os nossos antepassados usavam há 20 mil anos. Mas por favor, não o faça em cima de gravuras pré-históricas. O resultado irá surpreendê-lo. Mas tem um belo exemplo como ficaria! Basta verificar a imagem deste artigo.
  • toitoi
    24 mai, 2017 setúbal 16:39
    O "artista" Filipe deve estar atentar prestar homenagem ao falecido 007....deve ter visto muitos filmes!
  • Filipe
    24 mai, 2017 évora 16:19
    Resta é saber se as referidas gravuras nesta barragem e que apareceram misteriosamente igualmente antes de fazerem a barragem do Alqueva , depois de tantos pastores , pescadores , caçadores ... e outros lá passarem e nunca vislumbraram sequer um risco nas pedras , não foram feitas a propósito com algum interesse para não fazerem as barragens ou para daí obterem fundos por baixo da mesa da UE . Quem certifica que são reais quando hoje se falsificam notas com elevada perfeição e quadros pintados a óleo por autores conhecidos . Fazerem uns riscos ... qualquer artista do desenho numa noite faz aparecer arte rupestre!!
  • Zé Troikas
    24 mai, 2017 Quinta da Marinha 16:11
    25 e 30 anos de idade física, mas com um 1 ano de idade mental.... Esperemos que a competência da PJ seja acompanhada de mão pesada da justiça. Por outro lado, as figuras impediram uma barragem e motivaram uma aposta do Estado no património, mas esse mesmo Estado nem dinheiro tem para assegurar a vigilância do espaço...
  • tugatento
    24 mai, 2017 Amarante 16:06
    Cadeia com esses selvagens, autenticos vândalos. Facam-nos pagar com língua de palmo.
  • Luis
    24 mai, 2017 Carcavelos 16:04
    Não têm vigilância?!? Acho que já arranjaram dois vigilantes.. deviam prestar serviço público vigiando o que estragaram... Não irá servir de nada , dar uma pena suspensa (o mais provável) . O serviço público devia ser obrigatório a todos que têm penas, suspensas ou em vigência..

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