24 mai, 2017 - 09:47 • Olímpia Mairos
Artur Aragão é um olivicultor de Alfândega da Fé. E também um sonhador. Gosta de inovar e criar produtos de qualidade capazes de atrair novos públicos.
É nesta linha que está a produzir azeite extra virgem em pó, destinado à cozinha ‘gourmet’. O azeite em pó é produzido a partir de azeitonas de qualidade oriundas do vale e encostas do rio Sabor, vale da Vilariça e Terra Quente transmontana.
“Trata-se de um produto da gastronomia molecular, aquela que os chefes de cozinha fazem em pequenas quantidades para finalizar os seus requintados pratos”, explica o produtor.
Artur Aragão sonhou e com os conhecimentos adquiridos num curso que fez em São Paulo, Brasil, começou a produzir e já tem o produto no mercado.
A fórmula para obter o azeite em pó “é simples”, diz Artur Aragão: “O azeite é desidratado, passando por um processo químico denominado ‘maltodextrina’, que se trata da hidrólise do amido ou da fécula”.
Este processo desenvolve-se numa espécie de “robô de cozinha, só que em tamanho industrial, e vai misturar essa maltodextrina com o azeite e ele vai ficar em pó”.
“Após esta mistura de ingredientes, são adicionadas plantas aromáticas que crescem no nosso território, tais como a erva peixeira, alecrim, orégãos ou rosmaninho”, acrescenta o empresário agrícola.
O que começou por ser uma experiência da “gastronomia molecular” tornou-se, agora, num produto “único” capaz de satisfazer o palato dos mais exigentes apreciadores de azeite e seus derivados.
Para já, foram produzidas cerca de 400 embalagens com diversos sabores e aromas que estão destinados a uma apresentação durante a Feira Nacional de Agricultura, que decorre em Santarém entre os dias 10 a 18 de Junho.
Sonhador e arrojado
O olivicultor foi arrojado e, aproveitando a peregrinação do Papa Francisco a Fátima, fez-lhe chegar um conjunto de quatro embalagens de vários sabores, destinado ao séquito papal.
Também o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, foi contemplado com a mesma unidade de azeite em pó da Casa Aragão.
“O mais importante neste produto é chamar a atenção do consumidor para as vantagens do azeite extra virgem e virgem, que se fale deste produto agrícola de grande potencial ou seja, criar um valor agregado ao azeite”, realça Artur Aragão.
O produtor lembra que “Trás-os-Montes é hoje a região com mais prémios de azeite”, e ao inovar e criar produtos novos, tendo por base o azeite, só quer “divulgar o nome da região e o azeite transmontano”.
“Costumo chamar a estes produtos “produtos ‘toc toc’” porque batem à porta e a porta abre-se e, com ele, vendemos outros produtos”, graceja.
Segundo o promotor do azeite em pó, este produto é ideal para finalizar partos de carne, peixe, massas e saladas.
Casa Aragão, uma Casa inovadora
Fundada em 1764, a Casa Aragão viu, desde sempre, o seu nome associado à produção e comercialização de azeite e nas últimas décadas à internacionalização.
No último ano produziu três milhões trezentos e oitenta e nove quilos de azeitona, que significaram mais de setecentos mil litros de azeite exta virgem.
Já colocou no mercado azeite com ouro comestível, o primeiro azeite biológico para crianças e outros produtos com o rótulo em Braile que se tornaram “inovadores”.
Os próximos produtos a sair para o mercado podem bem ser um caviar de azeite ou um chocolate de azeite. Produtos que, de resto, já estão em fase de experimentação.