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Bragança. Filhos tentam anular casamento de pai de 101 anos com empregada de 52

23 mai, 2017 - 18:17

Francisco Marcolino tem uma fortuna avaliada em cerca de dois milhões de euros. Os quatro filhos alegam a incapacidade do pai perante a determinação da actual esposa, que trabalhou 30 anos como empregada doméstica em casa dos pais.

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O casamento de um homem de 101 anos com uma mulher com metade da idade, em Bragança, está a ser contestado judicialmente pelos filhos do idoso, que acusam aquela que era empregada da família de querer ser herdeira.

Francisco Marcolino tem uma fortuna avaliada judicialmente em "cerca de dois milhões de euros" e os filhos alegam que se o pai quisesse casar com a mulher que foi contratada pela família há mais de 30 anos, "tê-lo-ia feito enquanto estava capaz e não agora que se encontra totalmente dependente".

O casamento foi celebrado a 4 de Maio no Registo Civil de Ribeira de Pena, a mais de 150 quilómetros de Bragança, depois de uma alegada primeira tentativa recusada no Registo Civil de Mogadouro, a 80 quilómetros de onde residem, segundo contou à Lusa o filho, Manuel Marcolino Jesus.

O centenário tem quatro filhos, todos do primeiro casamento. A esposa, que morreu há 28 anos, terá sido quem contratou a empregada, que se manteve ao serviço na casa da família e que tem agora 52 anos, segundo relatam os contestatários.

Dois processos-crime por abuso de confiança

Manuel Marcolino Jesus fala em nome de três filhos do anterior casamento e contou que o pai foi independente até há cinco anos. Desde aí, diz que começou a "ficar incapaz, com um agravamento do estado de saúde, sobretudo nos últimos dois anos", e com vários episódios de urgência no Hospital de Bragança, em que nos históricos são referidos "síndrome demencial", "totalmente dependente" e que é acompanhado "por uma empregada que fornece a história" do doente.

"Vivem em casa dela, desde que ficou incapaz há cinco anos, e é a partir daí que ela se começa a apoderar de tudo", afirmou o filho, concretizando que "desde essa altura faltam, só numa conta (bancária) mais de 319 mil euros e mais de 200 mil, noutra".

Os três filhos desencadearam dois processos-crime por abuso de confiança contra a empregada e suscitaram o arrolamento dos bens, em Dezembro de 2016, que contabilizou uma fortuna de "cerca de dois milhões de euros em dinheiro e propriedades".

Deram também entrada a um processo de interdição do idoso, que ainda decorre, em que a filha foi nomeada curadora e no qual aguardam pelo exame psiquiátrico que irá dizer ao tribunal qual a condição do pai.

No início de Maio, dizem ter tomado conhecimento do casamento e acusam a empregada de ter levado o pai até Ribeira de Pena onde foi oficializado o matrimónio perante duas testemunhas e com dois atestados médicos.

Manuel questiona-se "como é que a funcionária do registo fez este casamento, perante um homem em cadeira de rodas, e no estado em que estava" o pai, apesar das testemunhas e dos atestados médicos.

Os três filhos apresentaram queixas-crimes contra os dois profissionais que passaram os atestados e participaram às respectivas ordens profissionais. Indicaram ainda à Lusa que vão avançar com uma acção de anulação do casamento.

A Lusa falou com a mulher visada, que remeteu para a advogada. Depois de três contactos telefónicos, a advogada disse que não tem "nenhuma pergunta a responder".

O quarto filho não quis falar sobre o assunto.

Comentários
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  • mendes
    24 mai, 2017 braga 12:38
    a verdade e que hoje muitos filhos se esquecem do sacrificio dos pais para os criarem -e velho coloca se num lar -tem bens e dinheiro vamos la fazer partilhas antes que ele o gaste no lar -nao sei quem tem razao porque so esta aqui o comentario de uma das partes -mas se e ela que cuida do velho a 30 anos deve ser recompenssada por isso -porem esses casos iram acabar porque vem ai a eutanasia -
  • Adv.
    24 mai, 2017 Coimbra 00:47
    Mas agora os casamentos não são todos em separação de bens? Ppde ser que o jovem tenha uma boa reforma e lhe queira deixar alguma coisa dela, que mesmo sem se casarem, deveria, ou deve ter direito a tal, dado que viveu com ele pelo menos 30 anos, porque marido e mulher não é só com casamento, não devia de ser.
  • Ricardo
    24 mai, 2017 Osório 00:09
    A lei impõe o regime imperativo da separação de bens quando o casamento tenha sido celebrado sem organização do processo preliminar de casamento ou quando um, ou ambos os nubentes, já tenha completado 60 anos de idade. (isto é o que diz a lei)
  • Bela
    23 mai, 2017 Coimbra 23:19
    Se a senhora foi contratada pela família há mais de 30 anos e o senhor vive em casa dela, ou seja sempre cuidou dele. Porque os filhos dele, só agora é que se preocupam? . Se não queriam a 'fortuna' do pai dilapidada que tivessem cuidado dele. De qualquer modo, não se preocupem, por ele ter mais de 100 o casamento teve de ser efectuado com separação de bens, alguma coisa há-de sobrar.
  • mara
    23 mai, 2017 Portugal 22:12
    Amo-te, adoro-te, exploro-te, dá-me dinheiro para tabaco, de graça ninguém vai à caça... Se fosse um desgraçado dum sem abrigo com 101 será que uma mulher de 52 anos casaria com ele? Enfim é o amor ao deus dinheiro que leva a tomar as atitudes mais estranhas e a amar um homem mais velho quarenta e nove anos, viva o Amor!
  • Paulo Sergio
    23 mai, 2017 Porto 20:38
    Só falta saber quem tem razão, os filhos ou a empregada? Os filhos que ao verem delapidados meio-milhão de euros da fortuna do pai ou mais, pq se o casamento for considerado legal ela vai ter direito a mais de metade da fortuna, ou, por outro lado, a empregada que se acha no direito ao fim de 30 anos de trabalho...
  • VIAGRA COM FARTURA
    23 mai, 2017 Lx 18:43
    É velho mas não é parvo o centenário...Deixá-lo gozar a vida até ao fim da vida...A empregada não é parva...mesmo nada...

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